furacão, tempestade, chuva ou borrasca?

BORRASCA é aquela chuva que parece que vai arrasar a cidade, mas dura pouco.


Uma tempestade rápida. Eu não sabia disso.


Quando o MARIÃO [BORTOLOTTO] falou da sua peça nova, explicou o título. O cara é bom de título…


Nossa história se confunde: pode ser um toró ou uma chuva passageira, que ilude.


A ideia do espetáculo é genial.


Vários atores estão mobilizados para fazê-lo, em duplas, apesar de ter apenas 2 personagens: Diego, que chega do velório de um amigo, e Gabriel, escritor bebum, cuja ex-mulher o traiu com o amigo morto.


Cada ator tem que decorar os 2 personagens. São várias opções [e espetáculos], que ficarão em cartaz.


Eles decidem quem fará o que e quando. O mesmo texto, a mesma marcação, luz, trilha. Representações distintas. Jogo distinto. Teatro visto por vários filtros.


Se o ator é a alma do teatro, aí está a chance de ouro para nos deliciarmos.


Com a chama que incendeia nossa alma: o teatro.


 








 


Mas Paulo de Tharso, o nosso PICANHA [acima], morreu na semana passada.


Ele ia também fazer a peça.


Uma BORRASCA com jeito de furacão passou sobre nós.


PT era aquele cara que não entediava a vida. Podíamos passar horas com ele. Repertório, é o segredo. O tempo voava. Humor.


A morte é quando o sujeito dá adeus a si mesmo.


E aos amigos.


Picanha era inquieto e extremamente culto. Falávamos em francês, e ele vivia me corrigindo. Seu sotaque era perfeito.


Fazia 40 coisas ao mesmo tempo [entre elas, tocava a revista do sindicato da Polícia Federal]. Tocou no mesmo festival da TV Cultura que eu. Era músico, poeta, ator, jornalista.


Tinha a minha idade.


A juventude termina. A inocência, idem.


Quando vira rotina enterrarmos os amigos.


BORRASCA está em cartaz no Teatro Cemitério de Automóveis (Rua Frei Caneca, 384)


Sextas e sábados, às 21h30. Domingos, às 20h30. Até 30 de junho.


 


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Nessa sexta, às 20h30, no Sesc Pinheiros, estreia o solo EU CÃO EU, com direção do Rodolfo García Vázquez, dos Satyros.


É uma parceria entre Parlapatões e Satyros, num texto que HUGO POSSOLO fez para Satyrianas.


 



 


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Visitei tantas vezes este lugar quando era presídio.


Amigos em cana que precisavam do nosso apoio.


Agora, irei como biblioteca, parque, espaço ao ar livre…


Falar na BSP.


Sobre a borrasca que é a vida.




 


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E tem também.


 


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Published on May 22, 2013 07:56
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Marcelo Rubens Paiva
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