Lyrics - continuação de Behind the Scenes: Writer's log 1

  Em "Behind the Scenes: Writer I" (http://www.cronicasobscuras.blogspot.com/2012/01/behind-scenes-writers-log-i.html) mencionei que o vampiro Kurt Jameson, personagem que surge pela primeira vez em "Crónicas Obscuras – O Pergaminho de Fenris", é conhecido por, volta e meia, introduzir citações e títulos de músicas nos diálogos, algo que condiz com ele e tem um resultado interessante no texto, todavia, não é feito sem algumas dificuldades.
  O problema com substituir parte de diálogo por referências musicais, tal como encontrar a citação certa para o local ideal, é que se elas não surgem naturalmente, dão uma trabalheira desgraçada a achar, requerendo muita pesquisa, repleta de avanços e recuos. Muitas vezes nem adiante que a resposta esteja numa música que tenhamos ouvido centenas de vezes, basta nas últimas horas ou dias termos outra banda sonora na cabeça para nos escapar. Como a última palavra na sopa de letras, podemos estar mesmo a olhar para ela e não a ver. Condicionados não só pelos nossos gostos, como por centenas de variáveis que nos leva a pensar, naquele exacto momento, em determinadas músicas em detrimentos de outras, somos obrigados a despender o dobro do esforço para conseguir um resultado satisfatório.
  É bem mais fácil mudar um diálogo para encaixar numa citação, do que encontrar a citação certa para um diálogo existente, uma vez que não se trata apenas de achar uma palavra ou outra, mas toda uma frase cujo sentido encaixe na perfeição.
  A coisa complica-se ainda mais quanto nos lembramos que as músicas seleccionadas não devem coincidir com os meus gostos, mas com os de Kurt, tendo de fazer sentido no que diz respeito à concepção da personagem e não podem ser posteriores a 2007.
  Passo a explicar, talvez nem toda a gente que leu "Crónicas Obscuras –A Vingança do Lobo" se tenha apercebido que a história ocorre no Verão de 2006, cinco anos depois da morte da família de Lance "Meia-Raça", a 25 de Julho de 2001, uma das poucas datas referidas na obra, ora, uma vez que os eventos de "O Pergaminho de Fenris" e "Cicatrizes" têm lugar no Inverno seguinte, aproximadamente em Janeiro e Fevereiro de 2007, não faria sentido Kurt referir músicas posteriores.    
  Já agora um exemplo. Num dos capítulos existiram duas oportunidades para substituir diálogo por citações de duas músicas distintas de Guns N' Roses (embora goste de algumas, não sou, exactamente, o maior fã da banda, porém, como tinha dito antes, o texto tem de reflectir os gostos de Kurt não os meus). Ora, como não quis citar a mesma banda duas vezes num capítulo tive de escolher entre usar Catcher in the Rye ou Dead Horse. Lembrem-se que a escolha não se prende com gostos musicais, mas com aquilo que faz mais sentido, sendo isso que me levou a pender para Dead Horse, após uma pequena pesquisa. Dead Horse faz parte do álbum Use Your Illusion I de 1991, enquanto Catcher in the Rye pretence a Chinese Democracy de 2008, um ano depois dos eventos de "Cicatrizes", e embora eu pudesse contornar a questão com o facto de ter escapado para a Net um demo  Catcher in the Rye em Fevereiro de 2006, achei que fazia mais sentido que Kurt, nascido em 1962 e transformado em 1986/1987, tivesse uma maior familiaridade com a canção mais velha.       "Parece muito trabalho para tão pouco" dirão. Verdade, trata-se apenas de uma excentricidade da Kurt, um pormenor relativamente insignificante, contudo, na minha opinião, são essas pinceladas finais que dão textura às personagens, tornando-as de "coisas" a entidade interactivas. Não dá mais trabalho do que encontrar a arma certa para determinada cena ou pesquisar a fauna da área onde ocorre a acção. De qualquer modo, nem sempre dá trabalho. Como disse, por vezes os resultados saem naturalmente.    
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Published on January 10, 2012 18:03
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