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Diga isso a outro – zombou Amory. – Você sabe que é radiante. – E pediu a única coisa que, sabia, talvez a embaraçasse. Aquilo que a primeira pessoa enfadonha disse a Adão: – Fale-me de você. E ela deu-lhe a resposta que Adão talvez tenha dado: – Nada tenho a dizer.
– Parece que ninguém a aborrece – objetou ele. – Cerca da metade do mundo me aborrece – admitiu Clara –, mas acho que essa é uma boa média, não lhe parece?
a maior parte das pessoas bondosas ou arrastava sua bondade atrás de si como uma obrigação ou, então, a deformava, convertendo-a numa genialidade artificial – isso sem se falar dos sempre presentes presumidos e fariseus... (mas Amory jamais incluía essas pessoas entre as que conseguiam a salvação).
Você é tremendamente vaidoso, mas isso diverte as pessoas que percebem a preponderância da vaidade em você.
A verdadeira razão por que você tem tão pouca confiança em si próprio, embora viva anunciando com ar grave ao filisteu ocasional que é um gênio, é que você atribui a si próprio todo tipo de culpas atrozes e está procurando viver de acordo com a sua própria opinião. Você está sempre dizendo, por exemplo, que é um escravo do uísque.
você diz que tem caráter fraco, que não possui força de vontade. – Nem um pouquinho de força de vontade... Sou escravo das minhas emoções, dos meus gestos, do meu ódio pelo tédio, da maior parte dos meus desejos... – Não é! – exclamou ela, pousando uma das mãos sobre a outra. – Você só é escravo, escravo irremediável, de uma coisa no mundo: da sua imaginação.
Você deixa que a sua imaginação brilhe durante algumas horas a favor dos seus desejos, depois é que decide.
Naturalmente, a sua imaginação, após um pouco de liberdade, arquiteta um milhão de razões segundo as quais você deveria ficar, de modo que a sua decisão, quando você a toma, não é verdadeira. É influenciada pelos seus desejos.
Essa pequena explosão deveu-se unicamente à primavera. – Você também é uma primavera!
Há coisas profundas em nós, e você sabe tão bem quanto eu quais são elas. Temos grande fé, embora a sua, no momento, esteja cristalizada; possuímos uma terrível honestidade, que nenhuma das nossas sofisticações pode destruir, sobretudo uma simplicidade infantil que nos impede de ser realmente maldosos.
O meu coração está no coração do meu filho E a minha vida, certamente, está na sua vida. Um homem só pode ser duas vezes Na vida de seus filhos.
Às vezes gostaria de ser inglês; a vida americana é terrivelmente idiota, estúpida e saudável.
Não há dádiva mais perigosa para a posteridade do que algumas trivialidades ditas com inteligência.
Acho que de cada quatro homens que descobriram Paris, apenas um descobriu Deus.
Deseja que as pessoas a apreciem, mas se elas não o fazem, isso jamais a preocupa ou muda sua maneira de ser.
ROSALIND decepcionara-se com homem após homem como indivíduo, mas tinha grande fé nos homens como sexo.
Uma última qualificação: sua personalidade viva, ágil, nada tinha de consciente ou teatral, como a que AMORY descobrira em ISABELLE. MONSENHOR DARCY certamente teria dificuldade para decidir se se tratava de uma “personalidade” ou de um “personagem”. Ela talvez fosse um misto delicioso, inexprimível, de ambas as coisas, o qual ocorre apenas uma vez em cada século.
Acha que devemos fingir? Tão cedo assim? ELA: O nosso padrão de tempo é diferente do das outras pessoas. ELE: Então já existem... as outras pessoas. ELA: Façamos de conta... ELE: Não, não posso... Trata-se de algo que diz respeito ao sentimento. ELA: E você não é sentimental? ELE: Não. Sou romântico... Uma criatura sentimental acha que as coisas vão durar... Uma criatura romântica espera, mesmo contra toda esperança, que não durem... O sentimento é emocional.
Há vários amigos solteiros do seu pai que quero que você conheça esta noite... Homens ainda jovens. ROSALIND (acenando a cabeça com ar experiente): Jovens de uns 45 anos? SRA. CONNAGE (rispidamente): E por que não? ROSALIND: Ah, que ótimo... Eles conhecem a vida e têm um ar tão admiravelmente cansado... (balança a cabeça), mas vão dançar.
Eu a amo. ROSALIND (friamente): Eu sei. GILLESPIE: E você não me beija há duas semanas. Eu achava que depois que a gente beijava uma garota ela estava... estava... conquistada. ROSALIND: Essa época já passou. Eu tenho de ser conquistada de novo todas as vezes que você me encontra.
Dispondo de um começo decente, qualquer moça pode derrotar um homem hoje em dia.
ROSALIND (inclinando-se para ele, confidencialmente): Por causa daquele primeiro momento, quando o homem está interessado. Há um momento... pouco antes do primeiro beijo, uma palavra sussurrada, algo que faz com que a coisa valha a pena.
Ela não vai se casar com ele, mas uma garota não precisa casar-se com um homem para que ele sofra.
AMORY: Tenho a impressão de que já a conheço há séculos. ROSALIND: Ah, você vai começar com a história das pirâmides? AMORY: Não... Ia começar com a França. Eu era Luís XIV e você uma das minhas... (Mudando de tom) Suponhamos que nos apaixonássemos... ROSALIND: Eu já sugeri que fizéssemos de conta. AMORY: Se isso acontecesse, seria algo grande. ROSALIND: Por quê? AMORY: Porque as criaturas egoístas são, de certo modo, terrivelmente capazes de grandes amores.
AMORY: E então? ROSALIND: E então? AMORY (suavemente, perdendo a batalha): Eu a amo. ROSALIND: Eu o amo... agora. (Beijam-se.)
ROSALIND: Eu o amo... neste momento. (Afastam-se.) Oh, sou muito jovem, graças a Deus... e bastante bonita, graças a Deus... e feliz, graças a Deus... (Faz uma pausa e, num estranho assomo de profecia, acrescenta) Pobre Amory! (Ele a beija novamente.)
Pela segunda vez na vida Amory passou por uma transformação completa, e começava, apressadamente, a se alinhar com sua geração.
Não consigo dizer – prosseguiu Amory – quanto ela é maravilhosa. Não quero que você saiba. Não quero que ninguém saiba. Outro suspiro veio da janela, um suspiro bastante resignado. – Ela é vida, esperança e felicidade... É todo o meu mundo agora.
Quero pertencer a você. Quero que a sua família seja a minha família. Quero ter filhos seus. – Mas eu não tenho família. – Não ria de mim, Amory. Apenas beije-me. – Farei o que você quiser. – Não. Eu é que farei o que você quiser. Nós somos você, não eu. Oh, você é uma parte tão grande, uma parte tão grande de toda a minha pessoa...
– Sinto-me tão feliz que tenho medo. Não seria medonho se isso fosse... o ponto máximo? Ela o fitou, sonhadoramente. – A beleza e o amor passam, eu sei... E há a tristeza, também. Acho que toda grande felicidade é um pouco triste. A beleza significa a fragrância das rosas e a morte das rosas... – A beleza significa a agonia do sacrifício e o fim do sacrifício...
“Aquilo de modo algum tornou o salto mais fácil”, disse-me ela. “Apenas tirou toda a coragem da coisa.” E agora eu lhe pergunto: o que é que se pode fazer com uma garota assim? Uma coisa desnecessária como aquela... Gillespie não compreendeu por que Amory sorriu tão alegremente durante todo o almoço. Julgou que ele talvez fosse um daqueles otimistas vazios.
Mais do que qualquer outra coisa, amo as suas mãos. Vejo-as com frequência quando você está longe de mim... tão cansadas. Conheço todas as linhas delas. Mãos queridas!
Pois isso é sabedoria – amar e viver, Aceitar o que o destino ou os deuses possam dar-nos; Não fazer perguntas, não orar, Beijar os lábios e acariciar os cabelos, Apressar a maré da paixão e saudar o seu fluxo, Ter e reter e, no devido tempo, deixar ir.
sob a dolorida tristeza, que passará com o tempo, ROSALIND sente que perdeu alguma coisa, não sabe bem o quê, não sabe bem por quê.)
Mais tarde, ficaria satisfeito de uma maneira vaga por poder pensar que “determinada coisa terminara exatamente às oito e vinte de uma manhã de quinta-feira, dia 10 de junho de 1919”.
vácuo... Perdido o idealismo, converti-me em um animal
Procuremos o prazer onde pudermos encontrá-lo, pois amanhã morreremos. Eis a minha filosofia daqui para a frente.
O que você está comemorando, Amory? Amory inclinou-se para ele, em tom confidencial: – Estou comemorando a falência da minha vida. A grande falência da minha vida. Não posso dizer mais a respeito...
– O senhor estava apenas começando. Nunca trabalhou antes – disse friamente o Sr. Barlow. – Mas foram gastos 10 mil dólares na minha educação a fim de que eu pudesse escrever essas malditas coisas para o senhor. De qualquer modo, no que se refere ao serviço, o senhor tem aqui datilógrafas com mais de cinco anos de casa que recebem 15 dólares por semana.
Sentiu-se não só intrigado como deprimido por Retrato do artista quando jovem,
Monsenhor Darcy ainda acha que o senhor é a reencarnação dele, e que a sua fé eventualmente vai se iluminar. – Talvez – assentiu Amory. – No momento, sinto-me bastante pagão. É que a religião parece não ter a menor relação com a vida na minha idade.
se ao menos aquela renovação de antigos interesses não significasse que ele estava se afastando de novo dela... afastando-se da própria vida.
– Sim – respondeu Amory, pensativo. – Mas eu estou mais do que entediado. Estou inquieto. – O amor e a guerra fizeram isso com você.
Meu Deus, que prazer eu costumava experimentar ao sonhar que poderia ser um grande ditador ou escritor, um líder político ou religioso! E, agora, nem mesmo um Leonardo da Vinci ou um Lorenzo de Médici poderiam deixar de ser um verdadeiro e antiquado entrave no mundo. A vida é demasiado grande e complexa. O mundo está tão pesado que não consegue sequer erguer os próprios dedos, e eu planejava ser um desses dedos importantes...
Antigamente, a guerra costumava ser a busca mais individualista do homem, e, no entanto, os heróis populares da guerra não têm nem autoridade nem responsabilidade:
Um grande homem, na verdade, não tem tempo para outra coisa a não ser ficar sentado e ser grande.
Conheço a coisa! Eu costumava fazer crítica literária na universidade; considerava extremamente divertido referir-me ao mais recente, honesto e consciencioso esforço de alguém no sentido de propor uma teoria ou um remédio como “uma contribuição bem-vinda às nossas leituras ligeiras
Queremos acreditar. Jovens estudantes procuram crer em autores mais velhos, eleitores procuram crer em seus representantes no Congresso, países procuram crer em seus estadistas... mas não podem! Há demasiadas vozes, demasiada crítica irrefletida, ilógica, dispersa.
Por 2 centavos o leitor compra a sua política, os seus preconceitos, a sua filosofia. Um ano depois, há um novo tom político ou uma mudança na direção do jornal. Consequência: mais confusão, mais contradição, uma súbita irrupção de novas ideias, o seu afinamento, a sua destilação, a reação contra elas...
Já tenho na minha alma pecados mais do que suficientes sem meter na cabeça dos outros epigramas perigosos, superficiais. Talvez eu pudesse fazer com que um pobre e inofensivo capitalista tivesse alguma ligação vulgar com uma bomba, ou fazer com que um bolchevistazinho inocente se visse envolvido com balas de metralhadora...