- Não se diz que estamos todos nas mãos de
Deus? Não podemos cair mais fundo do que isso!
Jacinta quedou-se perplexa, depois retorquiu:
- Há quem caia no inferno…
Zaida tornou a fixar nela os seus olhos
negros, muito brilhantes:
- Não creio no inferno. Só em Deus!
Jacinta tentava captar o sentido daquela
afirmação. Recordou as aulas do convento, da leitura da Bíblia. Havia o Deus
cruel, vingativo e castigador do Antigo Testamento. Mas também havia o Deus
misericordioso, que perdoava e que agarrava precisamente aqueles que caíam mais
fundo. E era esse o Deus de Jesus Cristo, o Messias.
Mas como sabia Zaida, uma moura, tais cousas?
- Vós não rezais a um tal de Alá?
- Deus é Deus, dê-se-lhe o nome que se lhe
der.