Sinal de Fumaça
Andei trabalhando freneticamente em meu novo livro durante todo o mês de Abril, e isso resultou numa crise de tendinite como não tinha desde meus 16 anos, quando passava horas praticando escalas na guitarra. É engraçado, na minha cabeça nem peguei tão pesado assim (2k palavras por dia), mas chegou um momento em que digitar ficou impossível e eu realmente tive que parar por alguns dias.
Enquanto repousava os tendões inflamados, pesquisei sobre tendinite e a melhor forma de tratá-la em casa etc., e acabei lendo que as máquinas de escrever não causavam tendinite como os computadores. Posso atestar que isso é verdade, pois eu mesmo comecei a escrever numa Olivetti e naquela época nunca cheguei a ter problemas dessa natureza. Ora, você deve estar se perguntando, como a máquina de escrever, com seu teclado mais duro, poderia ser menos prejudicial que os modernos computadores e seus teclados de seda? Também me perguntei isso, e a explicação que li foi que na máquina nós tínhamos que fazer vários movimentos alternados (retornar o carro ao final de cada linha, trocar de folha, alinhar o papel etc.), daí não sobrecarregávamos uma única região, como acontece com o uso dos computadores, nos quais às vezes esquecemos até mesmo de respirar.
Já falei por aqui sobre o quanto eu gosto de máquinas de escrever (são mais efetivas para a escrita em si e agora descobri que também são mais saudáveis), mas acho que nunca falei que também gosto de computadores.
Sério, adoro computadores.
Quero dizer, tenho minhas reservas, claro, mas elas estão mais relacionadas à forma como eu costumava usar o computador do que com o computador isoladamente considerado. Explico: antes eu tinha problemas para focar no trabalho porque ao sentar diante do computador eu geralmente estava mais interessado em navegar por portais de notícias e redes sociais do que em abrir o Word e encarar a página em branco por algumas horas. Sei que você, leitor, me entende, sobretudo se também for escritor.
Mas informo, com grande alívio, que isso foi ontem, e que hoje não tenho mais esse problema. Consegui, com esforço diário, me disciplinar, adestrar meu cérebro em relação ao uso dos computadores, e o resultado não foi apenas excelente, mas também engrandecedor: em 30 dias, aumentei minha novela* em mais de 60k palavras, e escrevi um conto do qual gostei muito. Mas não foi só isso: sem redes sociais com as quais perder tempo, aumentei exponencialmente a quantidade de livros lidos e retomei a prática da corrida (ainda não sou um corredor como o Murakami, mas quem sabe chegue lá um dia).
Em relação à escrita, que é o que interessa aqui, escrevi mais em Abril do que em todos os outros meses de Dezembro até o final de Março. É verdade que durante o processo troquei o Word pelo Scrivener, mas isso não influenciou tanto no resultado quanto alguém pode acusar num primeiro momento: apenas me ajudou a organizar melhor as ideias, pois já que meu livro tem duas linhas narrativas e uma boa quantidade de personagens, trabalhar no Word teria sido menos efetivo (não que não pudesse fazê-lo, tenho um cérebro bastante flexível). O verdadeiro diferencial, isso sim, foi ter mudado a forma como uso o computador. Como Umberto Eco e o paralelo do carro (não entro no carro simplesmente pra entrar no carro, tampouco pra ficar rodando em círculos, mas entro porque preciso chegar a algum lugar), passei a usá-lo principalmente para escrever, pesquisar e mandar e-mails e, bom, no mais tardar em meados de Junho terei um first draft com cerca de 120k palavras após os primeiros cortes.
Então acho que isso se não chega a justificar, pelo menos explica minha ausência das redes sociais, certo?
* Sobre a distinção que faço entre Novela e Romance, leia esse post aqui.
Enquanto repousava os tendões inflamados, pesquisei sobre tendinite e a melhor forma de tratá-la em casa etc., e acabei lendo que as máquinas de escrever não causavam tendinite como os computadores. Posso atestar que isso é verdade, pois eu mesmo comecei a escrever numa Olivetti e naquela época nunca cheguei a ter problemas dessa natureza. Ora, você deve estar se perguntando, como a máquina de escrever, com seu teclado mais duro, poderia ser menos prejudicial que os modernos computadores e seus teclados de seda? Também me perguntei isso, e a explicação que li foi que na máquina nós tínhamos que fazer vários movimentos alternados (retornar o carro ao final de cada linha, trocar de folha, alinhar o papel etc.), daí não sobrecarregávamos uma única região, como acontece com o uso dos computadores, nos quais às vezes esquecemos até mesmo de respirar.
Já falei por aqui sobre o quanto eu gosto de máquinas de escrever (são mais efetivas para a escrita em si e agora descobri que também são mais saudáveis), mas acho que nunca falei que também gosto de computadores.
Sério, adoro computadores.
Quero dizer, tenho minhas reservas, claro, mas elas estão mais relacionadas à forma como eu costumava usar o computador do que com o computador isoladamente considerado. Explico: antes eu tinha problemas para focar no trabalho porque ao sentar diante do computador eu geralmente estava mais interessado em navegar por portais de notícias e redes sociais do que em abrir o Word e encarar a página em branco por algumas horas. Sei que você, leitor, me entende, sobretudo se também for escritor.
Mas informo, com grande alívio, que isso foi ontem, e que hoje não tenho mais esse problema. Consegui, com esforço diário, me disciplinar, adestrar meu cérebro em relação ao uso dos computadores, e o resultado não foi apenas excelente, mas também engrandecedor: em 30 dias, aumentei minha novela* em mais de 60k palavras, e escrevi um conto do qual gostei muito. Mas não foi só isso: sem redes sociais com as quais perder tempo, aumentei exponencialmente a quantidade de livros lidos e retomei a prática da corrida (ainda não sou um corredor como o Murakami, mas quem sabe chegue lá um dia).
Em relação à escrita, que é o que interessa aqui, escrevi mais em Abril do que em todos os outros meses de Dezembro até o final de Março. É verdade que durante o processo troquei o Word pelo Scrivener, mas isso não influenciou tanto no resultado quanto alguém pode acusar num primeiro momento: apenas me ajudou a organizar melhor as ideias, pois já que meu livro tem duas linhas narrativas e uma boa quantidade de personagens, trabalhar no Word teria sido menos efetivo (não que não pudesse fazê-lo, tenho um cérebro bastante flexível). O verdadeiro diferencial, isso sim, foi ter mudado a forma como uso o computador. Como Umberto Eco e o paralelo do carro (não entro no carro simplesmente pra entrar no carro, tampouco pra ficar rodando em círculos, mas entro porque preciso chegar a algum lugar), passei a usá-lo principalmente para escrever, pesquisar e mandar e-mails e, bom, no mais tardar em meados de Junho terei um first draft com cerca de 120k palavras após os primeiros cortes.
Então acho que isso se não chega a justificar, pelo menos explica minha ausência das redes sociais, certo?
* Sobre a distinção que faço entre Novela e Romance, leia esse post aqui.
Published on May 01, 2015 09:40
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