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Tecnicamente, ele tem idade para ser seu pai; só que, tecnicamente, dá para ser pai aos doze.
É feliz? Em termos gerais, é, acha que sim. Porém, não se esquece da última fala do coro de Édipo: Nenhum homem é feliz até morrer.
A ironia não lhe escapa: aquele que vai ensinar acaba aprendendo a melhor lição, enquanto os que vão aprender não aprendem nada.
“Lúcifer”, ele diz. “O anjo que foi atirado para fora do céu. Sabemos pouco de como vivem os anjos, mas podemos supor que não precisam de oxigênio. Em sua terra, Lúcifer, o anjo das sombras, não precisa respirar. De repente, ele se vê expulso para este nosso estranho ‘mundo respirante’. ‘Errante’: um ser que escolhe seu próprio caminho, que vive perigosamente, chegando mesmo a criar o perigo para si próprio.
É para isso que existem as putas, afinal: para aguentar os êxtases dos não atraentes.
“Acho que bode expiatório não é a melhor imagem”, ele diz, cauteloso. “O uso do bode expiatório funcionou na prática enquanto ainda havia poder religioso por trás da prática. Você jogava os pecados da cidade nas costas do bode e levava o bode embora; pronto, a cidade estava limpa. Funcionava porque todo mundo entendia o ritual, inclusive os deuses. Depois, os deuses morreram, e de repente era preciso limpar a cidade sem a ajuda divina. Passou-se a exigir ação real no lugar do simbolismo.