O Coração das Trevas
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Read between April 25 - April 29, 2013
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No entanto, Marlow não era um marinheiro típico (excetuando sua propensão a contar histórias), e, para ele, o significado de um episódio não estava dentro como um cerne, mas fora, envolvendo a narrativa que o descobriu apenas como um fulgor iluminando a neblina, na semelhança de um desses nevoentos halos que às vezes se tornam visíveis pela iluminação espectral do luar.
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Eram homens o bastante para encarar as trevas.
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Uma ideia que está por trás; não uma pretensão sentimental, mas uma ideia; e uma crença não egoísta na ideia – algo que se pode erguer, para depois se curvar diante e oferecer um sacrifício…”
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Gritavam, cantavam; seus corpos pingavam suor; suas caras pareciam máscaras grotescas – os tais sujeitos; mas tinham ossos, músculos, uma vitalidade selvagem, uma intensa energia de movimento, tão natural e verdadeira como a espuma ao longo da costa.
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Era como se estivesse fatigado com uma peregrinação por locais que seguidamente sugeriam pesadelos.
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Há um laivo de morte, um gosto macabro em mentiras – e é exatamente isso o que detesto no mundo –, o que procuro esquecer.
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Tenho a impressão de que estou tentando contar um sonho – uma tentativa vã, porque nenhum relato é capaz de transmitir a sensação onírica, onde aflora essa mistura de absurdo, surpresa e encantamento, num frêmito de emoção e revolta, essa impressão de ser capturado pelo inacreditável em que consiste a própria essência dos sonhos…”
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“…Não, é impossível; é completamente impossível transmitir as sensações de vida de qualquer época determinada de nossa existência – aquilo que a torna verdadeira, seu sentido – sua essência sutil e penetrante.
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É impossível. Vivemos, como sonhamos – sós…”
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Não gosto de trabalhar – nenhum homem gosta –, mas gosto do que existe no trabalho – a oportunidade de encontrar-se a si próprio. Sua própria realidade – para você mesmo, não para outros –, aquilo que nenhuma outra pessoa jamais poderia saber. Eles podem apenas ver o resultado final, mas nunca dizer o que realmente significa.
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Havia momentos em que o passado nos voltava à mente, como acontece algumas vezes quando não se tem um tempo reservado só para si próprio;
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Era algo extraterreno, e os homens eram… não, não eram inumanos. Bem, vocês sabem, não havia nada pior do que a suspeita de que não eram inumanos. E essa desconfiança pouco a pouco se apoderava de nós. Uivavam, saltavam, rodopiavam e faziam caretas horrendas; mas o que mais impressionava era a ideia de que eram criaturas humanas… como nós, a ideia de que havia um remoto parentesco entre nós e aquele selvagem e apaixonado furor. Horrível. Sim, era absolutamente horrível; mas, se éramos homens o bastante, admitiríamos que havia também dentro de nós, por mais débil que fosse, uma certa ...more
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Fixar os olhos tanto tempo em uma só coisa era demais para a paciência humana.
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dentre todos os seus dons, o que mais se salientava, o que mais carregava consigo um sentido de real e verdadeira presença era sua habilidade para falar, suas palavras… o dom da expressão, de nos deixar perplexos, iluminando o mais louvável e o mais desprezível fluxo palpitante de luz… ou enganosa fonte fluindo do coração das trevas impenetráveis.
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Nossa força aparece, a fé em nossa capacidade de cavar buracos discretos para enterrar a coisa – nosso poder de devoção, não a si próprio, mas a um obscuro e extenuante trabalho. E isso é bastante difícil.
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‘Mas, quando se é jovem, é preciso ver coisas, ganhar experiência, ideias, alargar a mente.’
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‘Eu ia sempre um pouco mais longe’, disse ele, ‘depois ainda mais longe… até chegar tão longe, que já não sei mais como voltar.
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Certamente não queria nada da selva além de espaço para respirar e seguir adiante. Tinha necessidade apenas de existir e continuar avançando, com o maior risco possível e o máximo de privações. Se alguma vez um espírito de aventura absolutamente puro, desinteressado e destituído de qualquer finalidade prática chegou a dominar um ser humano, tal era o caso desse jovem coberto de retalhos.
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Ela parecia haver consumido todo seu eu tão completamente que, mesmo quando estava conversando com você, você esquecia que era ele – o homem diante dos seus olhos – que havia passado por essas coisas.
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Mostravam apenas que o Sr. Kurtz não se continha na gratificação de seus vários desejos, que faltava alguma coisa nele – alguma pequena substância que, quando despertada pela necessidade premente, não podia ser encontrada sob sua magnífica eloquência.
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Kurtz… Kurtz… significa curto em alemão – não é verdade?
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A voz… a voz! Era grave, profunda, sonora, ao passo que o homem parecia incapaz de um murmúrio. No entanto, tinha força suficiente – artificial, sem dúvida – para quase acabar conosco, como saberão em breve.
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E, no silêncio que subitamente caíra sobre toda a lastimosa terra, a selva imensa, o corpo colossal da fecunda e misteriosa vida, parecia olhar para ela, pensativa, como se estivesse olhando para a imagem de sua alma tenebrosa e apaixonada.
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Desprendera-se da Terra a pontapés. Diabo de homem! Chutara a própria Terra, desfazendo-a em pedaços. Agora ele estava só, e, diante dele, eu não sabia se permanecia no chão ou flutuava no ar. Tenho narrado a vocês o que falamos… repetindo as frases que pronunciamos… mas para quê? Eram palavras comuns, corriqueiras – os sons vagos e familiares que emitimos ao despertar cada manhã. Mas e daí? É que para mim elas continham também a fabulosa sugestividade de palavras ouvidas em sonhos, de frases faladas em pesadelos. Alma! Se alguém alguma vez lutou com uma alma, esse alguém sou eu.
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Nenhuma eloquência poderia ter sido tão devastadora à nossa crença na humanidade como sua explosão final de sinceridade.
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Vi o mistério inconcebível de uma alma que não conhecia limite, nem fé, nem medo, embora lutasse cegamente contra si própria.
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e a vida de Kurtz corria rapidamente também, fluindo do seu coração para o mar de tempo inexorável.
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Mas tanto o amor diabólico como o ódio sobrenatural dos mistérios que havia penetrado lutavam pela posse daquela alma saciada de primitivas emoções, ávida de falsa fama, de enganosa distinção, de todas as aparências de sucesso e poder.
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Estaria ele revivendo sua vida, em todos os detalhes, com seus desejos, tentações e entregas, naquele supremo momento de total conhecimento? Gritou, então, num sussurro, para alguma imagem, alguma visão – gritou duas vezes, um grito que não era mais do que um sopro: “‘O horror! O horror!’
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Coisa engraçada é a vida – misterioso arranjo de lógica implacável para um propósito fútil. O máximo que você pode esperar dela é algum conhecimento de si próprio… que chega tarde demais… uma colheita de inesgotáveis arrependimentos.
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Se tal é a forma da última e definitiva sabedoria, então a vida é um quebra-cabeça maior do que alguns de nós supõem que seja. Eu estava a milímetros da minha última oportunidade para fazer um pronunciamento, e descobri, com humilhação, que provavelmente não teria nada para dizer.
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Ele realmente deu aquele último passo, transpôs a borda do abismo, enquanto a mim foi permitido recuar o pé hesitante. E talvez aí esteja toda diferença; talvez toda sabedoria, toda verdade e toda sinceridade estejam apenas contidas naquele inapreciável momento em que ultrapassamos o limiar do invisível. Talvez! Gosto de pensar que minha recapitulação final não teria sido uma palavra de indiferente desprezo. Melhor o seu grito… muito melhor. Foi uma afirmação, uma vitória moral paga por inumeráveis derrotas, por abomináveis terrores, por abomináveis prazeres.
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Eu não tinha clara percepção do que realmente desejava. Talvez fosse um impulso de inconsciente lealdade, ou o preenchimento de uma dessas irônicas necessidades que ocultam os fatos da existência humana. Não sei. Não tenho condições de dizer.
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