Notas sobre a aptidão à felicidade Quotes
Notas sobre a aptidão à felicidade
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Marion Minerbo24 ratings, 4.46 average rating, 2 reviews
Notas sobre a aptidão à felicidade Quotes
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“Freud reconheceu e diferenciou o amor narcísico do amor objetal. Narcísico quando o objeto sustenta o narcisismo e confirma o valor do Eu: “Eu (sujeito) te amo porque você (objeto) me ama”. E o amor pode ser objetal quando o objeto, por suas próprias características, propicia experiências de prazer e de alegria. Ambas as formas de amor fazem parte da economia psíquica, e idealmente há um equilíbrio entre elas: amamos o objeto por aquilo que ele é e por aquilo que nos proporciona.”
― Notas sobre a aptidão à felicidade
― Notas sobre a aptidão à felicidade
“O sentido da vida de cada um de nós é um caldo que vai engrossando devagar, em fogo lento, por experiências propiciadas pelo chip da criatividade psíquica:
-A alegria do encontrado-criado, que reafirma a potência de ser e contribui para a força da pulsão de vida.
-Nascer psiquicamente em todos os vínculos significativos, ampliando o repertório emocional e realizando o próprio potencial.
-Abrir-se para o outro, deixar-se afetar e ser capaz de integrar novas experiências.
-Estar plenamente no mundo, compartilhando a existência com outros seres humanos.
-Trabalhar no sentido de transformar a realidade e ser transformado por ela.
-Deslocar-se de si mesmo, descobrir-se outro, ampliar o repertório psíquico e, com isso, enriquecer a existência, que não fica limitada pelo já conhecido.
-Reconhecer e me proteger dos elementos da realidade que não consigo transformar – não é possível suportar tudo.
-Reconhecer e processar emocionalmente os inevitáveis momentos dolorosos da existência.”
― Notas sobre a aptidão à felicidade
-A alegria do encontrado-criado, que reafirma a potência de ser e contribui para a força da pulsão de vida.
-Nascer psiquicamente em todos os vínculos significativos, ampliando o repertório emocional e realizando o próprio potencial.
-Abrir-se para o outro, deixar-se afetar e ser capaz de integrar novas experiências.
-Estar plenamente no mundo, compartilhando a existência com outros seres humanos.
-Trabalhar no sentido de transformar a realidade e ser transformado por ela.
-Deslocar-se de si mesmo, descobrir-se outro, ampliar o repertório psíquico e, com isso, enriquecer a existência, que não fica limitada pelo já conhecido.
-Reconhecer e me proteger dos elementos da realidade que não consigo transformar – não é possível suportar tudo.
-Reconhecer e processar emocionalmente os inevitáveis momentos dolorosos da existência.”
― Notas sobre a aptidão à felicidade
“Para sentir que o outro pode ser fonte de coisas boas, preciso transferir/projetar neles meus objetos internos bons. Mas, para dispor de objetos bons para projetar, preciso ter internalizado o outro como fonte de prazer. Quanto mais eu projeto meus objetos internos bons no mundo, mais o vivo como fonte de gratificação da qual posso usufruir e pela qual posso agradecer. E ao contrário: se projeto objetos maus, nenhum objeto externo poderá ser vivido como satisfatório. Todos vão me decepcionar. Obviamente, não haverá nada para agradecer.
A relação dentro/fora é complexa. Só consigo procurar no mundo externo os objetos que me convêm na medida em que eu tive boas experiências iniciais, pois vou buscar repetir essas boas experiências. Mas, mesmo se encontrasse o “objeto perfeito”, eu poderia me decepcionar se tivesse em relação a ele expectativas da ordem do Absoluto. Ele será sempre insuficiente diante da desmesura da minha demanda.
E ainda: não vou sequer conseguir reconhecer um objeto que me convém se não houver tido essa boa experiência anteriormente. De certa forma, não há novos encontros com o objeto: todo encontro é um reencontro . E, para complicar, o outro não é um conjunto estático de características pessoais: posso convocar nele o seu melhor, mas posso convocar o seu pior. E, nesse caso, posso transformar qualquer objeto – mesmo um que seria suficientemente bom – num objeto mau, com o qual vou reviver os desencontros iniciais tidos com o objeto primário.”
― Notas sobre a aptidão à felicidade
A relação dentro/fora é complexa. Só consigo procurar no mundo externo os objetos que me convêm na medida em que eu tive boas experiências iniciais, pois vou buscar repetir essas boas experiências. Mas, mesmo se encontrasse o “objeto perfeito”, eu poderia me decepcionar se tivesse em relação a ele expectativas da ordem do Absoluto. Ele será sempre insuficiente diante da desmesura da minha demanda.
E ainda: não vou sequer conseguir reconhecer um objeto que me convém se não houver tido essa boa experiência anteriormente. De certa forma, não há novos encontros com o objeto: todo encontro é um reencontro . E, para complicar, o outro não é um conjunto estático de características pessoais: posso convocar nele o seu melhor, mas posso convocar o seu pior. E, nesse caso, posso transformar qualquer objeto – mesmo um que seria suficientemente bom – num objeto mau, com o qual vou reviver os desencontros iniciais tidos com o objeto primário.”
― Notas sobre a aptidão à felicidade
“Eu já estava conformada com a Coca-Cola. O garçom – descubro que ele também é brasileiro – percebe minha decepção. Cúmplice, piscando um olho, anuncia que, na falta de cerveja, pode me preparar uma caipirinha. Não está no cardápio, mas ele tem uma boa cachaça. Agradecida e feliz, aceito a sugestão.
Esse garçom maravilhoso me ajuda a fazer o luto pela cerveja. Mas não é só porque me propõe uma caipirinha, coisa que eu sequer imaginava encontrar ali. Nem porque a caipirinha é tão boa quanto a cerveja. É porque o encontro com um ser humano empático, capaz de se identificar com a minha decepção, faz com que me sinta emocionalmente acompanhada na caminhada pela vida.
Como já vimos, ninguém consegue realizar o luto sozinho. Se o garçom consegue empatizar com minha frustração, é porque também conhece essa dor. Imagine se ele me desse uma resposta sarcástica do tipo: “O que você acha, que é nossa única cliente?”. Não só não me ajudaria a fazer o luto, como azedaria meu passeio.”
― Notas sobre a aptidão à felicidade
Esse garçom maravilhoso me ajuda a fazer o luto pela cerveja. Mas não é só porque me propõe uma caipirinha, coisa que eu sequer imaginava encontrar ali. Nem porque a caipirinha é tão boa quanto a cerveja. É porque o encontro com um ser humano empático, capaz de se identificar com a minha decepção, faz com que me sinta emocionalmente acompanhada na caminhada pela vida.
Como já vimos, ninguém consegue realizar o luto sozinho. Se o garçom consegue empatizar com minha frustração, é porque também conhece essa dor. Imagine se ele me desse uma resposta sarcástica do tipo: “O que você acha, que é nossa única cliente?”. Não só não me ajudaria a fazer o luto, como azedaria meu passeio.”
― Notas sobre a aptidão à felicidade
“De modo que, sim, realizar o desejo todos os dias pode matar o desejo, mas conviver todos os dias com um objeto de amor não faz com que eu o ame menos. Ao contrário, me faz feliz. Depois de dez dias presa em casa, a caminhada me dá prazer porque estava em abstinência e finalmente realizei um desejo. E me faz feliz porque estava com saudades e finalmente pude reencontrar um amor. Esses dois planos se articulam e potencializam.
Desfrutar daquilo que se ama e amar aquilo de que se desfruta são elementos que compõem a aptidão à felicidade.”
― Notas sobre a aptidão à felicidade
Desfrutar daquilo que se ama e amar aquilo de que se desfruta são elementos que compõem a aptidão à felicidade.”
― Notas sobre a aptidão à felicidade
“Nesse sentido, a felicidade não é uma ilusão, mas uma aspiração legítima. Como vimos, não é charlatanismo aceitar em análise o paciente que nos chega querendo ser mais feliz. Aliás, é o caso de todos nós: ninguém busca uma análise só para “se conhecer” .
Se adiantasse alguma coisa, ao aceitar esse paciente em análise, poderíamos dizer a ele que, sim, a felicidade é possível, mas ele vai precisar pagar o preço, que não é barato (Bourdin, 2000). Há três condições básicas:
1. Reconhecer emocionalmente que a conflitualidade psíquica é inevitável e constitutiva do ser humano.
2. Aceitar emocionalmente a realidade, no sentido de que o mundo não se dobra à nossa vontade.
3. Aceitar emocionalmente a incompletude inerente à condição humana.”
― Notas sobre a aptidão à felicidade
Se adiantasse alguma coisa, ao aceitar esse paciente em análise, poderíamos dizer a ele que, sim, a felicidade é possível, mas ele vai precisar pagar o preço, que não é barato (Bourdin, 2000). Há três condições básicas:
1. Reconhecer emocionalmente que a conflitualidade psíquica é inevitável e constitutiva do ser humano.
2. Aceitar emocionalmente a realidade, no sentido de que o mundo não se dobra à nossa vontade.
3. Aceitar emocionalmente a incompletude inerente à condição humana.”
― Notas sobre a aptidão à felicidade
