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Dizem, portanto, que o Amor é uma criança; porque, ao escolher, ele é tantas vezes enganado. Como meninos travessos numa brincadeira quebram as próprias promessas, assim o menino Amor comete perjúrio em todo canto.
Bute – Então prevalece o destino: para cada homem que mantém sua palavra, um milhão de outros falham, quebrando um juramento depois do outro.
Cupido é um grandissíssimo velhaco: Deixa pobres fêmeas de raciocínio fraco.
Os amantes e os loucos têm cérebros tão fervilhantes, fantasias tão imaginativas, que acabam por conceber mais do que a fria razão pode compreender.
O lunático, o amante e o poeta são compostos tão somente de imaginação. Um enxerga tantos demônios que estes não cabem em todo o vasto inferno; assim é o louco. O amante, tão desvairado quanto, enxerga a beleza de Helena de Troia no rosto de uma cigana. O poeta revira os olhos num fino e furioso frenesi, lança um olhar do céu para a terra, outro da terra para o céu e, à medida que a imaginação vai desenhando os contornos de coisas não conhecidas, a pena do poeta vai lhes dando formas, e coloca um nada etéreo em uma habitação local e inventa-lhe um nome.