Moby Dick

by Herman Melville

Sim, como todos sabem, meditação e água estão ligadas por um laço eterno.

Mas a mesma imagem nós mesmos vemos em todo rio e todo oceano. É a imagem do intangível fantasma da vida; e essa é a chave de tudo.

Quem não é escravo? Me diga. Muito bem, portanto, independentemente de todas as ordens que os velhos capitães possam me dar — independentemente de eles poderem me desferir pancadas e socos, tenho a satisfação de saber que tudo está bem; que todas as demais pessoas de algum modo estão sujeitas às mesmas coisas — seja de um ponto de vista físico ou metafísico; e assim a pancada universal é repassada, e todas as mãos deveriam acariciar os ombros alheios e se contentar.

Ah! você cujos mortos estão enterrados debaixo da grama verde; você que, de pé em meio a flores, pode dizer — aqui, aqui jaz quem eu amo; você não tem como saber a desolação que surge em peitos como esses. Que cruéis aquelas lacunas nos mármores de bordas negras que não cobrem nenhuma cinza!

Mas a Fé, como um chacal, se alimenta em meio aos túmulos, e é exatamente dessas dúvidas que ela extrai a maior parte de sua esperança vital.

Acredito que estamos tremendamente errados quanto a isso de Vida e Morte. Acredito que aquilo a que chamam minha sombra aqui na Terra é minha verdadeira substância. Acredito que, ao vermos as coisas espirituais, somos demasiado parecidos com ostras observando o sol através da água e achando que a espessa água é o mais rarefeito ar. Acredito que meu corpo é apenas a parte menos importante do meu ser. Na verdade, fique com meu corpo quem o quiser, pode pegar, ele não sou eu. E portanto três vivas a Nantucket; e venha um barco naufragado e um corpo náufrago quando bem lhes aprouver, pois naufragar a minha alma, nem ao próprio Jove34 lhe é dado.