entre o colossal e o abissal
Duas ideias que partilham o mesmo destino, o profano e o divino. Todos temos deuses e demónios interiores; uns que nos aliviam as dores e outros que nos atormentam com horrores. Mas os deuses não nos podem salvar das profundezas do mar se o nosso barco afundar e não soubermos nadar. Quem nos salva somos nós que, com o nosso próprio destino, todos lutamos sós. A grandeza de tudo o que é humano reduz-se a espessura de cabelo mais fino do que qualquer fio a partir do qual é tecido um simples pano. Essa grandeza talvez seja a esperteza. Talvez apenas seja a insatisfação de um ser que, por natureza, tem sempre menos do que deseja. O ser humano é uma criança perdida entre o colossal e o abissal, ambos sinónimos de uma grandeza maior que ultrapassa a limitada compreensão do ser pensador.Os demónios, onde estão? Eles aparecem. É só esquecermos o coração. Depois disso, são os demónios que não nos esquecem. Se formos maus, as nossas vidas tornam-se naus, barcos sem fundo que nos deixam afogar nas tormentas do mundo. Mas há sempre aquela esperança de que depois da tempestade vem a bonança. Mas alguém sabe mesmo o que isso é se não tiver fé? Mas tem de ser uma fé que faz seguir caminho em vez de regredir em marcha-a-ré. Só se consegue essa proeza com uma vontade de acreditar que nos vem daquele lugar onde só com muita coragem se enfrenta a incerteza. O lugar somos nós. Se não o conseguirmos encontrar estaremos sempre sós.
(a partir de uma imagem de Dehong He)
Published on May 22, 2013 11:59
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