até tu, brutus?
este é um dos casos mais lamentáveis e surpreendentes na seara das traduções espúrias. fiquei perplexa e decepcionada por envolver um tradutor que eu costumava respeitar bastante, josé paulo paes.
o problema veio à tona por ocasião de um extenso estudo do pesquisador e tradutor guilherme braga sobre as várias traduções brasileiras de the gold-bug, de edgar allan poe. no decorrer da análise, as evidências materiais disponíveis levaram guilherme braga a acreditar que o escaravelho de ouro supostamente traduzido por josé paulo paes e publicado na coletânea histórias extraordinárias pela editora cultrix em 1958 seria simples cópia da tradução de almiro rolmes barbosa e edgard cavalheiro, publicada em 1942 na coletânea as obras-primas do conto universal, sexto volume da coleção "a marcha do espírito", pela livraria martins editora.
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almiro rolmes barbosa e edgard cavalheiro aparecem como os responsáveis pela compilação, introdução, tradução e notas da coletânea de 1942 (martins). segundo o que os organizadores expõem em sua introdução, alguns dos contos foram traduzidos por terceiros, sendo especificados com os devidos créditos na introdução e no final de cada conto, além de agradecimentos pela licença de uso. são eles: "a lição de canto", de katherine mansfield, trad. érico veríssimo; "a luz da outra casa", de pirandello, trad. francisco pati; "duas mil palavras", de o. henry, trad. brito broca; "as três palavras divinas", de tolstói, trad. lígia autran rodrigues; e "o espectro", de dickens, trad. élsie lessa. assim, infere-se dos créditos e das explicações dadas na introdução que a tradução dos demais contos coube a rolmes barbosa e cavalheiro.

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josé paulo paes aparece como o responsável pela seleção, apresentação e tradução dos contos que compõem a coletânea de 1958 (cultrix), com sucessivas reedições e licenciamentos até a data de hoje. não consta nas páginas desta coletânea nenhuma indicação de que tenham sido utilizadas traduções de terceiros, de onde se depreende, naturalmente, que josé paulo paes estaria chamando a si a autoria da tradução do volume completo.
seguem abaixo algumas imagens para fins de comparação entre a tradução em nome de rolmes/ cavalheiro (1942), em cima, e a tradução em nome de paes (1958), embaixo.

o problema veio à tona por ocasião de um extenso estudo do pesquisador e tradutor guilherme braga sobre as várias traduções brasileiras de the gold-bug, de edgar allan poe. no decorrer da análise, as evidências materiais disponíveis levaram guilherme braga a acreditar que o escaravelho de ouro supostamente traduzido por josé paulo paes e publicado na coletânea histórias extraordinárias pela editora cultrix em 1958 seria simples cópia da tradução de almiro rolmes barbosa e edgard cavalheiro, publicada em 1942 na coletânea as obras-primas do conto universal, sexto volume da coleção "a marcha do espírito", pela livraria martins editora.
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almiro rolmes barbosa e edgard cavalheiro aparecem como os responsáveis pela compilação, introdução, tradução e notas da coletânea de 1942 (martins). segundo o que os organizadores expõem em sua introdução, alguns dos contos foram traduzidos por terceiros, sendo especificados com os devidos créditos na introdução e no final de cada conto, além de agradecimentos pela licença de uso. são eles: "a lição de canto", de katherine mansfield, trad. érico veríssimo; "a luz da outra casa", de pirandello, trad. francisco pati; "duas mil palavras", de o. henry, trad. brito broca; "as três palavras divinas", de tolstói, trad. lígia autran rodrigues; e "o espectro", de dickens, trad. élsie lessa. assim, infere-se dos créditos e das explicações dadas na introdução que a tradução dos demais contos coube a rolmes barbosa e cavalheiro.

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josé paulo paes aparece como o responsável pela seleção, apresentação e tradução dos contos que compõem a coletânea de 1958 (cultrix), com sucessivas reedições e licenciamentos até a data de hoje. não consta nas páginas desta coletânea nenhuma indicação de que tenham sido utilizadas traduções de terceiros, de onde se depreende, naturalmente, que josé paulo paes estaria chamando a si a autoria da tradução do volume completo.
seguem abaixo algumas imagens para fins de comparação entre a tradução em nome de rolmes/ cavalheiro (1942), em cima, e a tradução em nome de paes (1958), embaixo.
Published on June 01, 2012 13:19
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