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O mal é que me distraio quando me ponho a escrever contos... Fico com medo de estar escrevendo a coisa em vez de vivê-la... Fico pensando que talvez a vida esteja à minha espera nos jardins japoneses do Ritz,
Fico com medo de estar escrevendo a coisa em vez de vivê-la... Fico pensando que talvez a vida esteja à minha espera nos jardins japoneses do Ritz, em Atlantic City ou em East Side...
Seja como for, não sinto uma necessidade vital disso. Eu queria ser uma criatura humana comum, ma...
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Eu queria ser uma criatura humana comum, mas aquela garota não conseguia encarar as coisas desse modo. – Você vai encontrar outra. – Santo Deus! Tire essa ideia da cabeça. Por que você não me diz que “se a garota valesse a pena teria esperado por mim?”. Não, meu caro, a garota que realmente vale a pena não espera po...
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Todo escritor deveria escrever como se devesse ser decapitado no dia seguinte, ao terminar o seu livro.
Amory perguntou-se por que só o passado parecia sempre estranho e inacreditável.
– Diga, depressa, que eu o sou. Do contrário, puxo-a para cá e faço com que você vá na garupa. Ela o olhou e balançou a cabeça, excitada: – Oh, faça isso!... Ou melhor, não! Por que todas as coisas excitantes são tão incômodas, como combater, realizar explorações e esquiar no Canadá?
Quando a Vaidade beijou a Vaidade, há cem junhos felizes já passados, ele ficou a meditar sobre ela, ofegante, e para que todos os homens pudessem saber, rimou seus olhos com a vida e com a morte: “Através do tempo, salvarei o meu amor!” – disse ele, mas a Beleza se extinguiu com a sua respiração e, com seus amantes, ela morreu... – Sempre o espírito dele e não os olhos dela, sempre a sua arte e não os cabelos dela: “Quem aprendeu o ardil das rimas seja sensato e detenha-se diante de seus sonetos”...E, assim, todas as minhas palavras, embora verdadeiras, devem cantar-te em milhares de junhos,
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pois o que Shakespeare devia ter desejado, para ter escrito com tão divino desespero, é que a tal dama “vivesse”... E hoje ela não nos desperta nenhum interesse verdadeiro...
– Podre... podre o velho mundo – disse subitamente Eleanor. – E a coisa mais infeliz de todas... Por que nasci mulher? Por que não nasci estúpida? Olhe para você; você é mais estúpido do que eu, não muito, mas um pouco, e pode andar por aí, ficar entediado, ir depois para algum outro lugar, divertir-se com as garotas sem se envolver em sentimentalismos, pode fazer o que quiser e ser justificado...
Eu me interesso por Freud e tudo mais, mas acho medonho que todo o amor verdadeiro existente no mundo se constitua 99 por cento de paixão e apenas uma pitada de ciúme. – Terminou tão abruptamente quanto havia começado.
Pela primeira vez na vida quase desejava que a morte envolvesse sua geração, acabando com suas mesquinhas febres, suas lutas e suas exultações.
Sua juventude jamais lhe parecera tão extinta como agora, no contraste existente entre a extrema solidão de sua visita e a ruidosa e alegre festa de quatro anos antes.
Coisas que constituíram os mais simples lugares-comuns de sua vida, dormir bem, uma sensação de beleza em tudo que o cercava, todos os desejos se haviam dissipado, e as lacunas deixadas eram preenc...
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Agora ele compreendia a verdade: o sacrifício não era uma compra da liberdade. Era como um importante cargo eletivo, uma herança de poder – e para certas pessoas, em determinadas ocasiões, um luxo essencial, que implicava não uma garantia, mas uma responsabilidade, não uma segurança, mas um risco infinito.
O sacrifício, por sua própria natureza, era arrogante e impessoal; todo sacrifício devia ser eternamente arrogante.
que as últimas sombras da noite. – Permita-me lhe dizer uma coisa – continuou ela enfaticamente. – Quando você quiser se entregar a essa espécie de divertimento, afaste-se das bebidas, e quando quiser embriagar-se, afaste-se dos quartos de dormir. – Vou me lembrar disso.
Amory desejara-lhe a juventude, o fresco esplendor de sua mente e de seu corpo, aquilo que ela estava agora vendendo para sempre.
Detesto-as pela sua pobreza. Pode ser que a pobreza já tenha sido bela, mas hoje em dia é lamentável. É a coisa mais feia do mundo. No fundo, é mais limpo ser corrupto e rico do que inocente e pobre.”
Todas as suas calorias já se foram? R.: – Todas. Estou começando a me aquecer na virtude dos outros. P.: – Você é um sujeito corrupto? R.: – Acho que sim. Não tenho certeza. Não tenho mais certeza alguma no que se refere ao bem e ao mal. P.: – Isso, por si só, é um mau sinal? R.: – Não necessariamente. P.: – Qual seria o melhor
afinal de contas, “sujeitos assim tão maus”, pensar que lamentamos a perda da própria juventude quando não se está fazendo outra coisa senão sentir inveja das delícias perdidas.
Eu não quero reviver a minha inocência. Quero o prazer de tornar a perdê-la. P.: – Para onde você está se deixando
O infortúnio é capaz de me transformar num sujeito tremendamente mau – disse, lentamente.
Sim... fui talvez um egoísta na juventude, mas logo descobri que pensar demasiado em mim mesmo me tornava mórbido.
o homem, em sua ânsia de fé, nutre seu espírito com os alimentos mais convenientes que tem à mão.
Amory baseava sua perda de fé na ajuda de outrem, em vários e lacrimosos silogismos. Reconhecendo que sua geração, embora ferida e dizimada por aquela guerra vitoriana, era a herdeira do progresso; deixando de lado mesquinhas diferenças de conclusões que, embora pudessem ocasionalmente causar a morte de vários milhões de jovens,
O homem da rua ouvia as conclusões dos gênios mortos por meio de hábeis paradoxos e epigramas didáticos de terceiros.
A vida era uma trapalhada dos diabos... um jogo de rúgbi com todos os jogadores off side e o juiz expulso do campo, todos gritando que o juiz estaria do seu lado...
O progresso era um labirinto... Pessoas arremetendo cegamente e depois recuando alucinadamente, bradando que haviam encontrado... o rei invisível... o élan vital... o princípio da evolução... e pondo-se a escrev...
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Encontrou algo que desejava, que sempre desejara e sempre haveria de desejar: não ser admirado, como temera; não ser amado, como se esforçara por acreditar que ocorria, mas ser necessário aos outros, ser indispensável.
esta é uma época de grandes oportunidades e de novos empreendimentos.
Mas cuidado com aquele que, além de artista, é também um intelectual. O artista que não se adapta, um Rousseau, um Tolstoi, um Samuel Butler, um Amory Blaine...
há representantes do povo insubornáveis; presidentes que não são políticos; escritores, conferencistas, cientistas, estadistas que não são apenas uma fonte de renda para meia dúzia de mulheres e filhos.
Uma delas, de certo modo, aceita a natureza humana como ela é, vale-se da sua timidez, da sua fraqueza e da sua força para a realização de seus próprios fins. Por outro lado, existe o homem que, sendo espiritualmente solteiro, busca continuamente novos sistemas, que controlarão e neutralizarão certas tendências da natureza humana. Seu problema é mais árduo. Não é a vida que é complicada; é a luta para direcionar e controlar a vida.
A vida moderna – recomeçou Amory – já não muda de século em século, mas de ano em ano, dez vezes mais depressa do que em qualquer outra época:
A minha ideia é que temos que avançar muito mais depressa.
deveria ter um começo igual. Se o pai pode dotá-lo de um bom físico e a mãe de algum senso comum no início da sua educação, essa deveria ser a sua herança.
filho não deveria ser artificialmente amparado com dinheiro, enviado a esses terríveis colégios internos, arrastado pela faculdade... Todo menino deveria ter um começo igual.
A ideia de que para fazer um homem trabalhar é preciso segurar um punhado de ouro diante de seus olhos é algo inventado, não um axioma.
verdade é que o público fez uma dessas coisas surpreendentes e espantosas que só acontecem uma vez em cada século. Apreendeu uma ideia.
Que por mais que a inteligência e as habilidades dos homens possam diferir, seus estômagos são essencialmente iguais.
Vejam só! Isso é o que me faz desanimar do progresso. Ouçam isso! Eu poderia citar, logo de início, mais de uma centena de fenômenos naturais que foram modificados pela vontade do homem... uma centena de instintos humanos obliterados e dominados pela civilização.
Esses homens que dispõem apenas de um quarto de instrução e que possuem mentes rançosas como esse seu amigo aqui, essas criaturas que pensam que pensam em todas as questões que surgem, são tipos que vivem, em geral, em tremenda confusão mental.
acham que as pessoas incultas devam receber um salário elevado, mas não percebem que se tais pessoas não recebem um bom salário, seus filhos também não poderão ser educados, e caímos assim num círculo vicioso. Eis o que é a grande classe média!
Bem – disse Amory –, o que afirmo é que sou o produto de um espírito versátil em meio a uma geração inquieta...
uma nova geração dedicada, mais do que a anterior, ao medo da pobreza e ao culto do êxito; uma geração criada para encontrar todos os deuses mortos, todas as guerras terminadas, toda a fé no homem abalada...
E não saberia dizer por que aquela luta valia a pena, por que decidira valer-se o máximo de si mesmo e da herança que recebera das personalidades pelas quais passara...
– Eu me conheço – gritou –, mas isso é tudo.