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Kindle Notes & Highlights
Embora a tragédia começasse a se tornar irreal e sem sentido, parecia ainda ser possível lembrar dos dias em que uma vida individual guardava algum valor e não era um mero erro de datilografia em um communiqué.
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E mesmo que não estivesse sóbrio agora, através de quais estágios fabulosos, de fato comparáveis apenas aos caminhos e às esferas da Sagrada Cabala, teria ele atingido aquele estágio outra vez, tocado brevemente uma vez antes dessa manhã, aquele estágio em que sozinho ele podia, como ela afirmava, “suportar”, aquele precário estágio precioso, tão árduo de ser mantido, de estar bêbado e somente nele ficar sóbrio!
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Mas é incrível, pensando bem, como o espírito humano parece florescer à sombra do matadouro! Como, sem falar de toda a poesia, não muito abaixo dos currais para escapar completamente do fedor da cervejaria do amanhã, as pessoas conseguem viver em porões a vida dos velhos alquimistas de Praga! É: viver entre as coabitações do próprio Fausto, entre litargo, ágata, jacinto e pérolas. Uma vida que é amorfa, plástica e cristalina. Do que estou falando? Copula maritalis? Ou de álcool para alcaeste. Você pode me dizer?… Ou talvez eu consiga outro emprego, com o cuidado de primeiro pôr um anúncio no
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e é tudo uma maldita mentira, ele pensou: caímos nela inevitavelmente, é como se, neste dia único do ano, os mortos voltassem à vida, ou pelo menos era-se informado disso com toda a confiança no ônibus, esse dia de visões e milagres, por alguma contrariedade nos foi permitido por uma hora um vislumbre do que nunca existiu de fato, do que nunca pôde existir desde que a fraternidade foi traída, a imagem de nossa felicidade, do que seria melhor pensar que nunca pudesse ter existido.
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No entanto, era um país sem censura, com garantia de vida, liberdade e busca da felicidade? Um país de escolas com murais brilhantes e onde mesmo cada pequena aldeia gelada de montanha tinha seu palco de pedra ao ar livre, e a terra pertencente a seu povo livre para expressar seu gênio nativo?
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Apenas como uma ofensiva bem planejada podia ser derrotada em seus primeiros dias por potencialidades não consideradas que tiveram tempo de amadurecer, de forma que um repentino movimento desesperado podia ter sucesso precisamente por causa do número de potencialidades que destrói de um só golpe…
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Ele bateu no peito outra vez. “É, só a fronteira final da consciência, só isso. Gênio, como eu gosto tanto de dizer”, acrescentou ao se pôr de pé, ajeitar a gravata e (sem pensar mais na gravata) endireitar os ombros como se para acompanhar uma determinação que, também emprestada nessa ocasião da mesma fonte que o gênio e seu interesse por gatos, o abandonou tão abruptamente como o tinha tomado. “O gênio vai cuidar de si mesmo.”
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Knock, knock: quem vem lá? O gato. Gatástrofe. Gatástrofe quem? Gatastrofísico. O quê, é você, meu pequeno popogato? Espere só uma eternidade até Jacques e eu terminarmos de assassinar o sono! Gatábasis para gatabismo. Gathartes atratus… Claro, ele devia saber, eram os momentos finais da retirada do coração humano, ou a entrada final do demônio, o insulado noturno, bem como o verdadeiro De Quincey (aquele mero demônio-droga, ele pensou ao abrir os olhos e se viu olhando diretamente para a garrafa de tequila) imaginou o assassinato de Duncan e os outros insulados, autorrecolhido a uma profunda
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cada corda um cabo da memória de seu amigo que se apagava, rebentava, a corda mais aguda sempre primeiro, rebentando com um estampido de tiro, ou com gemidos curiosos e agonizantes, ou com provocantes miados noturnos, como um pesadelo na alma de George Frederic Watts, até não existir mais nada além da cara em branco da lira silenciosa, caverna sem som para aranhas e baratinhas, e o delicado pescoço ornamentado, assim como cada corda quebrada separara o próprio Hugh, pontada a pontada, de sua juventude, enquanto o passado permanecia com sua forma torturada,
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“Erekia, aquele que despedaça; e aqueles que dão um longo grito, Illirikim; Apelki, os enganadores ou desviadores; e aqueles que atacam sua presa com movimento trêmulo, Dresop; ah, e os aflitivos atormentadores, Arekesoli; e não se pode esquecer também de Burasin, os que destroem com hálito de fumaça sufocante; nem de Glesi, o que cintila horrivelmente como um inseto; nem de Effrigis, aquele que estremece de um jeito horrível, você ia gostar de Effrigis… tampouco dos Mames, aqueles que se movem para trás, nem dos que mudam com um movimento particularmente rasteiro, os Ramisen…”, disse o
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Eu te amo, sim, tenho todo o amor do mundo por você, só que esse amor parece tão longe de mim e tão estranho também que é quase como se eu pudesse ouvi-lo, um zumbido ou um choro, mas longe, muito longe, e um triste som perdido, que pode estar se aproximando ou recuando, não sei dizer qual.
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Mas os do d.t. são apenas o começo, a música em torno do portal do Qliphoth, a abertura, regida pelo Deus das Moscas… Por que as pessoas veem ratos? Esse é o tipo de pergunta que devia preocupar o mundo, Jacques. Pense na palavra remorso. Remors. Mordeo, mordere. La Mordida! Agenbite também… E por que rongueur?
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