O Alegre Canto da Perdiz Quotes
O Alegre Canto da Perdiz
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Paulina Chiziane555 ratings, 4.12 average rating, 87 reviews
O Alegre Canto da Perdiz Quotes
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“As mães gostam de dar aos filhos nomes de fantasia. Nomes de passageiros, de vagabundos. Tudo começou no princípio. Vieram os árabes. Os negros converteram-se. E começaram a chamar-se Sofia, Zainabo, Zulfa, Amade, Mussá. E tornaram-se escravos. Vieram os marinheiros da cruz e da espada. Outros negros converteram-se. Começaram a chamar-se José, Francisco, António, Moisés. Todas as mulheres se chamaram Marias. E continuaram escravos. Os negros que foram vendidos ficaram a chamar-se Charles, Mary, Georges, Christian, Joseph, Charlotte, Johnson. Batizaram-se. E continuaram escravos. Um dia virão outros profetas com as bandeiras vermelhas e doutrinas messiânicas. Deificarão o comunismo, Marx, marxismo, Lénine, leninismo. Diabolizarão o capitalismo e o Ocidente. Os negros começarão a chamar-se Iva, Ivanova, Ivanda, Tania, Kasparov, Tereskova, Nadia, Nadioska. E continuarão escravos.”
― O alegre canto da perdiz
― O alegre canto da perdiz
“As mulheres querem provar que elas existem e a sua presença é mais importante que todas as crenças e juramentos deste mundo.”
― O alegre canto da perdiz
― O alegre canto da perdiz
“povo busca explicações e tece fantasias sobre mordeduras de coelhos, causadoras de impotência sexual, condenando homens e mulheres a noites de eterna infância.”
― O alegre canto da perdiz
― O alegre canto da perdiz
“Os seus olhos parecem lua, que se mostra, que se esconde, que vai e volta. Ela sofre da doença da lua. A lua esta dentro dela. A lua é mesmo ela.”
― O Alegre Canto da Perdiz
― O Alegre Canto da Perdiz
“Nas cidades humanas a liberdade é proibida. O ser humano tem que andar sempre vestido, documentado, calçado. Por andar sem rumo, a polícia prende por vadiagem, como se alguém conhecesse de facto o rumo de cada passo. Por que é que tem de se andar num rumo exato se todos os lugares são lugares para andar? Por que é que tenho que caminhar a horas certas se todas as horas são horas para caminhar?”
― O Alegre Canto da Perdiz
― O Alegre Canto da Perdiz
“A culpa foi minha. Por ter desejado ser o que jamais poderia ser. A culpa é do mundo, que me ensinou a odiar.”
― O alegre canto da perdiz
― O alegre canto da perdiz
“O pai d Delfina disse não à assimilação, sem saber que a libertação da pátria seria na língua dos brancos e sem imaginar ainda que os filhos dos assimilados iriam assumir o protagonismo da História.”
― O Alegre Canto da Perdiz
― O Alegre Canto da Perdiz
“Sonha.
Em construir uma casinha no alto do monte e casar-se com uma dama cozinheira de bons petiscos, temperados com coco, cravo e canela. Com pimenta e piripiri trazidos pelos marinheiros. uma dama recheada de corpo, a quem irá colocar missangas coloridas, na cintura e nos tornozelos. Que tome banho no rio e tenha sabor a algas e a flora dos rios. Imagina-se no umbral da porta, a ver a lua a chegar, romântica, redonda. Acender-se uma fogueira e iluminar a casa. Jantar com afrodisíaco. Preparar-se para o amor. Vé-la deitar-se nua, na esteira de juncos, bem pertinho da fogueira branda, e iniciar a dança da serpente, com requinte ensaidao na escola de sexo. Depois deitar-se ao lado dela, penetrar devagar na casa de todos os mistéios, apagar a fogueira do desejo com a chuva da sua carne, E semear-se. Sonha em ter um filho mulher. Porque as mulheres nascem com uma mina de ouro dentro delas e caçam o sustento no suor dos homens. Não deseja um filho homem, que nasce escravo. que é deportado, que caça o sustento nos perigos das matas, se torna ladrão e engrossa a população nas prisōes.”
― O Alegre Canto da Perdiz
Em construir uma casinha no alto do monte e casar-se com uma dama cozinheira de bons petiscos, temperados com coco, cravo e canela. Com pimenta e piripiri trazidos pelos marinheiros. uma dama recheada de corpo, a quem irá colocar missangas coloridas, na cintura e nos tornozelos. Que tome banho no rio e tenha sabor a algas e a flora dos rios. Imagina-se no umbral da porta, a ver a lua a chegar, romântica, redonda. Acender-se uma fogueira e iluminar a casa. Jantar com afrodisíaco. Preparar-se para o amor. Vé-la deitar-se nua, na esteira de juncos, bem pertinho da fogueira branda, e iniciar a dança da serpente, com requinte ensaidao na escola de sexo. Depois deitar-se ao lado dela, penetrar devagar na casa de todos os mistéios, apagar a fogueira do desejo com a chuva da sua carne, E semear-se. Sonha em ter um filho mulher. Porque as mulheres nascem com uma mina de ouro dentro delas e caçam o sustento no suor dos homens. Não deseja um filho homem, que nasce escravo. que é deportado, que caça o sustento nos perigos das matas, se torna ladrão e engrossa a população nas prisōes.”
― O Alegre Canto da Perdiz
“A mulher do régulo da razão a Maria. Na Zambézia ainda há gente que não conhece algodão nem seda. Nem artifícios. Adultos de tangas e crianças de traseiro ao vento. A mulher do régulo lembra-se das roupas das esposas dos antigos feitores. Saias longas de mil folhos, no intenso calor dos trópicos. E achavam imoralidade a nudez e a liberdade das pessoas da terra. Os tempos mudaram muito. Até os padres aprenderam dos negros a dar um mergulho nu à beira do mar. As mulheres brancas aprenderam das negras a andarem de tangas, a que agora chamam mini-saias, colantes. Agora são esses europeus que gostam de andar por aí de tangas enquanto o povo veste, com rigor, as roupas antigas.
(...)
A nudez de Maria era o regresso ao estado da pureza. Da transparência. As mulheres ficam escandalizadas, porque o nu de uma se reflecte no corpo da outra.”
― O Alegre Canto da Perdiz
(...)
A nudez de Maria era o regresso ao estado da pureza. Da transparência. As mulheres ficam escandalizadas, porque o nu de uma se reflecte no corpo da outra.”
― O Alegre Canto da Perdiz
“A mulher do regulo da razão a Maria. Na Zambézia ainda ha gente que não conhece algodão nem seda. Nem artifícios. Adultos de tangas e crianças de traseiro ao vento. A mulher do regulo lembra-se das roupas das esposas dos antigos feitores. Saias longas de mil folhos, no intenso calor dos trópicos. E achavam imoralidade a nudez e a liberdade das pessoas da terra. os tempos mudaram muito. Até os padres aprenderam dos negros a dar mergulho nu à beira do mar. As mulheres brancas aprenderam das negras a andarem de tangas, a que agora chamam mini-saias, colantes. Agora são esses europeus que gostam de andar por aí de tangas enquanto o povo veste, com rigor, as roupas antigas.
(...)
A nudez de Maria era o regresso ao estado da pureza. Da transparência. As mulheres ficam escandalizadas, porque o nu de uma se reflecte no corpo de outra.”
― O Alegre Canto da Perdiz
(...)
A nudez de Maria era o regresso ao estado da pureza. Da transparência. As mulheres ficam escandalizadas, porque o nu de uma se reflecte no corpo de outra.”
― O Alegre Canto da Perdiz
