Sabe o que eu queria? Eu queria viajar mais

Oi. Tudo bom? Tu cortou o cabelo? Tá bonito. Bem vindo de volta ao HBD. Obrigado pela preferência!


Vamos hoje falar de algo que eu queria muito fazer — e provavelmente você também. Eu queria viajar mais.


punta cana

Punta Cana, na República Dominicana. Uma paisagem ainda mais atraente considerando que daqui poucos meses estarei ENTERRADO em neve


Caralho, eu passei a noite inteira pensando em como escreveria esse texto, e agora sentado na frente do computador, me deu branco. Pera.


Ah, sim. Eu queria viajar mais.


Ultimamente venho pensando bastante em quais são, de fato, minhas prioridades nessa vida maldita que o Senhor McDonalds um dia vai sem dúvida findar. Completar meu curso, ser bem sucedido na minha carreira, ter os 1.1 filhos que famílias canadenses costumam ter, , comprar minha casa, etc etc etc etc.


Mas… às vezes eu sinto fortemente que eu preciso fazer algo a mais. Algo mais diferente da norma, algo mais aventureiro. Ver o mundo.


madeiras

Ilhas Madeiras, em Portugal


Eu leio blogs de caras que viajam bastante. O Tim, do Wait Buy Why (um dos MELHORES blogs de humor que eu já li na vida), está viajando por diversos países e escrevendo sobre a aventura. Não é nem a primeira loucura que o cara fez em prol de escrever um texto bacana — O post dele sobre 20 coisas que ele aprendeu na Coréia do Norte (sim, esse maluco foi lá mesmo) é hilariante e extremamente informativo.


Tem também o Chris Guillebeau (“Guilebô”, caso você esteja curioso), cujos escritos eu já recomendei aqui no HBD no passado. O cara é um problogger que escreve sobre viver de forma não-convencional, e uma das formas não-convencionais é que ele visitou literalmente todos os países do mundo. Admiro-o muito, embora críticos digam que os conselhos dele sejam às vezes vagos, às vezes óbvios.


Ele inclusive ensina como fazer isso de forma barata, se aproveitando de cartões de crédito que pagam milhas e usando-os pra pagar literalmente todas as suas despesas — evidentemente pagando o cartão completamente todo mês, senão em vez de viajar tu vai ser financeiramente arrombado com a intensidade de mil torcedores do Corinthians.


Vejo as fotos de suas viagens, as histórias sobre as pessoas que ele conheceu, e fico imensamente invejoso.


allure

Allure of the Seas, o maior cruzeiro do mundo. De acordo com a Wiki, ele é 50 milímetros maior que o segundo maior cruzeiro do mundo — uma diferença de pura tecnicalidade por causa de temperaturas ambientes diferentes durante as medições dos dois navios.


E a vontade de viajar não é simplesmente/necessariamente pra passar férias, não. Meio inspirado pelo Kerouac, pelos bloggers que citei acima, pelo Mr Manson (outro blogger viajante que foi ao Piauí e transformou a viagem num livro hilário), o que eu queria MUITO é meter meu iPad e minha câmera numa mochila e sair por aí escrevendo sobre o mundo. Há algo meio romântico na idéia do escritor errante e tal.


Agora, eis o dilema: se eu realmente tivesse culhões, eu poderia viajar a qualquer hora que eu quisesse. Ao contrário de pessoas que aspiram uma vida errante de aventuras ao redor do mundo, eu ocupo a rara e privilegiada posição de realmente poder fazer isso.


(Se eu tivesse culhões)


Estou no momento num hiato estudantil; só retorno ao meu curso em janeiro. Minha posição privilegiada no hospital me permite tirar férias praticamente em qualquer momento que eu quiser. E graças ao Patreon, eu não preciso necessariamente trabalhar num local fixo pra conseguir pagar minhas contas. Poderia — com alguma frugalidade — passar um mês inteiro viajando e escrevendo/fazendo vídeos sobre a aventura.


Isso sem contar que desde 2008 eu tenho uma poupança de emergência na qual JAMAIS toco. Com fundos de reserva, a ideia de viajar se torna ainda mais viável (embora este não seja o uso ideal pra esse tipo de pé-de-meia; idealmente, essa reserva é pra alguma catástrofe como perder o emprego ou coisa do tipo).


E pra facilitar mais ainda, eu sou desde 2012 um cidadão canadense. O perrengue tipicamente brasileiro de precisar pedir vistos pra viajar não me afeta.


O fator dificultante são dois, na real — o primeiro, o fato de que eu sou casado. Minha mulher não tem a mesma flexibilidade trabalhística que eu, e custear passagens/comida/hospedagem pra ambos estouraria o orçamento. Não é a toa que o Chris Guillebeau viajou o mundo inteiro sozinho, apesar de ser casado.


Admiro um casal que consegue fazer isso, mas eu e a Bebba somos muito próximos, e eu acho que não conseguiria realmente curtir a aventura sozinho. Eu e a Bebba somos o tipo de casal que mesmo que brigue furiosamente durante um dia ruim, à noite dormimos abraçados independente de qualquer coisa.


whistler

Lago Cheakamus, em British Columbia. Esse eu não tenho uma boa desculpa pra não conhecer, é relativamente perto de onde eu moro.


O outro fator é são os tais planos para o futuro. Eu tenho diversos conhecidos vivendo uma vida errante ao redor do mundo – uma amiga da minha esposa dando aulas de inglês na China, minha cunhada que vive como uma hippie 2.0, uma outra amiga que largou tudo pra ir morar na Austrália por um ano.


Uma constante entre essa turma é que eles não tem a menor idéia do que fazer no futuro, porque não estão acumulando nada financeiramente. Com isso, acabam sem nenhum plano de estudar, de comprar uma casa, nada do tipo. São aquele tipo de pessoa aventureira que vive “no momento”, um luxo que um homem casado de quase 30 anos não se pode dar.


E isso é o que mais pesa na minha já mencionada falta de culhão pra ir ver o mundo. Se eu torro, digamos, 2 mil dólares pra sair por aí com uma mochila nas costas documentando tudo pro meu site e pro vlog, são 2 mil dólares a menos pra investir (ando obcecado com a idéia de investir, a propósito — queria uma aposentadoria precoce pra passar minha meia idade brincando com meus futuros filhos); 2 mil dólares a menos pra pagar meu carro, ou a casa que eu ainda não comprei.


Ainda assim, a idéia de falar “foda-se”, socar tudo que preciso pra manter o site e o canal numa mochila (e talvez algumas roupas também, provavelmente também precisarei disso) e ir o mais longe possível de onde eu estou é muito, mas muito tentadora mesmo.


O que vocês acham, amigos?


 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on August 25, 2014 10:56
No comments have been added yet.


Izzy Nobre's Blog

Izzy Nobre
Izzy Nobre isn't a Goodreads Author (yet), but they do have a blog, so here are some recent posts imported from their feed.
Follow Izzy Nobre's blog with rss.