5 vídeos que conquistaram a internet ANTES do YouTube

Hoje em dia, assistir vídeos na internet é lugar comum. Eu chegaria a arriscar que 70% do conteúdo que o Internauta Comum consome na rede são vídeos, facilitados pelo sistema de content delivery/espírito de comunidade do YouTube.


Mas houve uma época em que vídeos não eram tão triviais. No pré-banda larga, o vídeo tinha que ser realmente MUITO BOM, ou MUITO ENGRAÇADO, pra conseguir chegar às massas. E não apenas porque demorava quatro dias pra carregar um vídeo navegando na discadona: sem um repositório universal de vídeos como o YouTube (e sem as onipresentes redes sociais, vale lembrar, que facilitam o compartilhamento), o potencial viral de um vídeo naquela época era muito pequeno. Quem aí lembra de receber vídeos por email? É possivelmente a forma menos eficiente de compartilhar um vídeo, perdendo apenas pra desenhar o vídeo frame por frame e mandar pra um amigo por carta com as instruções pra transformar em um flipbook.


assim

“…aí é só fazer barulhos de tiro com a boca!”


E mesmo nesse ambiente tão hostil para conteúdo audiovisual, algumas obras internéticas se tornaram clássicos eternamente memoráveis; os Cidadão Kane da era da informação.


Estou me referindo a…


1) Elektronic Supersonic



http://www.youtube.com/watch?v=lp_PIjc2ga4



Moro no Canadá há mais de 10 anos, então pra mim a maior referência de algo que muito velho é “caramba, isso é do tempo que eu ainda morava no Brasil!” E Elektronic Supersonic é dessa época — ainda lembro de baixar essa porra na minha banda larga Velox de incríveis 256kbps.


O rapaz aí no vídeo é o Zladko Vladcik, suposto pop star máximo da fictícia nação da Molvania. Com um clipe digno de estrelar no Piores Clipes do Mundo e uma canção repletas de erros gramaticais e de sintaxe, esse vídeo capturou minha atenção por anos. Demorou muito pra sacar que a parada não é legítima (olha a Era da Ignorância em que vivíamos antes da Wikipédia!), e que o bigodudo aí é o alter ego de um comediante australiano chamado “Santo Cilauro” — uma das poucas situações em que o alter ego criado com propósitos de galhofa tem nome mais verossímil que o nome real do sujeito.


2) Avaiana de Pau



http://www.youtube.com/watch?v=1LKf06lminQ



A Avaiana de Pau é uma relíquia de um mundo perdido — a era pré-sites de streaming de video, quando o truque pra divulgar video era faze-los como animação em flash. E lá nos idos de 2004 os Irmãos Piologo pioneirizaram o humor brasileiro absurdista em animação flash com este pseudo-informecial anunciando as qualidades disciplinárias de uma sandália feita de madeira.


Os desenhos zoados, a voz cartunescamente afetada e a violência gratuita dos desenhos foram uma receita para o sucesso.


E falando em violência gratuita…


3) Happy Tree Friends



http://www.youtube.com/watch?v=a9uqCtpNY3c



Violência é um componente que está no DNA dos desenhos animados, desde os primórdios. Tenho inclusive uma tia que era contra expor crianças aos desenhos animados por causa das brigas, explosões e bigornas caindo na cabeça — em sua opinião, uma criança muito nova (lá em seus 5-6 anos de idade) não tem qualquer discernimento e fica bem inclinada a repetir as ceninhas “engraçadas” com os amiguinhos, sem compreender as consequências.


Happy Tree Friends, teorizo que encorajado pela popularização da hiperviolência cartunesca de South Park, elevou a sanguinolência animada ao vigésimo grau. O contraste de animais fofinhos explodindo em sangue das formas mais gráficas possível me cativou desde o primeiro episódio, e eu lembro que divulguei muito essa porra na faculdade.


4) Xiao Xiao



http://www.youtube.com/watch?v=hw4wzwYeZ0Y



Em 1999 o filme The Matrix, com suas viagens filosóficas, efeitos especiais pioneiros e coreografias mirabolantes de wire-fu, mudou completamente o cenário cinematográfico. Pelos próximos 3 ou 4 anos, por exemplo, exauriu-se completamente a graça do bullet time de tanto que abusaram daquela porra. E aquele estilo de lutas malucas usando kung fu de nível mítico “sou essencialmente um super herói”, com múltiplos adversários e tal (uma convenção cinematográfica já bem datada dos filmes chineses) ganhou a atenção maciça do ocidente.


Foi nesse zeitgeist que Xiao Xiao apareceu. Um bonequinho de palito é geralmente a mais rasteira interpretação artística… exceto quando você o anima expertmente lutando contra inúmeros oponentes numa sequência que poderia servir como storyboard de coreografia pra um filme de ação do caralho.


5) Star Wars Kid



http://www.youtube.com/watch?v=HPPj6viIBmU



Ah, Star Wars Kid! Este foi provavelmente o primeiro vídeo viral como conhecemos o termo.


Em 2002, o garoto canadense Ghyslain Raza pegou uma câmera do departamento de audiovisual da escola e se filmou fazendo essa lamentável imitação dos melhores momentos do Darth Maul em Episódio I (e, por extensão, os melhores momentos do Episódio I em si de uma forma geral). Entretanto, o moleque esqueceu de levar a fita da câmera consigo.


Seus amiguinhos desgraçados encontraram a fita e, regozijando-se na desgraça do colega, fizeram um brainstorm: “como poderemos envergonhar esse infeliz ao máximo?”


Não deu outra: a internet.


Um dos mequetrefes digitalizou a filmagem e tratou de repassar pro resto da escola via Kazaa (lembra do Kazaa?)


kazaa

A era do pornô baixado acidentalmente


A comunidade de efeitos visuais, achando que a humilhação do gordinho não estava ainda plena, dedicou inúmeras horas à nobre tarefa de adicionar light sabers e efeitos sonoros na filmagem. Fizeram incontáveis remixes dessa merda, e houve até uma petição pra que o George Lucas incluísse o moleque no Episódio III. Lembro que até postei o bannerzinho da petição no HBD da época (pra quem não sabe, este site tem mais de 10 anos de existência!).


Diz a lenda que o moleque processou seus algozes e custou a voltar a ter uma vida normal após a divulgação daquele seu curta metragem. Eu entendo perfeitamente; sou o tipo de pessoa que divulga este tipo de coisa lamentável sobre sua vida pessoal, e mesmo assim eu morreria de vergonha se os filminhos que fiz quando moleque com a câmera do meu pai viessem a tona.


lolizzy

Eu mostrando minha revista Herói que falava sobre a visita do Christopher Lambert ao Brasil pra promover o lançamento do filme do Mortal Kombat. 1995.


Poisé. Tem um outro trecho neste vídeo histórico, em que eu e meu irmão apresentamos um telejornal chamado “Lá Daqui a Pouco”. Eu era um comediante nato.


izzy e dan


Se você manda bem na leitura labial, perceberá que em determinado momento eu falo “Mortal Kombat o Filme”. Eu era viciadíssimo por essa porra.


Poisé, Star Wars Kid. Eu sinto a sua dor!


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Published on March 24, 2014 19:39
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Izzy Nobre
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