Grande sertão: Veredas
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Read between May 29 - August 20, 2022
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matlotagem
Daniela
????
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Rebulir com o sertão, como dono? Mas o sertão era para, aos poucos e poucos, se ir obedecendo a ele; não era para à força se compor.
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tudo neste mundo podia ser beleza, mas Diadorim escolhia era o ódio.
Daniela
O ciúme de Diadorim.
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enfim
Daniela
Dia 4
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Um rapazola retinto, mal aperfeiçoado; por dizer, um menino. Nú da cintura para os queixos. As calças, rotas em todas as partes, andavam cai’caindo; ele apertou perna em perna. Arfava chiado, como quem, por todo engano de pressa, tivesse chupado na boca um gole quente de café demais.
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Isso tudo se deu curto, que nem o mijar dum sapo;
Daniela
Sapo mija rápido? Kkkkkkkk
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aquele menino já devia de ter prática de todos os sofrimentos.
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“Hem? Hem?” — Zé Bebelo falou — “O que imponho é se educar e socorrer as infâncias deste sertão!”
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Cada dia é um dia. E o tempo estava alisado. Triste é a vida do jagunço — dirá o senhor. Ah, fico me rindo. O senhor nem não diga nada. “Vida” é noção que a gente completa seguida assim, mas só por lei duma ideia falsa. Cada dia é um dia.
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de noite o destino da gente às vezes conversa, sussurra, explica, até pede para não se atrapalhar o devido, mas ajudar.
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Alguém estiver com medo, por exemplo, próximo, o medo dele quer logo passar para o senhor; mas, se o senhor firme aguentar de não temer, de jeito nenhum, a coragem sua redobra e tresdobra, que até espanta.
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Pelo
Daniela
Dia 5
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E aquele situado lugar não desmentia nenhuma tristeza. A vereda dele demorava uma aguinha chorada, demais.
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Tem, onde o senhor encosta a palma-da-mão em terra, e sua mão treme pra trás ou é a terra que treme se abaixando. A gente joga um punhado dela nas costas — e ela esquenta: aquele chão gostaria de comer o senhor; e ele cheira a outroras… Uma encruzilhada, e pois! — o senhor vá guardando… Aí mire e veja: as Veredas Mortas… Ali eu tive limite certo.
Daniela
A terra viva e com as suas vontades. O jagunço e a sua conexão com a terra.
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Até os pássaros, consoante os lugares, vão sendo muito diferentes. Ou são os tempos, travessia da gente?
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Não gosto de me esquecer de coisa nenhuma. Esquecer, para mim, é quase igual a perder dinheiro.
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Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas.
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Ele tinha que vir, se existisse.
Daniela
Dia 06
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Ele tinha que vir, se existisse.
Daniela
Riobaldo e o pacto com o capeta
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E de um lugar — tão longe e perto de mim, das reformas do Inferno — ele já devia de estar me vigiando, o cão que me fareja.
Daniela
Tão Longe e perto. Será que para ele o sertão é inferno?
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O que eu agora queria! Ah, acho que o que era meu, mas que o desconhecido era, duvidável. Eu queria ser mais do que eu. Ah, eu queria, eu podia. Carecia.
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Mas, Ele — o Dado, o Danado — sim: para se entestar comigo — eu mais forte do que o Ele; do que o pavor d’Ele — e lamber o chão e aceitar minhas ordens.
Daniela
Mas Riobaldo estava achando que o diabo era manipulável? Ingenuidade?
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Aí porque a cavalaria me viu chegar, e se estrepoliu.
Daniela
Então, será que os cavalos notaram o diabo no Tatarana?
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Somente
Daniela
Dia 08
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Ele queria me oferecer dinheiro, com seus meios queria me facilitar. Ah, não!
Daniela
Queria subornar Urutu Branco
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O amor de alguém, à gente, muito forte, espanta e rebate, como coisa sempre inesperada.
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Ah, e essas estradas de chão branco, que dão mais assunto à luz das estrelas.
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O dia ia ser lindo de leveza! — pelas beiradas do céu.
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Só às vezes,
Daniela
Dia 09
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“O senhor, meu chefe, requer e merece, e com gosto eu cedo… Acho que tenho para coisa de uns cinco ou sete, em estado regular.”
Daniela
Se ele não desse o que os jagunços fariam?
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Pouco se vive, e muito se vê… Reperguntei qual era o mote. — Um outro pode ser a gente; mas a gente não pode ser um outro, nem convém…
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Vai, viemos,
Daniela
Dia 10
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Aí tive até um pronto de rir: nhô Constâncio Alves não sabia que a vida era do tamanhinho só menos de que um minuto…
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Assim, noutro repingo: arejei que toda criatura merecia tarefa de viver, que aquele homem merecia viver — por causa de uma grande beleza no mundo, à repentina.
Daniela
Nem parece o mesmo Riobaldo. Diadorim já havia percebido.
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nhô Constâncio Alves
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presenteava.
Daniela
Presente forçado.
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Previsse que ia morrer só para indenizar do perdão dum outro, só por preencher o lugar que devia de ser o do nhô Constâncio Alves?
Daniela
Mas que merda!
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Ah, não. Agora, a vontade de matar tinha se acabado! Sei e soube: por certo que o demo, agora, escondia sua intenção, por desconfiar de que eu não fosse querer cumprir.
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Mas sabia igual que eu estava na estrita obrigação de matar — porque eu não podia voltar atrás na promessa da minha palavra declarada, que os meus cabras tinham escutado e glosado.
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Carecia de morrer, porque o diabo, por novas voltas, no nó de compromisso tinha me pegado; e porque outro ao-menos-remédio não havia.
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Como era que eu ia matar aquele sujeito, anunciado de pobre, e matar em vez de um outro, sadio em bojo, e rico?
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A cara dele, pelo malaventurar, se quebrava das formas e cor, e perpassava — ele era um ser com a cara desmanchada.
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Ao dito, porque eu tinha começado a desastrada estória, que um final razoável carecia de ter.
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“Nosso Chefe, com vênia eu peço: o senhor aceite de eu pagar em dinheiro o prêço deste inocente animal, que seja poupado… A eguinha não é de todo ruim…”
Daniela
O fofo do Fafafa.
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“Delibero o certo: o primeiro que eu vi, foi essa égua. Ela tinha de receber a morte… Ah, mas égua não é gente, não é pessoa que existe. E que? Ah, então, não é cabível que se mate a égua, por tanto que a minha palavra decidida era de se matar um homem! Não executo. A alçada da palavra se perdeu por si e se gastou — pois não está dito? Acho e dou que o negócio veio ao terminado.”
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“Tal a tal, o Chefe tira mais finíssimas artimanhas do que o Zé Bebelo próprio…” — um disse.
Daniela
Ele enrolava como Zé Bebelo.
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Do que acontecido,
Daniela
Dia 11
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Digo ao senhor: o diabo não existe, não há, e a ele eu vendi a alma… Meu medo é este. A quem vendi? Medo meu é este, meu senhor: então, a alma, a gente vende, só, é sem nenhum comprador…
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Diadorim: que, bastava ele me olhar com os olhos verdes tão em sonhos, e, por mesmo de minha vergonha, escondido de mim mesmo eu gostava do cheiro dele, do existir dele, do morno que a mão dele passava para a minha mão.
Daniela
Mas ele não se questionava estes sentimemtos por um outro homem? Afinal naquela época nao era tão aceito, talvez menos ainda no meio dos jagunços.
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Tu vigia, Riobaldo, não deixa o diabo te pôr sela…
Daniela
Fez o pacto e não quer o domínio dele?