Aurora Ascende (Ciclo Aurora, #1)

by Amie Kaufman

Por que viajar tão longe, arriscar tanto, para ajudar tão poucos?

Ainda assim, da única lágrima dentro do círculo, sei que sua alma gêmea já morreu e retornou ao Vazio. — Que os espíritos o guiem para casa — ofereço.

Algo surge dentro de mim quando ela ergue sua arma. O chamado no meu sangue. O Inimigo Oculto.

Eu não a culpo por me odiar. Tento falar todas as vezes. Mas a canção é sempre a mesma.

No entanto, parece que estamos sendo punidos por um crime que nem cometemos ainda.

AINDA KKKKKKKKKKKKKKK

— Acho que estamos com um problema. — Quer dizer, fora você interromper meu discurso? Porque eu estava praticando na minha cabeça por quase uma hora e ia ser incrível.

— Bem, talvez “aproximadamente” signifique algo diferente na Terra, porque um cruzeiro de guerra Syldrathi acabou de chegar do Portão da Dobra. Inteiramente armado. Classe Sombra. Estão voando com as cores dos Imaculados. E estão vindo pra cá.

— Hum, pergunta totalmente não relacionada — Scarlett Jones diz. — Alguém trouxe calças extras, por acaso? — Aham — o Mecanismo responde. — Mas acho que vou precisar das minhas.

— Foi você que fez isso — cospe ela.

Tava sk esperando

Tento não responder, mas o Inimigo agora está acordado. — E você é uma tola — ouço ele dizer.

Nasci com o gosto de sangue na boca. Nasci com minhas mãos em forma de punho. Nasci para a guerra.

Rápido como prata. Duro como aço.

De dentro dele sai uma garota.

EU SABIAAAAAAA

e as sardas nas suas bochechas são perfeitas constelações. O seu ofegar é fraco e dolorido conforme ela tropeça, e ainda assim, parece música. E quando olho para seu rosto, sinto uma dor no meu peito, radiante, aguda e tão real quanto vidro quebrado. Um sentimento que nunca achei que teria. Mas... Então eu vejo que ela é... Humana?

AAAAAAAAAAAAAAAAAA

— Eu já vi você antes...

SERA QE FOI UMA VISAO???

A má notícia é que o sistema de suporte de vida que estava tentando reviver pertence a um museu.

O garoto atrás de mim parece desconfiado, mas não parece que quer me cortar e ver o que tem por dentro, então eu me aproximo dele, deslizando com a minha bunda.

E eu também preciso ir ao banheiro. Por que isso nunca é um problema nos filmes de espião?

— Ela... — Ele olha para mim, cerra a mandíbula. — Ela não é importante.

Eu sou uma tola apaixonadaaaa

e o lugar todo parece que está em pé colado com fita crepe e reza braba.

Eu segui as instruções da Líder de Batalha de Stoy, então chuto que é aqui que ela queria que eu estivesse? Queria só saber o porquê disso.

carácoles,

Eu ao mesmo tempo quero e não quero saber por que nossa sobrevivência está em jogo, mas aparentemente, nem sequer me consideram — ele se abaixa e me levanta para me deixar em pé como se eu não pesasse nada, me segurando no lugar enquanto me equilibro de volta.

— Por enquanto, fique ao meu lado e não saia de perto.

— Mas não precisa temer, humana. Está entre amigos. — Olha, dá pra discordar... — murmuro.

Se esse é o esquadrão que Ty não queria liderar, entendo o lado dele — nenhum deles está escutando, e observando do lado de fora, vejo que é o problema principal.

— Quase certamente — diz ele, no mesmo tom em que falou o seu nome. Filho de uma égua. Isso está indo de mal a pior.

Eu não posso morrer no meio de um conflito que eu não entendo, em uma estação espacial, duzentos anos no futuro. Posso?

— O conselho do nosso especialista em combate é pegar os talheres afiados e os bastões, e então correr direto para os braços da morte certa? Sabe, eu gosto de você, Kal. O outro garoto ergue uma sobrancelha prateada perfeita. — Tem um plano melhor? — A gente pode chamar os Imaculados para ir num bar, passar umas cantadas, ver se a gente consegue resolver na conversa? — Você não é bem um guerreiro, é, Finian? — Bem, você não é um... — Cale a boca, Finian

— Um dos refugiados está tentando fugir — Finian reporta, mãos na cintura. — Tentando salvar a própria bunda enquanto alerta nossos novos amigos que...

— Um cruzeiro Syldrathi classe Sombra, virando diretamente na nossa direção, senhor.

— Deixei a minha vara de condão no bolso da outra calça, bebezinho.

Pela primeira vez, ninguém dá uma resposta espertinha — os dois simplesmente murmuram um assentimento e voltam ao trabalho. Acho que isso me assusta mais do que qualquer outra coisa até o momento.

— Você não pode ter a intenção de mandá-la lá para baixo — diz Kal.

Kal titubeia com a sugestão. — Isso é extremamente insensato, senhor. Ela será apenas um risco. — Ei, escuta aqui, Lorde Elrond... — começo. — Nós estamos encarando adeptos dos Imaculados — Kal fala para Tyler, sequer olhando para mim. — Syldrathi são mais rápidos e mais fortes que Terráqueos.

— BEM, SE EU PUDER OFERECER UMA OPINIÃO...

— Obrigada — digo. — Aprendi como usar uma pistola no treinamento da colônia. Eu sei atirar bem, Legolas. Ele pisca. — Meu nome é Kal, humana. Quem é este Legolas de quem fala? Eu reviro meus olhos e murmuro quase inaudível: — Leia um livro uma hora dessas, seu convencido filho de uma...

Eu daria tudo para ser aquela garota de novo. Para contar para minha mãe que isso me assusta e fazer com que ela desligue o filme de terror. Para contar para o meu pai que ainda não me sinto pronta para ajudar ele a encontrar as respostas em outro percurso de treinamento.

Tudo que eu aprendi, eu aprendi com simuladores ou livros.

— Um socão no navio múmia, preparado. Vou mirar direto na fábrica do amor.

Kal troca seu peso para que fique na minha frente.

UM GOSTOSOOOOOO

be’shmai

E toda minha respiração se esvai nesse momento. Porque... Eu já vi isso antes. Ele está parado igual à visão que tive na Estação Aurora. Perfeitamente posicionado mesmo quando está completamente parado, como uma arma encurvada, os hematomas no rosto e o desdém no seu rosto. Ele disse essas exatas palavras. Isso não pode estar acontecendo... Isso é a minha visão se tornando realidade.

O compartimento de carga é repentinamente aceso por uma luz branca, e eu ergo minhas mãos. E apesar de eu não estar nem um pouco perto dela, Aedra voa para trás. Ela se choca contra a parede, os braços esticados.

estou travando minha própria guerra pessoal contra um computador que é mais velho e mais feio que meu terceiro avô.

Se esse pedaço de estação chakk iria me ferrar desse jeito, ao menos deveria ter pago o jantar primeiro.

Há tantas conversas que deveria ter tido. Deveria ter sido mais legal com meus avós. Deveria ter pedido desculpa aos meus pais. Deveria ter pedido desculpa para a maioria das pessoas que eu conheci, pensando bem, mas minhas desculpas sempre parecem piorar tudo. Ainda assim, é minha última chance.

Se querem manter suas lindas bundas nas calças, aconselho que se retirem imediatamente. Ou podem esperar um pouco e ver se um cruzeiro Syldrathi da classe Sombra é páreo para um exterminador Terráqueo armado. A escolha é sua. É esquisito que o tom de “não me testem” dessa garota faz com que eu queira falar para ela que eu posso testá-la qualquer dia que ela quiser?

Mesmo assim, não sei se deveríamos forçar essa garota a ir a algum lugar que não queira.

Pergunto-me se seria uma má hora para retomar aquela conversa sobre as calças extras, porque eu posso não ser Terráqueo, mas até eu sei que o pessoal da Agência de Inteligência Global não é um pessoal que deve ser confrontado.