Escrita a muitas mãos


  Quando falo a muitas mãos refiro-me a tudo o que tenha mais de 4 autores. A mim parece-me que até aí os problemas são, mais ou menos, os mesmos que nas duplas, mas a partir desse ponto mudam. Não falo de antologias, onde cada autor faz o seu conto e deixa seguir para bingo, antes de uma história única feita por vários.
  Já participei em exercícios do género, em que se define que cada interveniente escreve X depois passa a outro e assim sucessivamente, indo crescendo a história. Por vezes há várias voltas entre o grupo escolhido, por vezes apenas uma. É muito divertido, um excelente exercício para os músculos criativos e até um bom laboratório para personagens. Por exemplo, Guzimov, uma das minhas personagens em “O Pergaminho de Fenris” começou numa experiência do género. Vá, pelo menos o seu “primo primitivo”, antes de ter sido refinado.
  Quanto utilizar este método para algo mais que diversão, treino e testes acho difícil. Pegar no imbróglio caótico resultante e convertê-la numa história coerente e digna de ser publicada (eu sei, essa bitola vale para o que vale…) requereria um bom editor, de preferência, na minha opinião, nenhum dos intervenientes anteriores. Sim, qualquer um dos vários autores conhecerá melhor a história, mas nunca poderá ser neutro. Mesmo com a mão de um bom editor/autor não há garantias que saia dali algo de jeito.  
  Atenção, o parecer acima é muito optimista. A verdade é que um livro a várias mãos têm muito por onde falhar. Sabem como é “uma cozinha com muitos cozinheiros”… Pode ser bom? Sim, apenas não é favorecido pelas probabilidades.
  Qual é a vossa opinião sobre o tema?

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Published on September 06, 2012 12:07
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