Poços de Caldas é uma cidade de 160 mil habitantes, situada no Sul de Minas Gerais, com São Paulo como principal referência geográfica. É bela. Parece às vezes uma pequena metrópole sul-americana, sôfrega e caótica, mas depois irrompe em praças arborizadas e serenas a que os hibiscos e as azáleas acrescentam uma declinação fértil, tropical-húmida. Está em quinto lugar no ranking brasileiro de qualidade de vida e em primeiro nos índices de leitura de Minas Gerais, mérito que talvez apenas a profusão de literatura espírita e/ou de auto-ajuda obscureça um pouco. Fomos felizes durante aquela semana. Passeámos rindo e depois demorámo-nos pelos cafés e pelos restaurantes, rindo ainda. Alguns subiram à Serra de São Domingos, de teleférico, e outros até foram jogar golfe, como Ruben A. teria ido. Entendemo-nos tão bem com o lugar e uns com os outros que fizemos um vídeo com uma canção da moda, dançando pela cidade. O Teatro da Urca, epicentro do festival, acompanhou-o com palmas, e, quando na tela apareceu o Miguel Roza, vibrando em piruetas apesar dos seus 84 anos, pôs-se de pé. No fim, umas garotas literatas vieram dizer-nos que as intervenções dos portugueses haviam sido o ponto alto não apenas desta edição do festival, mas das três últimas. Uma delas tinha acabado de declamar para a câmara do PGM, de cor, todo o “Tabacaria”, de Pessoa.
Published on May 11, 2014 12:07