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Rebulir com o sertão, como dono? Mas o sertão era para, aos poucos e poucos, se ir obedecendo a ele; não era para à força se compor.
Um rapazola retinto, mal aperfeiçoado; por dizer, um menino. Nú da cintura para os queixos. As calças, rotas em todas as partes, andavam cai’caindo; ele apertou perna em perna. Arfava chiado, como quem, por todo engano de pressa, tivesse chupado na boca um gole quente de café demais.
aquele menino já devia de ter prática de todos os sofrimentos.
“Hem? Hem?” — Zé Bebelo falou — “O que imponho é se educar e socorrer as infâncias deste sertão!”
Cada dia é um dia. E o tempo estava alisado. Triste é a vida do jagunço — dirá o senhor. Ah, fico me rindo. O senhor nem não diga nada. “Vida” é noção que a gente completa seguida assim, mas só por lei duma ideia falsa. Cada dia é um dia.
de noite o destino da gente às vezes conversa, sussurra, explica, até pede para não se atrapalhar o devido, mas ajudar.
Alguém estiver com medo, por exemplo, próximo, o medo dele quer logo passar para o senhor; mas, se o senhor firme aguentar de não temer, de jeito nenhum, a coragem sua redobra e tresdobra, que até espanta.
E aquele situado lugar não desmentia nenhuma tristeza. A vereda dele demorava uma aguinha chorada, demais.
Tem, onde o senhor encosta a palma-da-mão em terra, e sua mão treme pra trás ou é a terra que treme se abaixando. A gente joga um punhado dela nas costas — e ela esquenta: aquele chão gostaria de comer o senhor; e ele cheira a outroras… Uma encruzilhada, e pois! — o senhor vá guardando… Aí mire e veja: as Veredas Mortas… Ali eu tive limite certo.
Até os pássaros, consoante os lugares, vão sendo muito diferentes. Ou são os tempos, travessia da gente?
Não gosto de me esquecer de coisa nenhuma. Esquecer, para mim, é quase igual a perder dinheiro.
Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas.
O que eu agora queria! Ah, acho que o que era meu, mas que o desconhecido era, duvidável. Eu queria ser mais do que eu. Ah, eu queria, eu podia. Carecia.
O amor de alguém, à gente, muito forte, espanta e rebate, como coisa sempre inesperada.
Ah, e essas estradas de chão branco, que dão mais assunto à luz das estrelas.
O dia ia ser lindo de leveza! — pelas beiradas do céu.
Pouco se vive, e muito se vê… Reperguntei qual era o mote. — Um outro pode ser a gente; mas a gente não pode ser um outro, nem convém…
Aí tive até um pronto de rir: nhô Constâncio Alves não sabia que a vida era do tamanhinho só menos de que um minuto…
nhô Constâncio Alves
Ah, não. Agora, a vontade de matar tinha se acabado! Sei e soube: por certo que o demo, agora, escondia sua intenção, por desconfiar de que eu não fosse querer cumprir.
Mas sabia igual que eu estava na estrita obrigação de matar — porque eu não podia voltar atrás na promessa da minha palavra declarada, que os meus cabras tinham escutado e glosado.
Carecia de morrer, porque o diabo, por novas voltas, no nó de compromisso tinha me pegado; e porque outro ao-menos-remédio não havia.
Como era que eu ia matar aquele sujeito, anunciado de pobre, e matar em vez de um outro, sadio em bojo, e rico?
A cara dele, pelo malaventurar, se quebrava das formas e cor, e perpassava — ele era um ser com a cara desmanchada.
Ao dito, porque eu tinha começado a desastrada estória, que um final razoável carecia de ter.
“Delibero o certo: o primeiro que eu vi, foi essa égua. Ela tinha de receber a morte… Ah, mas égua não é gente, não é pessoa que existe. E que? Ah, então, não é cabível que se mate a égua, por tanto que a minha palavra decidida era de se matar um homem! Não executo. A alçada da palavra se perdeu por si e se gastou — pois não está dito? Acho e dou que o negócio veio ao terminado.”
Digo ao senhor: o diabo não existe, não há, e a ele eu vendi a alma… Meu medo é este. A quem vendi? Medo meu é este, meu senhor: então, a alma, a gente vende, só, é sem nenhum comprador…
Diadorim: que, bastava ele me olhar com os olhos verdes tão em sonhos, e, por mesmo de minha vergonha, escondido de mim mesmo eu gostava do cheiro dele, do existir dele, do morno que a mão dele passava para a minha mão.
Mas ele não se questionava estes sentimemtos por um outro homem? Afinal naquela época nao era tão aceito, talvez menos ainda no meio dos jagunços.