Filmes com temática literária (2014)
Sobre “Kill your darlings”
Trata-se de cinebiografia de Allen Ginsberg estrelada pelo Daniel “Harry Potter” Radcliffe, que cobre parte de sua juventude na Columbia University ao lado de Lucien Carr, Jack Kerouac e William Burroughs e, como não podia ser diferente, o caso do assassinato de David Kammerer, amante de Lucien.
Primeiro, quero dizer que odiei o título nacional (“Versos de um Crime”, oi?): a expressão “kill your darlings”, além de ser uma citação de Faulkner (“In writing, you must kill your dalings.”), é um termo amplamente difundido em escrita criativa, e refere-se à ideia de que um escritor muitas vezes precisa tomar cuidado com elementos inadequados em sua escrita (seja uma palavra, um uma frase, um diálogo etc.), cortando-o, mesmo que o elemento em questão seja muito bem quisto por ele. O título nacional, além de feio e apelativo, retira toda a poesia do original, uma vez que não só trata-se de referência interna e externa, como também amplia elementos expostos ou sugeridos no próprio filme.
Segundo, detestei (sim, sou chato) a escolha dos atores, com exceção do que interpretou Burroughs (que, aliás, é o mais fascinante dos beatniks) e do que interpretou o pai de Ginsberg (que, diga-se, parece tanto com o real Ginsberg, na velhice e imberbe, que chega a ser desconcertante).
Terceiro, um elogio ao Radcliffe pela coragem de interpretar, com excelente disposição, o papel do Allen, que não dispensou cenas de sexo com outro ator, beijos homossexuais etc. Nutro grande admiração por atores corajosos, independente de talento ou qualquer coisa que o valha.
Sobre “Authors Anonymous”
Até agora é o meu filme com temática literária favorito desse ano (2014): basicamente fala sobre um grupo de aspirantes a escritores que se reúnem semanalmente para discutir os textos uns dos outros (semelhante ao Clube do Conto, do qual participo sempre que posso) e as implicações, no grupo, quando um dos membros assina um contrato com uma editora.
É comédia, mas tem seu lado dramático: dramédia, portanto. A coisa que mais gostei? Os personagens são caricaturais, verdadeiros estereótipos do que encontramos no mundo real: a escritora não-leitora; o cara que só tem ideias, mas não escreve nada; o Bukowski wannabe, o autopublicado por editora sob demanda, etc.
Para quem gosta da temática, garanto boas gargalhadas do começo ao fim, bem como um final que, pelo menos para mim, foi bastante emocionante.