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Central Park,
Sou Aurora Jie-Lin O’Malley. Não, espere. Sou Auri O’Malley. Assim é melhor. Essa sou eu.
E eu definitivamente tenho um corpo. Isso é bom. É um progresso.
Fato: ele é gato pra caramba. Queixo esculpido, cabelo loiro bagunçado, olhar inquieto com uma pequena cicatriz perfeita em sua sobrancelha direita, gato de um jeito que é simplesmente ridículo. Esse fato ocupa uma boa parte do meu estado mental. Fato: ele não está usando uma camiseta. Isso já é um candidato para a posição de Fato Mais Importante e parece bastante relevante aos meus interesses. O que quer que eles sejam. Onde quer que eu esteja. Espere, espere um segundo, damas e cavalheiros, e todos que são as duas coisas ou nenhuma, ou estão em algum lugar nesse espectro. Nós temos mais um
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Só porque não está dizendo, não quer dizer que não esteja pensando.
e conforme anda na minha frente pela septingentésima vez, percebo uma pequena mancha nas suas botas normalmente imaculadas. Nossa, ele realmente está mal.
— Não é o fim da Via, Ty — eu me aventuro a dizer. — É, mas é mais ou menos isso — responde Cat.
— Sem querer alimentar esse seu ego galopante — suspiro —, mas você é a melhor Ás na Academia, Cat. Você não conta nem como resto nem como lixo. — Valeu — ela sorri. — Eu estava falando de você e dos outros.
— Oh, não. — Coloco a mão no meu peito. — Meu pobre coração. — Awn. Quer um abraço? — Um beijo. — Tá, mas sem língua dessa vez. Catherine Brannock é a minha colega de beliche aqui na Academia Aurora. Ela é o yin do meu yang. A metade meio vazia para o meu copo meio cheio. A calda do meu sorvete de chocolate. Ela também é a amiga mais antiga minha e de Tyler. Ty empurrou Cat no nosso primeiro dia no jardim de infância, e ela quebrou uma cadeira na cabeça dele em retaliação. Quando a poeira baixou, meu irmão acabou com uma pequena cicatriz na sobrancelha direita para acompanhar suas covinhas
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— Ela está absolutamente certa — Tyler suspira de novo. — É claro que estou
E normalmente, ouvi-lo falar me faz querer chutar o santíssimo saco do meu querido irmãozinho. De vez em quando, porém, essas palavras me lembram do quanto eu amo esse idiota.
— A Legião significa algo verdadeiro. Há pessoas lá fora que precisam da nossa ajuda, e não estamos ajudando nenhum deles enquanto sentamos aqui sentindo pena de nós mesmos. Eu ainda tenho a melhor pilota da Legião no meu esquadrão.
— Uma pilota boa pra cacete, se está me perguntando. Ty pisca na minha direção. — E minha diplomata que não é totalmente incompetente. — Respeite os mais velhos, querido irmão. — Você é três minutos mais velha do que eu, Scarlett. — Três minutos e trinta e sete ponto quatro segundos, bebezinho. — Você sabe que eu odeio quando me chama assim. — Por que você acha que eu faço isso? — Ainda assim me ergo devagar e presto uma continência irônica. — Legionária Scarlett Isobel Jones, me apresentando para o dever, senhor. Tyler presta continência de volta, e eu só reviro meus olhos.
— Ela é uma psicopata — declara Tyler. — Tecnicamente, ela é tipo uma sociopata — respondo.
nossos uniformes escandalosamente sem graça. Eu juro, a pessoa que projetou essas coisas achava que ser enfadonho era um esporte interestelar. Eu preferiria fazer uma massagem nos pés do Grande Ultrassauro de Abraaxis IV do que ser obrigada a usar o uniforme.
Faço o que posso para modificar um pouco as coisas — a barra do uniforme é tecnicamente cinco centímetros mais curta do que a regulamentação tecnicamente permite, e meu sutiã desafia a lei da gravidade universal de Newton. Tentar mais do que isso é uma ótima maneira de ganhar um memorando disciplinar de um dos instrutores, e quem precisa de mais um desses, não é? Já tenho todos os que preciso.
— Nem todos somos floquinhos de neve perfeitos, querido irmão. — Fale por si mesma — Cat diz, dando um tapa na própria bunda. — Eu sou incrível.
(que sussurram em maravilhamento apropriado quando veem o famoso Tyler Jones),
— Hum. — Paro um segundo para apalpar meu uniforme, olhando por dentro da minha blusa. — Acho que deixei a parte de mim que se importa no bolso da outra calça.
Observação: eu amo muito meu irmão e sei que ele está tendo um dia difícil, mas fiquei acordada até tarde da noite fazendo esse dossiê e ainda não tomei minha dose de cafeína diária e normalmente eu não sou tão má assim com ele. Espere um pouco. Quem estou enganando?
— Pode me chamar de Zero. — Tipo em zero chance de termos sucesso? — Finian pergunta, todo inocente. — Tipo a maioria dos cadetes perde doze a quinze por cento dos alvos no exame de pilotagem — diz Tyler. — Quer adivinhar quantos eu perdi, Magrelo?
Não posso prometer cem por cento de sucesso a não ser no meu maravilhoso senso de humor.
Hum. É o tipo de coisa que se usa para que todos admirem. Mas ela não gosta quando as pessoas fazem isso. Interessaaaante.
— Apostas são contra o regulamento da Academia — Tyler aponta. — E só um completo idiota aposta contra Tyler Jones — acrescenta Cat.
— Ele é seu namoradinho ou algo do tipo? Oh-oh. Péssima ideia. Os olhos de Cat dilatam. Ela fica em pé vagarosamente, começa a pegar a cadeira nos braços. — Descansar, Legionária Brannock — avisa Tyler. Finan não parece impressionado. Não sei se ele entende exatamente o tipo de dano que Cat consegue fazer nas partes importantes de um cara com um pedaço de mobília. Por sorte, Tyler agora é seu oficial, e para Cat, isso importa para alguma coisa.
(Eu cochilava nas aulas de astrométrica em vez disso.)
Relaxa, não é nada disso que está pensando. E ui, que nojo, aliás.
— Hum, então, olha, isso é engraçado... — O que quer dizer com isso? — Tyler pisca. Eu dou um aceno na direção do Syldrathi. — Beeeeem... — Não — Tyler diz. — É verdade, bebezinho. — Nãooooooo.
O senhor dos anéis.
É claro, é a única coisa que posso achar normal hoje. Porque estamos no futuro. E tenho duzentos anos. E estou vendo coisas. E tem alienígenas aqui, seja lá onde este aqui fique. Acho que quero ficar inconsciente de novo, por favor.
revela o Capitão Charmoso
— O que você põe debaixo dessa camiseta? Pedras? Ai, filho de uma égua, eu acabei de falar isso em voz alta?
— Feliz aniversário. — Ele sorri, e Deus que me ajude, as covinhas desse menino deveriam ter seu próprio fã-clube. — Quer dizer, sei que tecnicamente hoje não é o dia que você nasceu, mas achei que merecia um presente. Já que acabou perdendo algumas comemorações. Meu aniversário. Meu pai se esqueceu de me desejar feliz aniversário.
O unividro apita três vezes, e então fala em uma voz robótica estridente: — VOCÊ AINDA NEM VIU NADA.
— Acho que essa coisa é mais esperta do que eu — murmuro. — AWN, NÃO SE SINTA MAL, CHEFIA. VOCÊ SÓ É UMA HUMANA. — Não estava falando com você. — EU SOU UMA TECNOLOGIA DE PONTA, UNIVIDRO DA NOVA GERAÇÃO, SÓ DISPONÍVEL DENTRO DA ACADEMIA — a coisa diz. — SOU DEZESSETE VEZES MAIS ESPERTO QUE ELE. E TRÊS VEZES MAIS BONITO. VOCÊ DEVERIA ESTAR FALANDO COMIGO E NÃO COM...
ele explica com um dos seus sorrisos fatais.
— Já ouviu falar de um sistema solar chamado Aurora? Pisco. — Você está me zoando? — Estamos orbitando Gamma Aurorae, a terceira estrela no aglomerado estelar — diz ele, esticando os braços para demonstrar a estação ao nosso redor. — Aurora O’Malley, seja bem-vinda à Academia Aurora, a estação de treinamento da Legião Aurora. — Eu tenho uma Legião? Ele dá de ombros e me oferece um daqueles sorrisos, e eu juro, não sei se fico encantada, impressionada ou se simplesmente surto. — Frequentei dezesseis escolas diferentes — digo. — Sempre teve outra garota na minha turma que se chamava Aurora.
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E nesse instante, esfaqueio seu lindo sorriso até que esteja sem vida. Adeus, covinhas. Já sinto saudades.
— Não. Não peça desculpas. Eu fiz o que qualquer legionário deve fazer, e faria de novo. E estou feliz que você está aqui, Aurora.
então me atinge com as covinhas mais uma vez. — Volto pra te ver assim que retornar, tá bem? — Está bem. Mas, de alguma forma, não está nada bem. E com um aceno pequeno e triste, Capitão Charmoso sai pela porta.
ATRACADOURO 4513-C. SENHA: 77981-002.
Estão mentindo para mim, e não sei em quem confiar. Mas eu tenho uma única fonte de informações que posso tentar.
Humanos são tão tolos. Tolos com bom coração, às vezes. Ainda assim, tolos, sempre.
O glifo me lembra a minha mãe. E o quão longe estou de casa. O que sobrou de casa, pelo menos.
Eu estudei entre os Terráqueos. Vivi e trabalhei e lutei no meio deles. Ainda assim, não os entendo. São como crianças.
E eles ainda não sabem que algumas rachaduras não podem ser consertadas.
Contato físico é uma intimidade entre meu povo. Syldrathi não tocam estranhos, mas eu sei que é costume dos Terráqueos apertar as mãos quando se conhecem. Então fico surpreso quando Scarlett Jones anda até Taneth, ergue seus dedos aos olhos, então aos lábios, e por último, ao coração, em uma saudação perfeita. O Primeiro Caminhante repete o gesto com um pequeno sorriso confuso, obviamente contente ao ver um Terráqueo tão versado em nossos costumes.
Outrora andamos pela escuridão entre as estrelas, inigualáveis. O que aconteceu conosco?
— Nossa população é de no máximo cem, jovem Terráqueo.