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(...) O modo esporádico e intermitente como a verdade da liberdade humana foi apreendida, no século XVII, podia ter sido - é o menos que se pode dizer a tal respeito - uma consequência desta apreensão esporádica e intermitente do método da história científica.

(...) Estar-se-ia mais perto da verdade, ao dizer-se que, na religião, a vida reflexiva se concentra sobre a sua forma mais intensa e que os problemas especiais da vida teórica e prática assumem todos as suas formas especiais, ao saírem do corpo da consciência religiosa, retendo a sua vitalidade apenas na medida em que preservam a sua conexão com ela e entre si, dentro dela.

(...) Parte do contexto, em que existe no meu espírito, poderia (...) ser constituída por outras formas de actividade mental, consistindo em saber como refutá-la. Mas mesmo que eu a refutasse, seria ainda a mesma argumentação e o acto de acompanhar a sua estrutura lógica seria o mesmo acto.

(...) Lord Acton expôs a sua teoria (...) numa conferência proferida, em Cambridge, no ano de 1895. Mas isso era caviar para o povo. No tempo de Monsieur Poirot, avaliando pelas suas vendas, o povo não podia ter muito. A revolução que destronou os princípios da história de cola e tesoura, substituindo-os pelos da história científica, tinha-se tornado propriedade comum.

(...) Não pode nunca dizer que o seu quadro do passado se adequa, em qualquer ponto, à sua ideia daquilo que ele devia ter sido. Todavia, ainda que os resultados do seu trabalho possam ser fragmentários e defeituosos, a ideia que regeu o curso desse trabalho é clara, racional e universal. É a ideia de imaginação histórica, como forma de pensamento autónoma, autodeterminada e autojustificada.

(...) São a base da nossa vida racional, embora não façam parte dela. A nossa razão descobre-as, mas ao estudá-las, não se estuda a si própria. Aprendendo a conhecê-las, descobre como pode ajudá-las a viver saudavelmente, de tal modo que elas podem alimentá-las a apoiá-la, enquanto ela prossegue a sua missão própria - a autocriação da sua vida histórica.

Este trabalho de investigação é frequentes vezs tomado pela história propriamente dita. Sendo considerado desta maneira, torna-se um tipo de pseudo-história, a que Croce chama história filológica. Assim erradamente concebida, a história consiste na aceitação e na conservação do testemunho e a redacção da história consiste na transcrição, tradução e compilação. (...)

(...) mas está errada no caso da história, onde o processo do pensamento histórico é homogéneo em relação ao processo da própria história, sendo ambos processos do pensamento. O único movimento filosófico que apreendeu firmemente esta particularidade do pensamento histórico e o empregou como princípio sistemático foi o que Croce iniciou na Itália.

Existem semelhanças óbvias entre Spengler e Toynbee. A diferença fundamental está no facto de, em Spengler, o isolamento das várias culturas ser tão completo como aquele que existe entre as mónadas de Leibniz. As relações de tempo, lugar, e semelhança entre elas só são perceptíveis a partir do ponto de vista imparcial do historiador. (...)

(...) Mas na história, como efectivamente acontece, não há meros fenómenos de decadência: toda a decadência é também ascensão. Só os erros de conhecimento ou simpatia do historiador (...) é que o impedem de ver este duplo carácter, simultaneamente criador e destrutivo, de qualquer processo histórico, seja ele qual for.