Menino de Engenho Quotes
Menino de Engenho
by
José Lins do Rego1,279 ratings, 3.70 average rating, 79 reviews
Menino de Engenho Quotes
Showing 1-19 of 19
“E um sonho de menino é maior que de gente grande, porque fica mais próximo da realidade.”
― Menino de Engenho
― Menino de Engenho
“Sabia que Deus fizera o mundo, que havia céu e inferno, e que a gente sofre na Terra por causa de uma maçã.”
― Menino de Engenho
― Menino de Engenho
“Menino perdido, menino de engenho.”
― Menino de Engenho
― Menino de Engenho
“Eu não sabia nada. Levava para o colégio um corpo sacudido pelas paixões de homem feito e uma alma mais velha do que o meu corpo.”
― Menino de Engenho
― Menino de Engenho
“E nada de Deus por dentro de mim. Era indiferente aos castigos do céu. Os lobisomens faziam-me mais medo. A minha religião não conhecia os pecados e as penitências. O pavor do inferno, eu confundia com os castigos dos contos de Trancoso. Tudo entrava por uma perna de pinto e saía por uma perna de pato. Ia para a cama sem um pelo-sinal e acordava sem uma ave-maria. O meu são Luís Gonzaga devia olhar com nojo para o seu irmão afundado na lama.”
― Menino de Engenho
― Menino de Engenho
“Ela me acariciava com uma voracidade animal de amor: dizia que eu tinha gosto de leite na boca e me queria comer como uma fruta de vez.”
― Menino de Engenho
― Menino de Engenho
“Parecia que a casa-grande perdera a metade de sua vida com a porta da cozinha fechada.”
― Menino de Engenho
― Menino de Engenho
“Os sonhos de um menino apaixonado são sempre os mesmos. Acordei-me, porém, com a primeira angústia de minha vida. Os pássaros cantavam tão alegres no gameleiro, porque talvez não soubessem da minha dor. Senti nesse meu despertar de namorado um vazio doloroso no coração. Tinha perdido a minha companheira dos cajueiros. E chorei ali entre os meus lençóis lágrimas que o amor faria ainda muito correr dos meus olhos.”
― Menino de Engenho
― Menino de Engenho
“Os galos de campina cantavam bem perto de nós os seus números de sucesso.”
― Menino de Engenho
― Menino de Engenho
“O costume de ver todo dia esta gente na sua degradação me habituava com a sua desgraça. Nunca, menino, tive pena deles. Achava muito natural que vivessem dormindo em chiqueiros, comendo um nada, trabalhando como burros de carga. A minha compreensão da vida fazia-me ver nisto uma obra de Deus. Eles nasceram assim porque Deus quisera, e porque Deus quisera nós éramos brancos e mandávamos neles. Mandávamos também nos bois, nos burros, nos matos.”
― Menino de Engenho
― Menino de Engenho
“Eu entretinha o meu puxado com esse cinema, em que o sol e as nuvens faziam-se de artistas.”
― Menino de Engenho
― Menino de Engenho
“Nas gaiolas, irremediavelmente mudos. Faziam greve contra mim. Tratava deles com cuidados maternos. Limpava-lhes as gaiolas, pisava-lhes milho — e nada, calados de vez. Dependurava-os então pelos pés de pau, para ver se os enganava com esse contato com os palcos dos seus dias de festa. E mudos sempre. Os meus pássaros só trabalhavam ao bom preço da liberdade.”
― Menino de Engenho
― Menino de Engenho
“De dia, porém, esperando os meus canários, amava a solidão. Era ela que deixava falar o que eu guardava por dentro — as minhas preocupações, os meus medos, os meus sonhos. O mundo de um menino solitário é todo dos seus desejos.”
― Menino de Engenho
― Menino de Engenho
“Tudo eles sabiam fazer melhor do que a gente; soltar papagaio, brincar de pião, jogar castanha. Só não sabiam ler. Mas isto, para nós, também não parecia grande coisa.”
― Menino de Engenho
― Menino de Engenho
“O povo pobre do eito só se confessava na hora da morte, quando, à revelia deles, mandavam chamar o padre às carreiras. E no entanto não tiravam Nossa Senhora da boca e faziam novenas a propósito de tudo.”
― Menino de Engenho
― Menino de Engenho
“Eles pareciam felizes de qualquer forma, muito submissos e muito contentes com o seu destino. A cheia tinha-lhes comido os roçados de mandioca, levando o quase nada que tinham. Mas não levantavam os braços para imprecar, não se revoltavam. Eram uns cordeiros.”
― Menino de Engenho
― Menino de Engenho
“Um dia amanheceu vomitando preto e com febre. Entrei no quarto onde ela estava, mais branca ainda, e a encontrei muito triste, ainda mais magrinha. Suas bonecas andavam por cima da cama como se fossem as suas amigas em despedidas.”
― Menino de Engenho
― Menino de Engenho
“A morte de minha mãe me encheu a vida inteira de uma melancolia desesperada. Por que teria sido com ela tão injusto o destino, injusto com uma criatura em que tudo era tão puro? Esta força arbitrária do destino ia fazer de mim um menino meio cético, meio atormentado de visões ruins.”
― Menino de Engenho
― Menino de Engenho
“À noite ela me fazia dormir. Adormecer nos seus braços, ouvindo a surdina daquela voz, era o meu requinte de sibarita pequeno.”
― Menino de Engenho
― Menino de Engenho
