Rodrigo Constantino
Meu
artigo de ontem na Folha, sobre a intervenção estatal na cultura, suscitou a revolta de alguns, que partiram para o ataque gratuito por email. Em comum na verborragia, a acusação de que eu não entendo nada de arte (monopólio dos fins nobres - só quem quer subsídios estatais pode defender a cultura, naturalmente) e a pergunta retórica: "Você quer que sejamos escravos do mercado?"
Eufemismos à parte, o que quer dizer ser um escravo do mercado? Quer dizer, até onde minha compreensão alcança, que um artista, para sobreviver da sua arte, precisa agradar o público e convencê-lo a pagar pelo espetáculo voluntariamente. A alternativa que vejo, a única, é impor aos consumidores o pagamento destes espetáculos, à sua revelia. Ou seja, para o artista não ser "escravo do mercado", o mercado (o público) deve ser seu escravo.
Eu entendo como a vida de artistas sérios é dura em um país que só quer saber de samba, funk, futebol e BBB. Gostaria muito que o teatro fosse mais valorizado no Brasil, que a literatura fosse parte de nossa cultura, que bons filmes nacionais fossem feitos e até exportados (isso está começando, devagar). Mas não acho que o estado deve fazer isso. Não acho que minhas preferências devem ser impostas aos demais. Este é um caminho perigoso.
Para quem tiver interesse no assunto, seguem artigos meus antigos que aprofundam meus argumentos:
O Intelectual e o MercadoSimbiose ArtísticaCinema Nacional nas Escolas[image error]
Published on February 08, 2012 09:17