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Interessante quando ao falar de alguma coisa, a gente diga “valeu a pena”. Chama atenção porque a vida nos coloca uma série imensa de penas, mas ela não faz só isso. Há situações em que você percebe, com todas as penalizações que ela nos apresenta, que a vida vale tanto que você poderia deixar de existir naquele momento.
Todo mundo conhece a famosa frase do Freud em O mal-estar na civilização – que eu considero um texto fundacional para se entender a modernidade –, em que ele diz: “[…] podemos dizer que a intenção de que o homem seja ‘feliz’ não se acha no plano da ‘Criação’”. Aparentemente, a criação não planejou a felicidade humana. Por quê? Porque a gente está sempre tropeçando no desejo.
Parte das religiões, e entre elas o judaísmo e o cristianismo, coloca a ideia de que Adão e Eva deveriam dizer: “Eu era feliz e não sabia”… E aí eu quero lembrar algo: se você não sabia, não era feliz. Porque felicidade tem a ver com consciência da própria felicidade. A ignorância não é feliz. A ideia de santa ignorância pode estar ligada a algo que não te leva a sofrer, mas a ignorância não é santa.

