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Kindle Notes & Highlights
Todos nós temos mistérios, especialmente quando vistos pelo lado de dentro.
Já estou me esquecendo dos detalhes deles. Tenho que esquecer; caso contrário, nunca vou me lembrar de quem sou realmente.
Ela está tão perdida na própria tristeza que não faz ideia do quão visível está.
Se tem uma coisa que aprendi, é isso: todos nós queremos que tudo fique bem. Nem mesmo desejamos que as coisas sejam fantásticas, maravilhosas ou extraordinárias. Satisfeitos, aceitamos o bem, porque, na maior parte do tempo, bem é o suficiente.
Gosto disso. Passo tanto tempo pensando em fugir, que é bom fazer isso de verdade. Por um dia. É bom estar do outro lado da janela. Não faço isso o suficiente.
Tem tantas coisas dentro dela que quero saber. E ao mesmo tempo, em todas as palavras que dizemos, sinto que pode haver alguma coisa dentro dela que eu já conheça. Quando eu chegar lá, vamos nos reconhecer. Vamos ter isso.
Tem uma parte da infância que é infantil, e uma parte que é sagrada. De repente estamos tocando a parte sagrada, correndo pela orla, sentindo a primeira onda fria nos tornozelos, enfiando as mãos na maré para pegar conchas antes que refluxem de nossos dedos. Voltamos a um mundo que é capaz de brilhar, e estamos entrando mais fundo nele.
Esta fuga. A água. As ondas. Ela. Parece que estamos além do tempo, embora tal lugar não exista.
O momento em que você se apaixona parece carregar séculos, gerações atrás de si — tudo isso se reorganizando para que essa interseção precisa e incomum possa acontecer. Em seu coração, em seus ossos, por mais bobo que saiba que é, você sente que tudo levou a isso, que todas as flechas secretas estavam apontando para este lugar, que o universo e o próprio tempo construíram isso muito tempo atrás, e agora você acaba de perceber que chegou ao local onde sempre deveria ter estado.
Uma coisa é se apaixonar. Outra é sentir alguém se apaixonando por você, e sentir-se responsável por esse amor.
Quando você experimenta algo grandioso, o momento persiste em toda parte para a qual você olha, e quer ocupar todas as palavras que você diz.
E não é uma tristeza bonita; a tristeza bonita é um mito. A tristeza transforma as feições em argila, não em porcelana.
— Mas ele também pode ser incrivelmente fofo. E eu sei que, bem lá no fundo, sou tudo para ele. — Bem lá no fundo? Isso parece acomodação para mim. Você não deveria ter que ir tão fundo para ser amada.
Essa é a armadilha de ter algo para o qual se viver: Todo o resto parece sem vida.
É um ciclo difícil de vencer. O corpo está trabalhando contra você. E, por causa disso, você se desespera mais ainda, o que só aumenta o desequilíbrio. É preciso uma força incomum para conviver com essas coisas. Mas eu vi essa força mais de uma vez. Quando entro na vida de alguém que está lutando, tenho que refletir essa força e, algumas vezes, ultrapassá-la, porque estou menos preparado. Reconheço os sinais agora. Sei quando pegar os vidros de comprimidos, quando deixar o corpo seguir o próprio rumo. Tenho que ficar me lembrando: este não sou eu. É a química. É a biologia. Não é quem eu sou.
Ela tem amigos, mas são as pessoas com quem passa o tempo, não com quem o divide.
E, mais uma vez, penso em como as pessoas usam o diabo para dar nome às coisas que temem. A causa e o efeito estão invertidos. O diabo não obriga ninguém a fazer coisas. As pessoas é que fazem as coisas e culpam o diabo por isso.
— Você gosta dele porque ele é um garoto perdido. Acredite, já vi isso antes. Mas você sabe o que acontece às garotas que gostam dos garotos perdidos? Elas se perdem também. Não tem erro.
É isso que o amor faz: que você queira reescrever o mundo. Que você queira escolher os personagens, construir o cenário, dirigir o roteiro. A pessoa que você ama senta de frente para você, e você quer fazer tudo que estiver ao alcance para tornar isso possível, infinitamente possível. E quando são apenas vocês dois a sós numa sala, você pode fingir que é assim que as coisas são, que é assim que serão.
Queria que o amor conquistasse tudo. Mas o amor não conquista tudo. Ele não pode fazer nada sozinho. Ele depende de nós para conquistar em seu nome.
Se você olhar para o centro do universo, existe frieza lá. Um vazio. No final das contas, o universo não se importa conosco. O tempo não se importa conosco. É por este motivo que temos que cuidar um do outro.