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December 3 - December 28, 2023
Nosso tema é o erro humano. Viés e ruído — desvio sistemático e dispersão aleatória — são componentes diferentes do erro.
Alguns julgamentos são enviesados; erram sistematicamente o alvo. Outros são ruidosos, quando pessoas que deveriam estar de acordo terminam em pontos muito diferentes ao redor do centro. Infelizmente, muitas organizações são atormentadas tanto pelo viés como pelo ruído.
Uma propriedade geral do ruído é que podemos reconhecê-lo e medi-lo mesmo sem saber nada sobre o alvo ou o viés.
Não precisamos saber quem está com a razão para medir o grau de variabilidade dos julgamentos em um mesmo caso. Tudo o que temos a fazer para medir o ruído é observar o verso do alvo.
Para compreender o erro no julgamento, devemos compreender tanto o viés como o ruído.
Decisões pessoais são ruidosas. Pessoas realizando entrevistas de emprego fazem avaliações amplamente diferentes dos mesmos candidatos. Análises de desempenho de um mesmo funcionário também são altamente variáveis e dependem mais de quem faz a avaliação do que do desempenho que está sendo avaliado.
Sempre que observarmos um julgamento humano, provavelmente encontraremos ruído. Para melhorar a qualidade do julgamento, precisamos superar tanto o ruído como o viés.
técnicas de redução de ruído coligidas sob a denominação higiene da decisão.
protocolo de avaliações mediadoras: uma abordagem geral para a avaliação de opções que incorpora diversas práticas centrais da higiene da decisão e que visa gerar menos ruído e julgamentos mais confiáveis.
Em algumas áreas, simplesmente não é viável eliminar o ruído. Em outras, fica caro demais. Em outras ainda, as tentativas de redução do ruído comprometeriam valores importantes mas incompatíveis.
onde quer que haja elaboração de julgamento, há ruído
Réus negros sofrem um impacto desproporcional desse aumento de austeridade.
O ruído de sistema, ou seja, a variabilidade indesejada em julgamentos que deveriam, em termos ideais, ser idênticos, gera injustiça generalizada, altos custos econômicos e erros de muitos tipos.
Sempre que o autor do julgamento é aleatoriamente selecionado entre uma reserva de indivíduos igualmente conceituados, como é o caso na firma de gestão de ativos, no sistema de justiça criminal e na companhia de seguros vistos acima, o ruído é um problema.
Uma concepção equivocada e frequente sobre a variabilidade indesejada nos julgamentos é que isso não faz diferença, pois os erros aleatórios supostamente se cancelam.
sistemas ruidosos não produzem múltiplos julgamentos no mesmo caso. Produzem julgamentos ruidosos em casos diferentes. Se uma apólice de seguro está acima do preço e a outra abaixo, a precificação pode parecer certa na média, mas a companhia de seguros cometeu dois erros custosos. Se dois criminosos que deveriam ser sentenciados a cinco anos de prisão recebem sentenças respectivas de três e sete anos, a justiça não foi feita, na média. Em sistemas ruidosos, os erros não se cancelam. Eles se somam.
Não passamos a vida imaginando modos alternativos de ver o que vemos.
Como os líderes da empresa podiam não ter ideia do problema de ruído que tinham? Há várias respostas possíveis aqui, mas a que desempenha um papel importante em muitos cenários parece ser simplesmente o desconforto causado pela discordância.
Denunciar erros grosseiros e marginalizar os colegas não ajudará os profissionais a se conscientizarem do quanto discordam ao emitir julgamentos no geral aceitáveis. Pelo contrário, o consenso fácil acerca do julgamento ruim pode até reforçar a ilusão de concordância. A verdadeira lição, acerca da ubiquidade do ruído de sistema, jamais será aprendida.
o ruído é consequência da natureza informal do julgamento.
Da perspectiva da redução de ruído, a decisão singular é uma decisão recorrente que acontece uma única vez.
as práticas redutoras de erro devem ser tão eficazes em uma decisão sem precedentes quanto nas recorrentes.
O julgamento assim pode ser descrito como uma medição em que o instrumento é a mente humana
Julgamento não é sinônimo de pensamento, e fazer julgamentos precisos não é a mesma coisa que fazer bons julgamentos.
ruído constitui a variabilidade em seus resultados, análogo à dispersão de tiros que vimos antes.
Em estatística, a medida de variabilidade mais comum é o desvio-padrão.1
expectativa de discordância restrita.
Exatamente quanta discordância é aceitável em um julgamento constitui um julgamento pessoal e depende da dificuldade do problema.
A observação do ruído no julgamento preditivo é sempre um indício de que alguma coisa está errada.
O ruído de sistema é uma inconsistência, e a inconsistência prejudica a credibilidade do sistema.
em julgamentos profissionais de todo tipo, sempre que a precisão for a meta, viés e ruído desempenham o mesmo papel no cálculo do erro total.
viés e ruído são intercambiáveis na equação de erro, e a diminuição do erro total será a mesma independentemente de qual dos dois for reduzido.
Em termos de erro total, ruído e viés são independentes: o benefício de reduzir o ruído é o mesmo, não importa a quantidade de viés.
reduzir o ruído ou reduzir o viés na mesma quantidade tem o mesmo efeito no eqm.
as pessoas anseiam por obter acertos perfeitos e são altamente sensíveis a pequenos erros, mas raras vezes dão qualquer importância à diferença entre dois erros grandes.
A equação de erro e as conclusões que extraímos dela dependem do uso do eqm como medida do erro total. A regra é apropriada para julgamentos puramente preditivos, incluindo previsões e estimativas, todos os quais objetivam se aproximar de um valor real com a máxima precisão (o mínimo viés) e a máxima exatidão (o mínimo ruído).
O ruído de sistema é a variabilidade indesejável nos julgamentos de um mesmo caso por múltiplos indivíduos.
“Ruído de nível é quando juízes mostram diferentes níveis de severidade. Ruído de padrão é quando discordam entre si acerca de quais réus merecem tratamento mais severo ou leniente.
“Em um mundo perfeito, os réus enfrentariam a justiça; no nosso mundo, enfrentam um sistema ruidoso.”
efeito de sabedoria das multidões: a média dos julgamentos independentes de diferentes indivíduos melhora a precisão de modo geral.
a média de diversos julgamentos (ou medições) independentes produz um novo julgamento, que é menos ruidoso,9 embora não menos enviesado, do que os julgamentos individuais.
podemos chegar mais perto da verdade combinando duas conjecturas de uma mesma pessoa assim como fazemos quando combinamos as conjecturas de diferentes pessoas? Como descobriram, a resposta é sim. Vul e Pashler deram um nome evocativo a esse resultado: a multidão interior.
A média de duas conjecturas feitas por um mesmo indivíduo não melhora os julgamentos tanto quanto recorrer a uma segunda opinião independente. Nas palavras de Vul e Pashler: “A pessoa ganha cerca de um décimo fazendo-se a mesma pergunta duas vezes do que ganharia se pedisse uma segunda opinião de alguém”.
podemos ampliar muito esse efeito deixando passar algum tempo antes de fazer uma segunda conjectura.
esse resultado certamente justifica a velha crença de que decisões importantes devem ser deixadas para o dia seguinte, após uma boa noite de sono.
se você puder obter opiniões independentes de outros, faça isso — a sabedoria das multidões real tem alta probabilidade de melhorar seu julgamento. Se não puder, faça você mesmo um segundo julgamento e produza uma “multidão interior”. Para isso, deixe passar algum tempo — possibilitando desse modo distanciamento da primeira opinião — ou debata ativamente consigo mesmo até encontrar outra perspectiva para o problema. Por fim, independentemente do tipo de multidão, a menos que você tenha motivos muito fortes para atribuir maior peso a uma das estimativas, sua melhor aposta será tirar a média
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De bom humor, a pessoa fica mais propensa a deixar seus vieses afetarem seu raciocínio.
viés cognitivo conhecido como falácia do jogador:28 tendemos a subestimar a probabilidade de que tais sequências ocorram por acaso.
o desempenho da memória é motivado em grande parte pela “eficiência dos processos neurais endógenos que controlam a função da memória”. Em outras palavras, a variabilidade momentânea da eficiência cerebral não é causada apenas por influências externas, como o clima ou algum acontecimento que nos distraia. É uma característica do modo como nosso cérebro funciona.
Essa variabilidade na função cerebral põe em xeque a ideia de que o ruído de ocasião pode ser eliminado.