"não fui eu", "foi sim!"
existem também os casos em que a editora atribui créditos de tradução a um colaborador ou editor, provavelmente para conferir maior prestígio à edição, por mais que a pessoa diga com todas as letras que não foi ela que fez a tradução em pauta.
j. b. mello e souza compilou traduções de ésquilo (prometeu acorrentado), sófocles (rei édipo e antígone) e eurípides (alceste, electra e hipólito), apanhando-as num volume que saiu pela jackson em 1950, depois repicado em vários volumes pela ediouro. por mais expressa que tenha sido sua responsabilidade na edição: seleção, organização, prefácio e notas, as editoras fizeram ouvidos moucos (ou olhos vendados) e lhe tascaram a autoria das traduções compiladas.

“Tais considerações justificam, à saciedade, a preferência dada, na elaboração do presente volume, às traduções em prosa de algumas tragédias entre as mais famosas do teatro ateniense. Por exceção insere-se apenas uma em verso solto (o Hipólito, de Eurípides), completando-se destarte a série agora apresentada com um trabalho antigo, de tradutor português desconhecido, que venceu com certa galhardia as dificuldades do empreendimento.” (J. B. Mello e Souza, Prefácio)
da mesma forma, zsuzsanna spiry, tradutora e pesquisadora de nossa história da tradução, especializada na obra de paulo rónai, apresenta um caso similar. trata-se de o homem e as línguas, de frederick bodmer, publicado pela globo em 1960. na "advertência à edição brasileira" que abre o volume, paulo rónai frisa que a tradução da obra coube a "um filólogo de reconhecida competência, o Sr. Ayres da Mata Machado Filho" - o que não obstou que a editora estampasse na página de rosto os créditos de tradução em nome de ayres da mata machado filho, paulo rónai e marcello marques magalhães.


aliás, zsuzsanna spiry desenvolveu um excelente estudo sobre paulo rónai, a fonte mais completa que conheço sobre sua obra, que pode ser consultado aqui: paulo rónai, um brasileiro made in hungary. a ela agradeço as imagens de o homem e as línguas.

j. b. mello e souza compilou traduções de ésquilo (prometeu acorrentado), sófocles (rei édipo e antígone) e eurípides (alceste, electra e hipólito), apanhando-as num volume que saiu pela jackson em 1950, depois repicado em vários volumes pela ediouro. por mais expressa que tenha sido sua responsabilidade na edição: seleção, organização, prefácio e notas, as editoras fizeram ouvidos moucos (ou olhos vendados) e lhe tascaram a autoria das traduções compiladas.

“Tais considerações justificam, à saciedade, a preferência dada, na elaboração do presente volume, às traduções em prosa de algumas tragédias entre as mais famosas do teatro ateniense. Por exceção insere-se apenas uma em verso solto (o Hipólito, de Eurípides), completando-se destarte a série agora apresentada com um trabalho antigo, de tradutor português desconhecido, que venceu com certa galhardia as dificuldades do empreendimento.” (J. B. Mello e Souza, Prefácio)
da mesma forma, zsuzsanna spiry, tradutora e pesquisadora de nossa história da tradução, especializada na obra de paulo rónai, apresenta um caso similar. trata-se de o homem e as línguas, de frederick bodmer, publicado pela globo em 1960. na "advertência à edição brasileira" que abre o volume, paulo rónai frisa que a tradução da obra coube a "um filólogo de reconhecida competência, o Sr. Ayres da Mata Machado Filho" - o que não obstou que a editora estampasse na página de rosto os créditos de tradução em nome de ayres da mata machado filho, paulo rónai e marcello marques magalhães.

aliás, zsuzsanna spiry desenvolveu um excelente estudo sobre paulo rónai, a fonte mais completa que conheço sobre sua obra, que pode ser consultado aqui: paulo rónai, um brasileiro made in hungary. a ela agradeço as imagens de o homem e as línguas.
Published on June 04, 2012 16:15
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