A Desumanização Quotes
A Desumanização
by
Valter Hugo Mãe5,274 ratings, 3.88 average rating, 499 reviews
A Desumanização Quotes
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“Quem não sabe perdoar, só sabe coisas pequenas.”
― A Desumanização
― A Desumanização
“Não sei se a Arte nos deve salvar, mas tenho a certeza de que pode conduzir ao melhor que há em nós para que não nos desperdicemos na vida.”
― A Desumanização
― A Desumanização
“Quando for grande, quero ser de outra maneira. Quero ser longe. Eu respondia: ninguém é longe. As pessoas são sempre perto de alguma coisa e perto delas mesmas. A minha irmã dizia: são. Algumas pessoas são longe. Quando for grande quero ser longe.”
― A Desumanização
― A Desumanização
“As pessoas que não liam não tinham sentidos. Andavam como sem ver, sem ouvir, sem falar.”
― A Desumanização
― A Desumanização
“Ser mulher, explicavam, era como ter o trabalho todo do que respeita à humanidade. Que os homens era para tarefas avulsas, umas participações quase nenhumas. Serviam para quase nada. Como se fossem traves de madeira que se usavam momentaneamente para segurar um teto que ameaçasse cair. Se não valessem pela força, nunca valeriam por motivo algum, porque de coração estavam sempre mal feitos. Eram gulosos, pouco definidos, mudavam com facilidade os desejos, não conheciam a lealdade passional, concebiam apenas engenharias e mediam até os amores pelo lado prático da beleza, gostavam sempre de quem lhes parecesse dar mais jeito, como se procurassem empregadas ao invés de esposas, como se precisassem de precaver os seus próprios defeitos mais do que as virtudes livres das mulheres.”
― A Desumanização
― A Desumanização
“Não ler, pensei, era como fechar os olhos, fechar os ouvidos, perder sentidos. As pessoas que não liam não tinham sentidos. Andavam como sem ver, sem ouvir, sem falar. Não sabiam sequer o sabor das batatas. Só os livros explicavam tudo. As pessoas que não leem apagam-se no mapa de deus.”
― A Desumanização
― A Desumanização
“A beleza da lagoa é sempre alguém. Porque a beleza da lagoa só acontece porque a posso partilhar. Se não houver ninguém, nem a necessidade de encontrar a beleza existe nem a lagoa será bela. A beleza é sempre alguém, no sentido em que ela se concretiza apenas pela expectativa da reunião com o outro.”
― A Desumanização
― A Desumanização
“A humanidade começa nos que te rodeiam, e não exatamente em ti. Ser-se pessoa implica a tua mãe, as nossas pessoas, um desconhecido ou a sua expectativa. Sem ninguém no presente nem no futuro, o indivíduo pensa tão sem razão quanto pensam os peixes. Dura pelo engenho que tiver e parece como um tributo indiferenciado do planeta. Parece como uma coisa qualquer.”
― A Desumanização
― A Desumanização
“Os livros eram ladrões. Roubavam-nos do que nos acontecia. Mas também eram generosos. Ofereciam-nos o que não nos acontecia. (…) Servia de ilusão.”
― A Desumanização
― A Desumanização
“Queria proteger contra o esquecimento. A maior vulnerabilidade do humano, a contingência de não lembrar e de não ser lembrado.”
― A Desumanização
― A Desumanização
“Magoávamo-nos, acreditava eu, sempre por causa da ternura. Como que a reclamá-la enquanto a perdíamos de vez.”
― A Desumanização
― A Desumanização
“Mais tarde, também eu arrancarei o coração do peito para o secar como um trapo e usar limpando apenas as coisas mais estúpidas.
Quando empedernir, esquecido de toda a humanidade da vida, ficará entre as loiças, como inútil souvenir ou peça de mesa para uma festa que nunca acontecerá.
Terei sempre pena dele. Estará como um animal antigo que perdeu a qualidade dos novos dias. Sem visitas. Será apenas a humilhação entristecedora de todos os afectos.
Poderei, nas arrumações, preparando alguma partida, aligeirando os fardos, deixá-lo no lixo para que a natureza o recicle com as suas ganas aturadas de recomeçar tudo. Até lá, a minha coragem assume apenas a evidência de que somos matéria morrendo. Começarei morrendo pelo coração.
Gostarei sempre dele, como se gosta do que está extinto, sejam os dragões, os anjos ou as distâncias. Histórias de coisas que não voltam.
O meu coração sem visitas perderá a memória e, quando nos separarmos de vez, certamente será mais feliz.
Se me perguntarem, direi que nasci sem ele. Jurarei e mentirei sempre.”
― A Desumanização
Quando empedernir, esquecido de toda a humanidade da vida, ficará entre as loiças, como inútil souvenir ou peça de mesa para uma festa que nunca acontecerá.
Terei sempre pena dele. Estará como um animal antigo que perdeu a qualidade dos novos dias. Sem visitas. Será apenas a humilhação entristecedora de todos os afectos.
Poderei, nas arrumações, preparando alguma partida, aligeirando os fardos, deixá-lo no lixo para que a natureza o recicle com as suas ganas aturadas de recomeçar tudo. Até lá, a minha coragem assume apenas a evidência de que somos matéria morrendo. Começarei morrendo pelo coração.
Gostarei sempre dele, como se gosta do que está extinto, sejam os dragões, os anjos ou as distâncias. Histórias de coisas que não voltam.
O meu coração sem visitas perderá a memória e, quando nos separarmos de vez, certamente será mais feliz.
Se me perguntarem, direi que nasci sem ele. Jurarei e mentirei sempre.”
― A Desumanização
“O inferno não são os outros, pequena Halla. Eles são o paraíso, porque um homem sozinho é apenas um animal. A humanidade começa nos que te rodeiam, e não exactamente em ti. Ser-se pessoa implica a tua mãe, as nossas pessoas, um desconhecido ou a sua expectativa. Sem ninguém no presente nem no futuro, o indivíduo pensa tão sem razão quanto pensam os peixes. Dura pelo engenho que tiver e perece como um atributo indiferenciado do planeta. Perece como uma coisa qualquer.”
― A Desumanização
― A Desumanização
“As palavras não são nada. Deviam ser eliminadas. Nada do que possamos dizer alude ao que no mundo é. Com trinta e duas letras num alfabeto não criamos mais do que objetos equivalentes entre si, todos irmanados na sua ilusão. As letras da palavra cavalo não galopam, nam as do fogo bruxuleiam. E que importa como se diz cavalo ou fogo se não se autonomizam do abecedário. Nenhuma pedra se entende por caracteres. As pedras são entidades absolutamente autónomas às expressões. As pedras recusam a linguagem. Para a linguagem as pedras reclamam o direito de não existir. Se as nomeamos não estamos senão a enganarmo-nos voluntariamente. Às pedras nunca enganaremos. Elas sabem que existem por outros motivos e talvez suspeitem que o nosso desejo de falar seja só um modo menos desenvolvido de encarar a evidência de existir.”
― A Desumanização
― A Desumanização
“O inferno não são os outros, pequena Halla. Eles são o paraíso, porque um homem sozinho é apenas um animal. A humanidade começa nos que te rodeiam, e não exactamente em ti. Ser-se pessoa implica a tua mãe, as nossas pessoas, um desconhecido ou a sua expectativa.”
― A Desumanização
― A Desumanização
“Os livros. Eram os livros. Diziam-me coisas bonitas e eu sentia que a beleza passava a ser um direito.”
― A Desumanização
― A Desumanização
“A solidão não existe. É uma ficção das nossas cabeças.”
― A Desumanização
― A Desumanização
“Talvez por isso o ódio deixasse de ter sentido. Porque o que viria a ser dependia do que decidisse. Os sentimentos educados, lembrei, os sentimentos educados fazem caber em outras classificações o que nos frustra ou irrita, o que nos agride e mesmo o que nos pode combater até à morte.”
― A Desumanização
― A Desumanização
“A vida era dos que sobravam. Em sobrar estava a oportunidade de prosseguir e de alguma vez se ser feliz.”
― A Desumanização
― A Desumanização
“Os livros eram ladrões. Roubavam-nos do que nos acontecia. Mas também eram generosos. Ofereciam-nos o que não nos acontecia.”
― A Desumanização
― A Desumanização
“Lêramos sobre a história de umas aves cujo macho, por ser tão equivocado, usava de tudo para atrair uma fêmea mas, mal dos olhos e da cabeça, podia passar um tempo interminável a galar a bosta de vaca no caminho.”
― A Desumanização
― A Desumanização
“Em alguns casos de morte entre gémeos o sobrevivo vai morrendo num certo suicídio. Desiste de cada gesto. Quer morrer.”
― A Desumanização
― A Desumanização
“Sorri. Havíamos dezembrado, estávamos quase a desinvernar, seria uma mulher comum, sem remorso, apenas o destino em branco.”
― A Desumanização
― A Desumanização
“A vida já me tornou mesquinha em muitos sentidos. Pai, estragou-se muito o meu poema.”
― A Desumanização
― A Desumanização
“Não queria morrer. Estava entre matar e morrer, mas não queria nem uma coisa nem outra. Queria ficar quieta.”
― A Desumanização
― A Desumanização
“Quando fugires, minha querida Halla, terás de parecer menos uma pessoa, porque as pessoas estão a acabar. Foram embora para dentro da memória. Foram-se ressentidas. Agora são apenas uma recordação, como serão também uma possibilidade.”
― A Desumanização
― A Desumanização
“Porque somos imbecis, aprendemos nada e sonhamos com o que não nos compete.”
― A Desumanização
― A Desumanização
“Não ler, pensei, era como fechar os olhos, fechar os ouvidos, perder sentidos. As pessoas que não liam não tinham sentidos. Andavam como sem ver, sem ouvir, sem falar.”
― A Desumanização
― A Desumanização
“Quem quer fugir já metade foi embora.”
― A Desumanização
― A Desumanização
“Éramos ridículos. Uma carne anedótica a querer despegar-se do chão.”
― A Desumanização
― A Desumanização
