De quem é a vida?
Rodrigo Constantino
Esbarrei hoje por duas vezes no mesmo assunto: a eutanásia. Em matéria na Spiegel, um grupo pró-eutanásia faz lobby na Holanda para ampliar os direitos daqueles que não desejam mais continuar vivos. A eutanásia já é permitida no país, com várias restrições. Foram 3 mil casos em 2010, para o triplo de demanda.
No jornal O Globo, deparei com interessante artigo de Flavia Piovesan e Roberto Dias, professores da PUC-SP, sobre "o direito à morte digna". Os autores colocam o foco na dignidade e na liberdade individual. Eles escrevem: "Se ninguém pode ser privado de sua vida arbitrariamente, nada impede que cada pessoa escolha seus próprios caminhos no que diz respeito à vida e à morte, com autonomia e liberdade".
Eu concordo! Acredito que muitos, quase sempre por crenças religiosas, acreditam que postergar ao máximo a vida é uma meta "sagrada". Mas qual vida? Quem viu o filme "O Escafandro e a Borboleta" acompanhou a angústia daquele homem (o filme é baseado em fatos verídicos), preso em seu corpo, com consciência de tudo, mas totalmente imóvel (minto, ele conseguia piscar um olho). Se tem alguma imagem de inferno que me vem à mente, ela não tem nada a ver com Dante, mas sim com isso.
O filme "Mar Adentro", também baseado em fatos reais e com atuação impecável de Javier Bardem, trata do mesmo assunto. Quando o padre, também tetraplégico, condena a "fraqueza" do outro, que ficou aleijado em um mergulho e queria morrer, ele denota intolerância. Se ele considerava aquele calvário como algo nobre, se via um sentido metafísico em seu sofrimento, era um direito seu. Mas o outro também deve ter o direito de discordar. Eis o cerne da questão!
Escrevi em 2006 um artigo sobre o delicado tema, defendendo o direito de cada um escolher morrer. Continuo com a mesma opinião.
Esbarrei hoje por duas vezes no mesmo assunto: a eutanásia. Em matéria na Spiegel, um grupo pró-eutanásia faz lobby na Holanda para ampliar os direitos daqueles que não desejam mais continuar vivos. A eutanásia já é permitida no país, com várias restrições. Foram 3 mil casos em 2010, para o triplo de demanda.
No jornal O Globo, deparei com interessante artigo de Flavia Piovesan e Roberto Dias, professores da PUC-SP, sobre "o direito à morte digna". Os autores colocam o foco na dignidade e na liberdade individual. Eles escrevem: "Se ninguém pode ser privado de sua vida arbitrariamente, nada impede que cada pessoa escolha seus próprios caminhos no que diz respeito à vida e à morte, com autonomia e liberdade".
Eu concordo! Acredito que muitos, quase sempre por crenças religiosas, acreditam que postergar ao máximo a vida é uma meta "sagrada". Mas qual vida? Quem viu o filme "O Escafandro e a Borboleta" acompanhou a angústia daquele homem (o filme é baseado em fatos verídicos), preso em seu corpo, com consciência de tudo, mas totalmente imóvel (minto, ele conseguia piscar um olho). Se tem alguma imagem de inferno que me vem à mente, ela não tem nada a ver com Dante, mas sim com isso.
O filme "Mar Adentro", também baseado em fatos reais e com atuação impecável de Javier Bardem, trata do mesmo assunto. Quando o padre, também tetraplégico, condena a "fraqueza" do outro, que ficou aleijado em um mergulho e queria morrer, ele denota intolerância. Se ele considerava aquele calvário como algo nobre, se via um sentido metafísico em seu sofrimento, era um direito seu. Mas o outro também deve ter o direito de discordar. Eis o cerne da questão!
Escrevi em 2006 um artigo sobre o delicado tema, defendendo o direito de cada um escolher morrer. Continuo com a mesma opinião.
Published on March 22, 2012 10:42
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