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Confesso que li “Se isto é um homem” a propósito de um trabalho que tive de fazer no âmbito da pós-graduação em bibliotecas escolares para a disciplina de Leituras e Literacias I e no final da leitura senti-me profundamente satisfeita. O livro relata a história de Primo Levi , um judeu italiano que foi deportado para o Campo de Auschwitz, em 1944. Auschwitz, é o local onde se passa a maior parte dos acontecimentos que são relatados. Levi trabalhou nesse campo de concentração carregando carris de comboio. Foi vivendo um dia de cada vez e foi vendo os seus companheiros morrerem. A dada altura concorreu para trabalhar no Kommando químico do campo e, porque era licenciado em química, conseguiu passar no exame. A partir daí a sua vida mudou. Lentamente foi-se habituando à vida de morte no Campo.
A expressão “Se isto é um homem” tem origem num episódio relacionado com um homem chamado de Elias que conseguia fazer o trabalho de dois, que nem parecia humano pois resistia a tudo sem demonstrar qualquer dificuldade ou revelar fraqueza e que ao autor parecia frio, distante e sem qualquer afeto pelos companheiros. A ideia principal que o autor foi enfatizando ao longo do texto é que nenhum humano poderia resistir àquelas condições de vida: à nudez forçada, à solidão absoluta e à ausência de propriedade, ao frio e à fome, à perda de identidade (já que passaram a ser números), aos roubos, ao trabalho escravo e às doenças. A dada altura o autor questiona-se se continuaria a "ser humano" e morreria agarrado às esperanças de viver, ou poria de parte qualquer réstia de humanidade, vivendo um dia de cada vez, sem alimentar esperanças, e assim talvez sobrevivesse até ao final da Guerra.
Esta obra de leitura obrigatória, mostra-nos como a humanidade foi e é uma obra intemporal já que é capaz de nos pôr a refletir sobre aquilo que nos torna ou não humanos. É uma história de vida comovente e interessante, por diversas razões. Em primeiro lugar porque é uma história de sobrevivência e de resistência que demonstra a vontade de viver de um homem, e em segundo lugar, porque as descrições pormenorizadas e assustadoramente sóbrias e a partilha desprendida que o autor que faz das suas memórias e sentimentos fazem com que qualquer um se “perca” naquele mundo inimaginável.