[ Frugalidade ] Há como ser geek de tecnologia, porém frugal?
Hoje aqui no HBD Social Media & Restaurante Self Service vamos falar sobre um assunto sobre o qual leio bastante ultimamente.
Eu já sei até o que você está pensando e nem é por causa dos meus genes mutantes que meu médico se recusa a admitir que eu tenho.
“Izzy Nobre falando sobre frugalidade IZZY NOBRE FALANDO SOBRE FRUGALIDADE RSRSRSRS FAZ ME RIR É COMO O MALAFAIA FALANDO SOBRE DIREITOS HUMANOS OU O MALAFAIA FALANDO SOBRE QUALQUER COISA NA REAL”
Sim, de fato eu construí ao longos dos anos internéticos uma imagem de um esbanjador megaconsumista que joga dinheiro fora à toa na fútil e incessante busca dos gadgets do momento. Acho que este seria um excelente momento pra corrigir essa imagem.
De fato, eu adoro tecnologia. Acompanho e participo ativamente do culto ao chip. Tenho iPhone, iPad, Macbook, ereader, câmeras digitais, múltiplos consoles portáteis, etc.
Por algum motivo, no entanto, pessoas vêem isso e pensam que o sujeito comprou tudo no mesmo dia, de tanto que odeia o próprio dinheiro. Ou que esses gastos com tecnologia são a ponta do iceberg de um estilo de vida esbanjador. Que o sujeito não faz a menor idéia do que é um estilo de vida frugal, porque certamente endividou-se até a alma pra brincar com passatempos eletrônicos.
Certamente muita gente se encaixa nesse perfil — ainda mais no Brasil, que por políticas protecionistas sem qualquer sentido tarifam produtos importados com valores absurdos –, mas eu queria iniciar essa série sobre finanças e frugalidade explicando que não é meu caso.
O motivo pelo qual eu posso ter essas coisinhas são dois, na verdade. Primeiro…
Esses eletrônicos é que são extremamente acessíveis aqui no Canadá
Pra te dar uma noção, eu paguei na época míseros 300 dólares canadenses pra upgradear meu iPhone 4 pro iPhone 5, que saiu dois anos depois.

Alguns achariam que upgradear de 2 em 2 anos é um exagero financeiramente irresponsável, mesmo assim.
Pra obter esse preço tive que renovar meu contrato com a minha operadora, sim, mas entenda que isso não tem o estigma que tem aí no Brasil. TODO MUNDO aqui compra celulares subsidiados por um contrato com a operadora, ao contrário do nosso país onde fugimos de obrigações contratuais com prestadoras de serviço como o diabo foge da cruz feita de cruzinhas menores que por sua vez foram ungidas com o sangue do Papa.
Pra você compreender melhor o que 300 dólares significa pra vida financeira do canadense médio: trabalhos de fast food aqui costumam pagar entre 11 e 14 dólares por hora, numa semana de trabalho de 40 horas. Vamos com a média então, CAD$ 12.50 por hora.
Assim, um trabalhador de fast food tira exatamente 2 mil dólares por mes, antes dos impostos. Acaba saindo uns 1700 dólares líquidos, mais ou menos.
Ou seja: com o salário líquido de UM MÊS DE TRABALHO, um funcionário de fast food poderia comprar, se quisesse, CINCO iPhones.
Mas sei que vocês realmente gostam de celulares desbloqueados, então usemos isso como exemplo. Com o salário de um mês, um balconista do McDonalds pode comprar o iPhone 6 Plus de 128gb, o modelo mais caro oferecido pela Apple.

E sobraria dinheiro.
(Lembrando que este hipotético sujeito com literalmente um dos salários mais baixos do país tem acesso — além de pequenos luxos consumistas como o gadget do momento — a boa saúde, segurança, infraestrutura pública, e outras coisas. Algumas das vantagens de morar num país entre os 10 com maiores índices de desenvolvimento humano. Mas isso é assunto pra outro post, não quero deixar você ainda MAIS revoltado com o Brasil no momento)
Como se pode ver, esses pequenos luxos eletrônicos são infinitamente mais acessíveis aqui. Além disso, tem outro fator.
Eu sou INCRIVELMENTE frugal em todas as outras esferas, que é justamente o que me permite gastar dinheiro com tecnologia.
Eu não bebo, não uso drogas, não faço nada no fim de semana, ou em qualquer outro dia pra ser sincero. Há MESES não compro roupas novas, e geralmente compro sapatos baratos que faço durar por ANOS. Não faço basicamente NADA da vida a não ser trabalhar no hospital, e então voltar pra casa e trabalhar aqui no site e no meu canal.
O único luxo a que me dou direito é comer no restaurante do hospital quando não tive tempo de preparar comida, e fazer esses upgrades tecnológicos uma vez a cada dois anos.
Por isso, embora você às pense que eu sou um consumista super esbanjador, nem é o caso — é uma questão de como priorizo os meus gastos. Meu irmão, que caga e anda pra tecnologia, prefere gastar dinheiro com roupas de marca, por exemplo.
É possível, sim, ser frugal e ainda assim fã de tecnologia — especialmente quando você fatora o QUANTO você usará o aparelho em questão.
Darei um exemplo prático. Em 2008, enjoyei meu primeiro auge financeiro: um emprego que pagava 18 dólares por hora (até então meu salário mais alto na vida inteira), além de dividir apê com outras 2 pessoas e não ter carro.
Eu estava torrando dinheiro de uma forma inacreditável, e o fato de que eu não comecei uma poupança NESSA época me causa raiva até hoje. Em uma ocasião, eu comprei o volante da Microsoft pro Xbox 360 porque haveria uma festinha lá em casa e eu achei que seria bacana comprar pra galera jogar Burnout.
Ninguém jogou; o Rock Band ao lado dominou a atenção do núcleo videogamico da confraternização
Era esse volante. Na época, se me lembro bem, paguei uns 200 dólares por ele. Eu sequer curto jogo de corrida. Foi um gasto absurdamente desnecessário, se compararmos com um aparelho como um smartphone — que uso pra me comunicar com família, amigos e leitores, gerenciar meu site e meu canal — que são fontes de renda, afinal de conta, em vez de um simples hobby –, entre inúmeras outras coisas.
Hoje eu JAMAIS gastaria dinheiro com algo tão supérfluo, que eu SEI que usarei pouquíssimo. É por isso que passei ANOS sem consoles de mesa — quando eu e meu irmão prosseguimos cada um em direção à sua própria casa, na “partilha de bens” ele fez questão de ficar com os consoles, e eu não fiz questão de comprar substitutos pra eles.
Eu sabia que eu não ia extrair deles um valor equivalente ao preço da etiqueta. Preferi ficar sem.
Outra atitude minha em relação a gadgets, e que eu compreendo que é um pouco mais difícil no Brasil, é que eu sigo o seguinte algoritmo pra comprar um novo eletrônico (ou qualquer outra coisa na real):
Simples assim. Os nossos bons amigos Visa e Master Card condicionaram gerações a avaliar a hipotética compra de um objeto em termos de “tem limite no cartão? Tem? Então foda-se“. Pra muita gente, essa é a única variável que importa.
Esse algoritmo está fatalmente errado, e leva muitos a dívidas inescapáveis.
Convido-os a adotar um novo sistema. Como falei, sei que no Brasil é um POUCO mais difícil, mas não é impossível. Se você não pode comprar à vista, se compromete o seu orçamento mensal, e se você no fundo sabe que nem vai de fato usar a parada pra algo útil ou constante… refreie o impulso de abrir a carteira. Deixe passar a vontade.
Não sou nenhum especialista no assunto, mas quero ter uma conversa frequente com vocês aqui no HBD sobre hábitos de frugalidade, repensar consumismo, e priorizar experiências em vez de posses. Vamos de mãos dadas dominar o mundo financeiro!

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