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de que uma mulher, para escrever ficção, precisa ter dinheiro e um quarto só seu;
Meus lábios deixarão fluir muitas mentiras, mas haverá talvez alguma verdade no meio delas; cabe a vocês buscar essa verdade e decidir se vale a pena guardar alguma coisa.
pensei em quão desagradável é dar com as portas fechadas e como é talvez pior ficar trancada do lado de dentro;
Qual o efeito da pobreza sobre a ficção?
Vocês têm ideia de quantos livros são escritos sobre as mulheres no decorrer de um ano? Vocês têm ideia de quantos deles são escritos por homens? Têm consciência de que somos provavelmente o animal mais discutido do universo?
homens que não têm qualificação alguma senão a de não serem mulheres.
Por que, a julgar por esse catálogo, as mulheres são muito mais interessantes aos homens do que os homens às mulheres?
Quando uma pessoa discorre sobre algo sem paixão, ela pensa apenas no argumento, de modo que o leitor não tem outra opção a não ser pensar no argumento também.
Mas essa é a mulher na ficção. Na vida real, como o prof. Trevelyan aponta, ela era trancada, espancada e jogada de um lado para o outro em seu quarto.
Ela permeia a poesia de uma ponta a outra, mas está praticamente ausente da história. Na ficção, domina a vida dos reis e conquistadores; na realidade, era escrava de qualquer garoto cujos pais forçaram uma aliança em seu dedo.
Mesmo que o pai dela não lesse tais opiniões em voz alta, qualquer garota era capaz de lê-las sozinha; e essa leitura, mesmo no século xix, deve ter diminuído sua vitalidade e influenciado profundamente seu trabalho. Sempre haveria essa afirmação — você não pode fazer isso, é incapaz de fazer aquilo — contra a qual protestar, a qual superar. Para uma romancista, esse germe provavelmente não tem mais tanto efeito, pois já houve mulheres romancistas de mérito. Mas para as pintoras ele ainda causa algum dano; e para as musicistas, imagino, está ativo até hoje e continua extremamente tóxico.
A história da oposição dos homens à emancipação das mulheres é talvez mais interessante do que a história da própria emancipação.
“As mulheres vivem como morcegos ou corujas, trabalham como bestas e morrem como vermes…”
Pois agora que Aphra Behn conseguira, as garotas podiam chegar para os pais e dizer: “Vocês não precisam me dar mesada, posso ganhar dinheiro escrevendo”.