Desonra
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Read between February 12 - February 14, 2024
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É assim seu temperamento. Seu temperamento não vai mudar, está velho demais para isso. Está fixo, estabelecido. O crânio, depois o temperamento: as duas partes mais duras do corpo.
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Porém, não se esquece da última fala do coro de Édipo: Nenhum homem é feliz até morrer.
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Embora dedique diariamente horas e horas à nova disciplina, acha ridícula a primeira premissa constante da ementa de Comunicações 101: “A sociedade humana criou a linguagem para podermos comunicar nossos pensamentos, sentimentos e intenções”. Sua opinião, que ele não ventila, é que a origem da fala está no canto, e as origens do canto na necessidade de preencher com som o vazio grande demais da alma humana.
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Mas seus colegas de antigamente também estão na mesma, curvados pela formação inadequada para as tarefas que se meteram a cumprir; sacerdotes em uma era pós-religiosa.
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A ironia não lhe escapa: aquele que vai ensinar acaba aprendendo a melhor lição, enquanto os que vão aprender não aprendem nada.
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Eid,
Erwin Maack
Eid al-Fitr- fim jejum do Ramadã
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A beleza não é dona de si mesma.
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Blest be the infant babe. No outcast he. Blest be the babe.
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“É. Quando o resto falha, filosofe.”
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Sente o olhar dela enquanto come. Tem de ser cuidadoso: nada mais desagradável para um filho do que o funcionamento corpóreo de um pai.
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Quanto mais as coisas mudam, mais continuam as mesmas. A história se repete, embora em filão mais modesto. Talvez a história tenha aprendido uma lição.
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“Ser pai... O que eu sinto é que, comparado a ser mãe, ser pai é uma coisa abstrata demais. Mas vamos esperar e ver o que acontece. Se sair alguma coisa, você vai ser a primeira a saber. A primeira e provavelmente a última.”
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Grande é uma palavra generosa para Lucy. Ela logo será definitivamente gorda. Abandonada, como acontece quando alguém se retira do campo do amor. Qu’est devenu ce front poli, ces cheveux blonds, sourcils voûtés?
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Ele dá de ombros. “Estamos vivendo tempos puritanos. A vida privada é assunto público. A libido é digna de consideração, a libido e o sentimento. Eles querem espetáculo: bater no peito, mostrar remorso, lágrimas se possível. Um show de televisão, na verdade. Eu não concordei.”
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“Lembra de Blake?”, ele diz. “‘Melhor matar um bebê no berço que aninhar desejos não manifestos’?”
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Sua cabeça se transformou em um refúgio de pensamentos velhos, preguiçosos, indigentes, que não têm mais para onde ir. Devia livrar-se deles, varrer tudo. Mas não se dá ao trabalho, ou não se importa mais.
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Depois, os deuses morreram, e de repente era preciso limpar a cidade sem a ajuda divina. Passou-se a exigir ação real no lugar do simbolismo. Nasceu o censor, no sentido romano. Vigilância passou a ser a palavra-chave: a vigilância de todos por todos. Expurgo no lugar da purgação.”
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Gente demais, coisas de menos. O que existe tem de estar em circulação, de forma que as pessoas possam ter a chance de ser felizes por um dia. Essa é a teoria; apegar-se à teoria e ao conforto da teoria. Não a maldade humana, apenas um vasto sistema circulatório, para cujo funcionamento piedade e terror são irrelevantes. É assim que se deve ver a vida neste país: em seu aspecto esquemático.
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Será que Bill Shaw, nascido em Hankey, a menos de duzentos quilômetros, vendedor de uma loja de material de construção, conhece tão pouco do mundo a ponto de não saber que existem homens que não fazem amigos com facilidade, cuja atitude em relação à amizade entre homens é roída pelo ceticismo?
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Estupro, deus do caos e da mistura, violador da reclusão. Estuprar uma lésbica é pior que estuprar uma virgem: o golpe é maior. Será que sabiam o que estavam fazendo, aqueles homens? Teria corrido a notícia?
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Quando isso terminar, ele será como uma casca de mosca numa teia de aranha, quebradiço ao contato, mais leve que uma casca de arroz, pronto para sair flutuando.
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Por que a criatura que está sob a sombra da morte teria de sentir que ele recua como se o seu contato fosse repulsivo? Então deixa que o lambam, se quiserem, assim como Bev Shaw os acaricia e beija se eles deixam.
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Eles acham que eu devo alguma coisa. Se consideram cobradores de um débito, cobradores de imposto. Por que eu deveria poder viver aqui sem pagar? Talvez seja isso que eles dizem a si mesmos.”
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O casamento de Cronos e Harmonia: antinatural.
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Erwin Maack
Qualquer nação que queira se aperfeiçoar.
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Às vezes, quando está lendo ou escrevendo, solta-o do compartimento e deixa que passeie, com seu jeito grotesco, pelo quintal, ou que cochile aos seus pés. Não é “dele”, de jeito nenhum; teve o cuidado de não lhe dar um nome (embora Bev Shaw refira-se a ele como Driepoot, três patas); mesmo assim, ele é sensível à generosa afeição que o cachorro lhe dedica. De forma arbitraria, incondicional, foi adotado; o cachorro é capaz de morrer por sua causa, ele sabe disso.
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O que o cachorro não entenderá nunca (nem num mês inteiro de domingos!, ele pensa), o que seu focinho nunca lhe dirá, é que se pode entrar em uma sala absolutamente comum e nunca mais sair. Algo acontece naquela sala, algo não mencionável: ali a alma é arrancada do corpo; paira brevemente no ar, se torcendo e contorcendo; depois é sugada para longe e desaparece. Será incompreensível para ele, essa sala que não é uma sala, mas um buraco por onde se escorre para fora da existência.