FLA-FLU da FLIP
FLA-FLU literário.
Existe uma guerra fria entre 2 grupos que disputam a crítica literária:
Literatura Comparada x Linguística
Por alto, seria como comparar o tema abordado em sua época com o estilo de um autor, antropologia versus semiótica, psicologia dos personagens versus linguagem.
Conrad é um autor de estilo pobre e infinita compreensão do seu tempo.
Graciliano não era estilista como Guimarães.
Nem Kafka como Joyce.
Mas não dá para afirmar que um é mais ou menos importante que outro.
Nem que existe o jeito certo de se fazer literatura.
Há aqueles que acham que o modo de vê-los, pela teoria comparada ou linguística aplicada, são antagônicos, e competem entre si.
Um grupo faz desdém com o outro.
Um grupo acredita ser a forma correta de fazer crítica literária.
Um é inspirado pela Escola de Frankfurt, o outro, pelo Formalismo Russo.
Percebi que aqueles que criticaram a Flip 2014 entenderam que faltaram discussões literárias e auto de peso.
Não acompanhei tudo. Não vi mesa falando de formas narrativas, semiótica.
Falar do seu tempo, de ditadura, de perseguição a índios, depressão, conflito no Oriente Médio, jornalismo, humor para mim é falar de literatura.
Ouvir Viveiro de Castro falar e ler padre Antonio Vieira é alta literatura.
Ou Andrew Solomon apresentar seu filho.
Etgar Keret ler Matadouro 5, David Carr e Graciela Mochkofsky falar de Jornalismo e Poder, a premiadíssima Jhumpa Lahiri, Glenn Greenwald contando sobre o escândalo da espionagem americana… Literatura!
Encontrar Mohsin Hamid com sua mulher, a musa da feira, num bar, e ouvir que ele prefere morar no Paquistão, apesar da violência do Taliban, que ser mais um escritor em Nova York, cruzar com Frei Beto elogiando o novo papa, que procurou o pessoal da Teologia da Libertação, perseguido pelos 2 papas anteriores, para corrigir um erro histórico, ouvir Davi Yanomami, cruzar com Fernanda Montenegro no camarim, encontrar o príncipe brasileiro João de Orleans e Bragança, bisneto da princesa Isabel, que me foi apresentado pelo historiador José Murilo de Carvalho, pelos gramados da orla, é literatura de cabo a rabo.
Foi minha primeira Flip.
E nunca mais deixarei de ir.
COM IVO HERZOG
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