O Super de Superdotado (1/2)
O portador de altas habilidades, habilidades as quais não podem ser adquiridas por esforço pessoal, apresenta dois grandes Super Poderes: a SuperSensibilidade e a SuperInteligência.
O último por já ser muito difundido, apesar que geralmente de forma errônea e mitificada, não será debatido por hora, ficando reservado para o segundo artigo desta série, onde então o tema será devidamente elaborado e reitificado.

Supersensibilidade
Pois bem, nos voltemos portanto ao Super de SuperSensibilidade, uma face muitas vezes ignorada da problemática. Esta sensibilidade exarcebada produz Super Sensações como superaiva, supertristeza, supermedo, superansiedade, superalegria, entre outras; como tal fenômeno se gera? O alto habilidoso processa os estímulos internos e externos em outro nível cognitivo distinto do dos neurotípicos, sua intensidade de resposta se mostra proporcional ao modo singular de ver, sentir, percerber o acontecimento.
Há de se entender que a própria natureza do pensar neurodivergente se distingue dos demais, inclusive dentro da própria comunidade neurodiversa, proporcionando um acréscimo substancial à solidão inerentemente humana. Na vida há duas diferenças, a de natureza e a de escolha, o superdotado se enquandra obrigatoriamente na primeira, o que o condiciona a duas respostas padrão quanto à segunda: ou se resigna, se conforma e abaixa a cabeça pra maioria neurotípica mesmo resmungando, às vezes não só por dentro ou confronta, se revolta e tenta acomodar suas excepcionalidades ao mundo das massas.
coluna quebrada
A euforia que muitos neurotípicos experienciam apenas quando criança não é de toda rara nos superdotados adultos, ocorrendo várias vezes ao ano e inclusive atingindo ápices de êxtase que creio que os demais consigam apenas com o auxílio direto de substâncias entorpecentes. Entretanto, o neurodivergente também se encontra sujeito ao outro lado da moeda, experienciando desde novo um conjunto mais amplo, mais específico e não raro mais intenso de sensações das desagradáveis às prazerosas, passando por ínfimos, extremos e interstícios difíceis a impossíveis de serem descritos em termos dialéticos.
Peço aos neurotípicos que considerem tais questões ao lidar com um superdotado, pois os mesmos contratos sociais que formam e regulam vossa sociedade não estabelecem correspondência um por um com os termos pessoais e individuais com os quais vários neurodivergentes vivem e experienciam a realidade.
