[ Bobagem Internética do Dia ] Documentário “Freedom Fries”
Ultimamente venho recomendando coisas legais nesta seção do site, então de repente é hora de mudar o nome da categoria.
E curiosamente, o que trago hoje também tem a ver com uma mudança de nomenclatura!
Freedom Fries: And Other Stupidity We’ll Have to Explain to Our Grandchildren (“Fritas da Liberdade: E outras estupidezes que teremos que explicar pros nossos netos”) é um documentário meio amador (o que adiciona um certo charme à coisa, eu acho — vejo o filme como um pouco mais autêntico e “cru”, mais honesto, que uma mega produção holywoodiana) sobre um fenômeno curioso que rolou nos EUA lá pelo começo dos anos 2000.
É o seguinte. Rolou o Onze de Setembro (essa década morando no exterior fodeu o meu padrão de reconhecimento de datas, quando vocês se referem a essa data como 11/9 eu penso “o que rolou dia 9 de novembro…?”), e os EUA decidiram foder com todos os regimes do Oriente Médio que olharam feio pra eles, por mais que não tivessem nada a ver com a confusão. E assim, as tropas aliadas invadiram também o Iraque.
Ir ao Afeganistão tudo bem, a comunidade global de inteligência estava em consenso de que o Taliban e a Al Qaeda estavam por trás dos ataques. Mas a conexão com o Saddam era muito tênue, e por isso muitos países que se meteram a ajudar os EUA no Afeganistão — como foi o caso do Canadá, por exemplo — se recusaram a ir comprar briga no Iraque. E foi o caso da França, também.
Os EUA, num momento de jingoísmo extremo (o que é perfeitamente compreensível, por muito menos do que um ataque como o Onze de Setembro nutrimos um ódio centenário contra os argentinos!), passaram a vilificar os franceses por causa dessa recusa em ajuda-los num momento de dificuldade.
Um argumento frequente repetido por americanos na época é que quando era a França sendo detonada por um inimigo maligno, os EUA mandaram milhares de jovens pra lutar e morrer recuperando o país pros caras (sabemos que os motivos não eram exatamente nobre altruísmo, mas enfim). Agora que os EUA precisam de ajuda, os franceses agirão conforme o estereotipo e fugirão da guerra? Que filhos das putas!
Então, num arroubo de revanchismo barato e passivo-agressivo, alguns estabelecimentos começaram a “boicotar” a França, com gestos idiotas como jogar vinho francês (que eles mesmos compraram) na sarjeta, causando um impacto nulo na economia francesa. Outra medida foi tirar o nome “French” de algumas comidas, como “French fries” (“batata frita”, entitulada nos EUA de “batatas francesas” apesar de terem sido criadas na Bélgica).
E assim substituiram o “French” nessas comidas por “Freedom”, ou “liberdade”. Estas não são “batatas francesas”, são BATATAS DA LIBERDADE! E sim, mesmo na época muitos já viam isso como cafoníssimo, além de fútil.
O documentário explora essa história meio patética dos americanos (além de cobrir também os efeitos do terrorismo na cultura americana tipicamente consumista) e é muito bem produzido e argumentado. Vale os 50 minutos, assiste lá.

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