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O belo é podre, e o podre, belo sabe ser; Ambos pairam na cerração e na imundície do ar.
Duvidosa era a situação, como a cena de dois nadadores exaustos que se agarram um ao outro e afogam a própria arte.
da mesma nascente de onde parecia-nos que chegava o consolo, avoluma-se o desconsolo.
A terra tem em si bolhas de ar, assim como a água, e essas figuras-bolhas são da terra e da água.
Mas é estranho, porque muitas vezes, no intuito de conduzir-nos até a destruição, os instrumentos de Satã contam-nos verdades, cativam-nos com insignificâncias claramente honestas, só para trair-nos em conseqüências as mais profundas. –
Os temores do presente são menores que as horríveis figuras da imaginação. Meu pensamento, este que em si acolhe um assassínio não mais que fantasioso, sacode de tal maneira o reino de minha condição humana e única, que toda ação fica asfixiada em conjeturas, e nada mais existe, a não ser o que não existe.
à semelhança de nossas roupas novas: aderem ao corpo não por causa do molde, mas em função do uso.
Aconteça o que acontecer, o tempo e as horas sempre chegam ao fim, mesmo do dia mais duro dentre todos os dias.
Nada do que ele fez em sua vida foi tão apropriado quanto esse despedir-se dela.
Não existe arte pela qual se possa adivinhar o caráter de um homem só em observando-lhe a fisionomia.
À Vossa Alteza compete receber o que é de nossa competência, e a nós compete cumprir com nossas obrigações para com vosso trono, o Estado, as crianças e os servidores, aqueles que fazem precisamente o que deles é esperado, ao fazerem tudo do modo mais seguro para assim assegurar o vosso amor e a vossa honra.
Deixa-me abraçar-te, prendê-lo perto do meu coração.
que os símbolos de nobreza iluminem, como estrelas, todos os que são deles merecedores.
Estrelas, escondam o seu brilho; não permitam que a luz veja meus profundos e escuros desejos. Que o olho se feche ao movimento da mão; e, no entanto, que aconteça! Que aconteça aquilo que o olhar teme quando feito está o que está feito para ser visto.
Isso pensei por bem contar-te (minha adorada parceira na grandeza), para que não se passassem em branco os teus direitos de regozijo, para que não ignores as grandezas que a ti estão prometidas. Acolhe isso em teu coração, e recebe minhas despedidas.
Deves estar desejando de um modo sagrado aquilo que desejas tanto. Não queres jogar sujo, e mesmo assim desejas vencer de modo indevido.
la. E desejas também aquilo que temes fazer, e teu temor é maior do que teu desejo de que tal ato pudesse ser omitido.
Vinde vós, espíritos que sabem escutar os pensamentos mortais, liberai-me aqui de meu sexo e preenchei-me, da cabeça aos pés, com a mais medonha crueldade, até haver ela de mim tomado conta.
Vem, Noite espessa, e veste a mortalha dos mais pardacentos vapores do Inferno, que é para minha fina afiada faca não ver a ferida que faz, que é para o Céu não poder espiar através da coberta de escuridão a tempo de gritar “Pare, pare”!
Para enganar o tempo, compõe-te de acordo com o momento; ostenta boas-vindas em teu olhar, em tua mão, em tua língua. Com a aparência de inocente flor, sê a serpente sob esse disfarce.
tu deves colocar sob minha incumbência o grande empreendimento desta noite,
O amor que nos acompanha por vezes é motivo de nossa preocupação, mas por ele ainda assim somos gratos, pois é amor.
Ele aqui se encontra sob dupla salvaguarda: primeiro, sou dele parente e súdito, duas fortes razões contra tal ato; depois, como seu anfitrião, devo fechar meus portões a seu assassino, e não empunhar eu mesmo a adaga.
Não tenho esporas com que ferir os flancos de minha intenção, e minha única montaria é esta Ambição exagerada, desejosa de saltar por cima de si mesma, só para tropeçar no outro lado.
Tens medo de ser na própria ação e no valor o mesmo que és em teu desejo?
Deixas que o teu “Não me atrevo” fique adiando tua ação até que o teu “Eu quero” aconteça por milagre; como a gata, coitadinha, que queria comer o peixe mas não queria molhar a pata.
Quem se atreve a mais, homem não é.
Quando te atreveste a fazê-lo, então sim, eras um homem! E, para seres mais do que eras, terias de ser muito mais homem.
Encontro-me agora determinado, e tensionada está cada fibra de meu corpo, em prontidão para esse terrível feito. Vamos! Que se enganem os outros com nossa aparência mais serena. Aquilo que sabe o coração falso, a cara falsa deve esconder.
Estão fazendo economia no céu. As luzes estão todas apagadas.
Potestades, refreiem em mim os pensamentos amaldiçoados aos quais a Natureza dá passagem durante o repouso dos mortais.
Se quiseres seguir o meu conselho, quando for chegada a hora, sobre teus ombros recairá muita honra. Banquo – Desde que eu não perca a honra ao buscar aumentá-la, desde que continue o meu coração imune a sentimentos de culpa, desde que permaneça eu um súdito leal, receberei de bom grado o seu conselho.
estuprador Tarquínio,
Tu, Terra sólida e firmemente assentada, não escutes os meus passos, nem para onde eles vão, pois temo que tuas próprias pedras trepidem e espalhem a notícia de meu paradeiro, assim roubando deste momento seu horror silente, que lhe cai tão bem. Enquanto eu ameaço, ele vive. Palavras só fazem soprar um hálito gelado sobre o calor das ações.
A tentativa, e não o ato, é o que nos aniquila.
Mas então por que não consegui pronunciar “Amém”? Tinha eu a maior precisão de ser abençoado, e aquele “Amém” entalou em minha garganta.
“Dormir, nunca mais! Macbeth é o assassino do Sono, do Sono inocente, do Sono que desenreda o novelo emaranhado das preocupações, do Sono que é a morte rotineira da vida de cada dia, o banho depois da árdua labuta, o bálsamo das mentes afligidas, o prato principal da grande mãe Natureza, o mais importante nutriente do banquete da Vida”.
“Dormir, nunca mais! Glamis matou o Sono, e, portanto, Cawdor não mais dormirá. Macbeth não mais dormirá.”
Ora, senhor, nariz vermelho, sono e muita urina. A luxúria, senhor, é por ela provocada e invalidada: provoca o desejo, mas rouba-lhe a potência. Portanto, bebida demais, senhor, pode-se dizer que é enganadora
O trabalho que fazemos com prazer cura a canseira que dele mesmo advém.
É a Noite assim tão predominante, ou será que envergonha-se o Dia, e por isso temos a Escuridão sepultando o rosto da Terra quando é a Luz viva que o devia estar beijando?
Vou me despedindo, antes que nossas antigas vestes pareçam-nos mais confortáveis que as novas.
certificação é valiosa, e distingue o veloz do lento, diz-nos qual o mais atilado, o cão-de-guarda, o caçador, cada um de acordo com o talento que lhe foi presenteado pela Natureza, mãe generosa. Assim é que ele recebe, no documento que os descreve a todos como semelhantes, uma designação particular. E o mesmo dá-se com os homens.
E eu sou outro, tão cansado de desastres, arrastado daqui para lá e de lá para cá pelo Destino, que arriscaria minha vida numa oportunidade, para remendá-la ou para, de vez, com ela acabar.
Nada se ganha, e tudo se perde, quando nosso desejo fica satisfeito sem contentamento. Mais seguro é ser o objeto que destruímos, mais seguro do que habitar uma alegria duvidosa, construída pela destruição.
Coisas para as quais não há remédio não devem ser contempladas. O que está feito está feito.
Agora, que a boa digestão preste homenagem ao apetite, e que a saúde homenageie a ambos.
Isso é um quadro que pintaste com as tintas do teu medo.
Já se foi o tempo em que um homem morria quando lhe arrancavam os miolos e... fim, estava liquidado o assunto. Nos tempos de agora, eles se põem de pé de novo, com vinte golpes mortais na cabeça, e nos tomam a cadeira. Isso é ainda mais criminoso que uma tal morte.