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— Eu quero ser amada — disse baixinho, como se tivesse medo de ser ouvida, e assoprei fracamente. A luz causada pela pequena chama desapareceu e, de novo, tudo era escuridão.
Se ele era maravilhoso usando calças natalinas, alimentando crianças parecia ter acabado de sair de um comercial de margarina. Me peguei secretamente cobiçando um homem casado.
Ele podia ser um maluco, mas pelo menos estava criando as meninas da maneira certa.
Eu nunca tinha me atentado ao tipo de homem pai bonito, mas se todos fossem como o cara à minha frente, em breve um padrão se formaria.
Ele estava tentando não me pressionar. Não sabia o que aquilo significava, mas estava grata.
Mas quando passou por mim, o homem parou e me fitou profundamente com o mar verde de seus olhos. Eles eram amorosos e incertos. Theo avançou e me deu um beijo suave na testa. Eu pude sentir o carinho e compreensão emanando dele.
Era natal e eu queria estar naquela realidade. Por hora.
Ele parecia inconscientemente atento a cada palavra que saia de mim, a cada movimento que meu corpo fazia.
Mas isso ficou no passado. O presente e o futuro estão recheados de Theo e de suas duas princesinhas.
Era estranhamente confortável vê-lo tão lindo e ao mesmo tempo tão caseiro.
Annie soltou minha mão e correu em direção a dupla, como se aquilo fosse parte do dia a dia. Zola desceu dos braços do pai e deu as mãos para irmã, e juntas elas dançaram. Theo observou tudo com olhos transbordando carinho e afeto.
resmungou e evitei um sorrisinho. Ele parecia ainda mais gostoso estando bravo.
A cena caseira me desmontou inteira.
Eu não o conhecia, havia simplesmente amanhecido em sua cama como num conto de fadas. Mas, de repente, me senti confortável ao seu lado.
No entanto, em algum momento da noite ele tinha esgueirado seu braço para cima para abraçar minha cintura, mesmo que eu estivesse no sofá e ele no tapete. O gesto me comoveu.
Aquilo era um gesto frequente então? Meu coração amoleceu. Que tipo de homem era esse que fazia todo aquele esforço para me abraçar durante a noite?
Deixei meus olhos vagarem pelo cômodo mais uma vez, para que minha memória sempre se lembrasse deles. Queria recordar do momento mágico onde vivi numa casa perfeita e com parentes perfeitos.
Eu não queria ser um problema para as crianças, mas percebi que, no fundo do meu coração, eu também não queria machucar o homem bondoso e desconhecido que me conduzia para dentro.
De alguma forma, naquela realidade, eu tinha arranjado um homem bom, e isso para mim era tão surpreendente quanto assustador.
nossa Ohana, igual do filme,
Família
Que quer dizer nunca abandonar ou esquecer.
Ele era o homem mais bonito que eu já tinha visto em minha vida, alto, forte e imponente, mas ao mesmo tempo gentil e caloroso — o tipo de presença que eu não estava acostumada.
O progresso não é determinado pelo quão duro você trabalha, mas pelo quanto você avança de maneira saudável no que quer.
Aqueles livros não mostravam só uma carreira consolidada, mas apoio infindo para ela. No lugar onde eu tinha que esconder meus cadernos de Lucca porque ele achava perda de tempo, ali os meus textos eram sinônimos de orgulho.
Não era só ser um cara inteligente e sarado, era ser um cara inteligente, sarado e socialmente comprometido. Ok, estou na presença do senhor perfeito.
A dica tinha sido clara: “o dia que tudo mudou”. 24 12 2015. 24 de dezembro de 2015. O dia em que eu tinha feito o pedido.
Era um trabalho cuidadoso que não me enxergava fazendo. Pelo menos não me enxergava fazendo antes, porque olhar para todo meu esforço de anos tão bem cuidado me dava uma esperança que eu não conhecia, um tipo de orgulho que eu nunca tinha experimentado.
ele mantinha seus olhos fixos em seu lar mostrava o quão concentrado ele estava na hipótese de as meninas precisarem dele. Sua preocupação era fofa e estranhamente atraente.
Alguns pais não conseguem suportar bem a constatação que seus filhos — em especial, suas filhas — são seres independentes.
Theo recém-saído do banho era um perigo ainda maior para minha coerência.
Você é o lugar para onde eu sempre quero voltar, sempre quero estar. Meu lar. E eu sou o seu também. Estou aqui, Maeve, você sempre pode voltar para mim
Desejei ser amada, Theo, e apareci aqui ao seu lado.
Não consigo deixar de pensar que de onde elas vieram, essas atitudes seriam duramente punidas. Me deixa satisfeito que elas se sentem seguras o suficiente para resmungar e pisar duro.
A forma cuidadosa como ele me segurava fez com que meus soluços aumentassem por lembrar de quantas vezes eu tinha chorado sozinha e desejando que alguém estivesse ali para me consolar.
Cuidou delas mesmo quando precisava que alguém cuidasse de você, e agora eu estou aqui para isso. Por vocês três. E, pela primeira vez, eu acreditei que ele podia.
A gente cresce sabendo o que é violência. Socos, chutes, tapas. Mas não sabe que às vezes as palavras e as ações também são parte do abuso. Pelo menos, eu não sabia e duvidava que as mulheres ao meu redor soubessem.
O que eu quero dizer é que não existe vida perfeita, Maeve. Existe só a vida, e às vezes ela é terrivelmente cruel. Mas quando não é, ela é fantástica
Theo, acho que eu estou apaixonada por você — sussurrei e ele riu, sem ter dimensão do que estava acontecendo. Do quão grandioso era para mim.
Obrigada, filhas
E daí que eu tinha viajado cinco anos no futuro? A verdadeira magia estava ao redor daquela mesa.
— Tchau, mãe, não brinca muito sem a gente — Zola avisou e eu ri. — É, espera a gente chegar. — Podem deixar, vou estar esperando vocês! — meu coração se aqueceu ao perceber que eu realmente estaria. Eu estaria esperando quando elas voltassem, estaria esperando quando Theo voltasse.
O amor de Theo era leve, nada de brigas homéricas e reconciliações espetaculosas, nada de emoções desoladoras e confusas. Era tranquilo. Eu tinha crescido com as pessoas e os filmes ao meu redor ensinando que para viver uma história com alguém, ela precisava de choro e dor tanto quanto de alegria e prazer, mas eu podia ver que com ele não era assim. Amar Theo era fácil.
Não era só um presente, mas uma verdade que agora eu conhecia. O amor era realmente mágico. Mais mágico do que assoprar uma vela enquanto se faz um pedido.