in YGGDRASIL, PROFECIA DO SANGUE - cap 18
DEZOITORhenan estava sentado na relva com o olhar perdido no lago de águas escuras. Lochan fazia-lhe companhia. sentindo-a aproximar-se, levantou-se passando por ela tocou-lhe carinhosamente na face caminhando na direcção da casa.Maria não conseguia perceber o estado de espírito de Rhenan, aproximou-se baixando-se, abraçou-o, beijando-o na nuca.- Estás preocupado?- Fizeste o teste? - puxou-a para o colo sem mudar de posição. - Sim!Rhenan parecia-lhe demasiado ansioso.- Como te sentes? – falava segurando-lhe a face entre as mãos para que a encarasse.- Mais do que tudo quero ter filhos contigo, - hesitou - mas neste momento das nossas vidas, receio por ti e por essa criança, temo não ser capaz de vos defender aos dois e não quero ter de escolher. – respirou fundo, sentia dificuldade em colocar por palavras o que sentia – Mas, se estiveres grávida darei a minha vida de bom grado pelos dois.Beijou-o emocionada. - Também daria a minha vida por ti. - Não te posso perder Maria.- Caminharei sempre a teu lado!- Mo ghrá! – Rhenan beijou-a apaixonado.- Numa coisa o Fionn tem razão parecemos coelhos.Rhenan sorria.- Mas somos coelhos competentes mo ghrá!- Quanto a isso não tenho dúvidas.- Vais dizer-me?- Deu negativo.- Era o que querias? – Rhenan sentia-se triste ao mesmo tempo que um peso lhe saía de cima dos ombros. - Confesso-te que fico menos preocupada e com a cabeça liberta para fazer o que esperam de mim. – continuava com os olhos fixos nele, queria que visse que lhe falava com o coração – Amo-te mais do que alguma vez conseguirei colocar por palavras. Quero ter os teus filhos, criá-los rodeados do amor que existe nesta casa e acima de tudo quero que o Lochan faça parte da nossa felicidade. Os olhos de Rhenan espelhavam o amor que sentia, o coração batia acelerado ao ouvi-la professar-lhe o seu amor.- Nunca ninguém te afastará de mim. - Eu sei! – Maria beijou-o docemente selando a sua promessa - Quando chegar a hora quero vivê-la em pleno sem ter de me esconder de nada, de ninguém, quero mostrar ao mundo o resultado do nosso amor. - Mo ghrá! – enterrou a cara no seu pescoço - Pensei que estivesses irritada comigo.- Porquê? – não percebia o que lhe dizia.- Podes não ter idade para pensar nas consequências dos nossos actos, mas eu sim. Perdoa-me.- Não sejas tolo. – Maria beijou-o nos olhos - Deves ter o rabo enregelado de estar sentado na relva húmida, vamos entrar e comer que estou cheia de fome. - levantou-se do colo dele puxando-o. Rhenan pegou-lhe ao colo, levando-a para casa.
Na penumbra Hel espreitava mal conseguindo conter a sua raiva. Ouvira o suficiente para perceber que a sidhe estava grávida. Seria por pouco tempo, trataria disso. Voltou a arrastar-se para o meio dos arbustos. A sua prioridade alterara-se, ia matá-la primeiro, a ela e à criança impura que carregava. Ria-se com prazer. Para quem a escutasse não passava de um choro lamuriento.Goll também ouvira. Mais um, ou menos um membro do Clã era-lhe indiferente desde que morressem todos.
Fionn fechou a porta de casa.- Senti agora mesmo um calafrio, ouviram? - Devem ser aquelas desgraçadas que nos observam. Estou desejosa de me livrar delas. – Maria ajudava Maeve com o jantar. Rhenan subira para mudar de calças. - Então estás prenha ou quê?Eoghan fuzilou o irmão com o olhar.- Não!Rhenan entrava na sala a tempo de ouvir a pergunta do irmão.- Deves querer morrer. – Maria puxou-o por um braço quando percebeu que Rhenan estava pronto a saltar para cima dele.- Pólvora seca mano. Mau, muito mau. – Fionn não desistia, passou a correr pelo irmão, praticamente derrubando a prima, subia a escadaria fugindo da fúria do irmão que seguia no seu encalço.- O que fizeste agora barata tonta. É completamente doido. – resmungava - Estás bem?Maria ria-se divertida.- Falso alarme. Mas foi um abrir de olhos. Vamos tomar precauções o que aliás já devíamos ter feito.- Agora explica-me porque o Rhenan foi atrás do Fionn.- Porque só diz asneiras nos momentos menos oportunos. – Eoghan sentava-se no seu lugar à mesa – Não vale a pena esperarmos, não tarda nada descem como se nada tivesse acontecido.- Como suspeitava o teu problema era a tua deficiente alimentação, – Maeve colocava um tabuleiro ainda fumegante no centro da mesa – ainda bem que fiz esta pratada de massa com carne. Quero ver-te comer.- Cheira muito bem. Fica descansada que dou conta do serviço, estou esfomeada. – Maria piscou-lhe o olho – Não esperamos que desçam?- Começamos sem eles. Deixa que o Rhenan aperte primeiro com aquele doido desbocado. - Eoghan serviu-as antes de encher o prato.Maria não conseguia deixar de pensar como os irmãos eram todos tão diferentes.- Não digam à Freya, não quero que se preocupe.- Já está esquecido. – Maeve sorria-lhe.Eoghan observava-a, admirando a sua maneira de ser. Sempre preocupada em colocar todos à frente de si própria. O irmão não podia ter tido mais sorte.
Lug no jardim limitara-se a observar. Escutara a conversa e sabia que não tinha sido o único. As Sombras andavam muito agitadas, mais do que nos séculos anteriores, notara essa mudança no seu comportamento com a chegada da sidhee o aparecimento de Lochan. Juntos eram uma força poderosa. Os Tuatha não queriam que as Sombras os apanhassem, necessitavam deles. Danu saberia o que fazer, talvez não fosse má ideia juntarem forças ainda que temporariamente. Percebera o propósito da sua rainha ao puxar a sidhe para Tara, mas a tentativa de intimidação não resultara. Fariam o que fosse necessário, para não serem excluídos daquele mundo. Vira as Sombras afastarem-se quando a sidhe saíra de casa caminhando pela relva, todas menos uma. Protegeria a sidhe, não porque tivesse qualquer empatia com ela, mas porque queria continuar nas graças de Danu. Estaria por perto para se assegurar que as Sombras não a atacariam. Uma névoa envolveu-o abrindo as portas que o levavam de regresso a Tara.
Maria ajudou a levantar a mesa e a arrumar a cozinha avisando que ia para a cave, Rhenan sorriu-lhe enquanto Eoghan a seguia com o olhar.A luz estava acesa, desceu as escadas, Lochan esperava-a sentado no sofá com as pernas estiradas em cima da mesa. - Estás melhor?- Estou! - sorriu-lhe agradecida - Tenho de te dizer tudo o que Sergiu me contou. - Não dizes ao teu marido, mas contas-me a mim? Sinto-me honrado.- Preciso de desabafar e sei que não vais contar a ninguém.- Porque não me conseguem ver ou ouvir. – soava triste, constatava ao que se resumira a sua vida.- É mais porque confio em ti!Sempre que se sentia um inútil Maria conseguia dar-lhe uma nova razão para lutar.- Desculpa, estava a ser um imbecil.- Um bocadinho. Chega-te para o lado que preciso de me sentar perto de ti, não vá aparecer o desmiolado do teu irmão e pensar que estou a falar novamente sozinha.Lochan ria-se divertido.- Aquele meu irmão é um espectáculo.- É qualquer coisa sim, mas tenho uma série de outros adjectivos para o caracterizar.Lochan soltou uma sonora gargalhada puxando-a para ele. Maria encostou a cabeça ao seu ombro, fazendo-o suspirar com o contacto.- Desculpa não ter estado ao teu lado, mas quando te vi entrar na biblioteca pensei que não saías tão cedo e aproveitei para passear.- Não faz mal. O que ouviste da minha conversa com Sergiu? - Pouco. - Ontem o nosso amigo disse-me que se chama Sergiu Mihaiescu. O nome diz-te alguma coisa? Disse que o pai é amigo e general do vosso tio Vlad. - O nome do pai não me é estranho e é importante que alguém daquele lado tenha aparecido. Explicou-te o motivo da sua presença aqui?- Diz que foi enviado para nos ajudar. Disse que é o guerreiro pelo qual esperávamos. Mas que ainda ninguém pode saber.- Começa tudo a alinhar-se. – Lochan soava esperançado – Ficava mais descansado se tivéssemos confirmação da sua verdadeira identidade.- Como me pediu segredo não sei o que fazer.- Fala com a minha mãe.- Tinha de estar sozinha e é praticamente impossível. Também me informou que o pai dele foi oferecer os seus préstimos à tua mãe e tia.- Tens mesmo de falar com elas. Não nos podemos esquecer que esporadicamente, tem dormido em Yggdrasil o que possivelmente já o tornou num alvo.- Não digas isso nem a brincar. Mas se é um guerreiro saberá certamente defender-se.- Depende contra quem luta e o número de inimigos que enfrenta.- Estás a assustar-me.- Nem tu, nem ninguém ligado a nós, pode ignorar os avisos que temos tido.- Referes-te aos uivos que se intensificam assim que escurece?- Significa que aumentam em número e a única coisa que nos separa deles é a protecção na casa. O que nos leva a outro assunto, sabes lutar Maria?- Sei defender-me se for preciso.- Estou a falar de luta com espadas e facas. - Lutas com armas?- Possivelmente. - Ninguém me tinha avisado.- A partir de amanhã, treino-te todos os dias uma hora antes do jantar.- Não sei no que me vou meter, mas conta comigo.- E trata de arranjar maneira de falares com a minha mãe. - A falar sozinha ou com o meu irmão? – Maria saltou surpresa ao ver Eoghan ao seu lado.- Com ele. - Consegue ouvir-me?Lochan levantara-se, colocando-se ao lado do irmão tentando abraçá-lo sem conseguir.- Perfeitamente! Tem saudades tuas, está aí ao teu lado.- Ainda bem que aqui estás mano, mesmo que não te consiga ver. Maria olhava emocionada para os dois.- Não descansarei até te poder abraçar.- Ele sabe. Pede para lhe arranjares aquele malte de que tanto gosta.Eoghan sorriu. - Combinado! - virou-se para as escadas, os guerreiros não mostravam os seus sentimentos à frente das mulheres - Sobes Maria?- Sim! – beijou Lochan - Amanhã cá estarei à hora combinada.Puxou-a para si. - Se o meu irmão não te tratar bem dou-lhe uma coça e roubo-te para mim, não te esqueças de lhe dizer.- Pensava que vocês não tocavam nas mulheres dos outros.- Isso foi até te conhecer. - sorriu-lhe, beijando-a.Eoghan já saíra, não viu quando os pés de Maria deixaram de tocar no chão.
Rhenan abraçou-a receoso de a magoar. Maria notou que não a procurava, mas estava tão cansada que não se importou, poder enroscar-se no seu peito e sentir o seu calor naquela noite bastava. Ao contrário do que acontecia desde que dormia com Rhenan, sonhou com Danu, propunha-lhe um encontro em território neutro. Acordou com a sensação de que tinha combinado um encontro com a Rainha das Fadas, esperava sinceramente que não passasse de um pesadelo. Fingia dormir quando Rhenan a beijou e tapou. Esperou que saísse agarrando no telemóvel.- Freya? - falava baixinho - Podemos falar?- Maria? O que aconteceu?- Estou com um pequeno dilema e não posso falar com ninguém porque me foi pedido segredo. - O que te preocupa? - a voz soava ansiosa.- Conhece algum Mihai? Silêncio no outro lado da linha.- Mãe?Mais uma vez a palavra saíra-lhe naturalmente. - Esteve cá ontem, foi o meu tio que o enviou.- Ele tem algum filho?- Não lhe perguntei.- É que ontem o nosso colega Sergiu, o namorado da Maeve disse-me que era filho do Mihai e que estava cá para nos ajudar. - O que te diz o teu coração?- Que não mentia.- Então aceita a ajuda que te ofereça. – Freya fez nova pausa antes de perguntar - Mas sinto que há mais alguma coisa que te aflige.- Esta noite sonhei com Danu e podia jurar que combinámos um encontro fora do Paraíso das Fadas.- Cuidado filha, não foi um sonho. Ela tem essa irritante capacidade de brincar com a nossa cabeça.- Acha que devo encontrar-me com ela? Que é seguro?- Uma vez mais terás de te deixar guiar pela tua intuição. Não te esqueças que podemos ter muitos anos e experiência, mas no final dependemos todos de ti e das tuas decisões. Promete-me só que não vais sozinha. Danu é muito astuta, pode levar-te para Tara e manter-te lá. O que Freya lhe dizia deixava-a vacilante.- Tenho de desligar antes que o Rhenan venha à minha procura. Se precisar do seu conselho posso voltar a ligar-lhe?- Sempre que necessitares. – Freya fez uma pequena pausa – Não há mais nada que me queiras dizer?- Não! – parecia que Freya lhe conseguia ler os pensamentos.- Tem cuidado com as Fadas. Que a Deusa te proteja.- Que assim seja!Voltou para o calor da cama.
Aquele dia não podia estar a correr pior. Ao final da manhã a mãe telefonara a confirmar que chegavam com os pais da Rita, para passar a Páscoa. A única boa notícia é que a avó também ia. Ao almoço combinou com Rita o que deviam dizer durante a estadia dos pais, não podiam ser apanhadas nas suas mentiras. Sergiu ofereceu o seu quarto a Pedro, que lhe agradeceu aliviado por ter onde ficar.Maria não conseguia tirar Danu do pensamento, decidiu que falaria com a Fada Mestra para saber o que pretendia e não passaria daquele dia.Caminhava na direcção da cantina quando viu Sergiu, era o momento ideal.- Podemos conversar?- Claro! Sentes-te melhor? - Estou fina. – era evidente que Maeve já lhe contara da sua indisposição. - Necessitas de mim? - Danu dos Tuatha, quer falar comigo e não gostava de estar sozinha com ela.- É para isso que aqui estou. - sorriu-lhe - Não gosto do povo das Fadas, não confio nelas. - torceu o nariz.- Como toda a gente me diz! Mas sentia-me mais segura se me acompanhasses.- Quando? Onde? E a que horas? Maria estava nervosa, mas agradecida.- Não sei como lhe fazer chegar a minha resposta, mas como imagino que tenha ouvidos por todo o lado aqui vai. – falava na esperança de que Lug a escutasse - Daqui a meia hora, no meu banco do campus. - Como vais fazer para que a Maeve não desconfie? - Pensei numa boa desculpa. E por falar nela, onde está?- Foi com a Rita comprar um perfume. – Sergiu sorria-lhe divertido.- Como conseguiste escapar?- Disse-lhe que combinei com o Pedro irmos buscar algumas coisas dele. - Muito inteligente. – afinal não era a única a guardar segredos da pessoa que amava. - Onde fica esse banco?- Por detrás do edifício das artes.- Lá estarei. – Sergiu voltou-se caminhando na direcção oposta.
Olhava para o relógio, ao contornar a esquina viu Sergiu. Os seus olhos perscrutavam todos os recantos. Resolveu não tecer comentários, apesar de toda aquela movimentação de superespião lhe parecer demasiado. Mas, afinal limitava-se a fazer aquilo para que fora treinado. Viu Maria chegar fazendo-lhe sinal para que se mantivesse na luz, posicionando-se por trás dela protegendo-a com o seu corpo. - E agora como é que faço isto? Danu! Estou aqui!Antes que Sergiu lhe pudesse responder, a Rainha das Fadas apareceu à sua frente. Trazia os cabelos apanhados numa trança caída ao longo das costas, num longo vestido azul celeste com mangas largas. Era impossível estar mais bonita.- Boa tarde, sidhe.- Queria falar comigo?- Escolheste um local muito feio, podíamos ter conversado em Tara.- Acredite quando lhe digo que, Tara nunca seria a minha primeira opção.- Não precisas temer-me.Maria olhava para aquela linda mulher sem conseguir acreditar no que lhe dizia, sentia que se desse as respostas erradas aquele magnífico ser se transformaria em algo maléfico.- Prefiro não arriscar.Danu ria deslumbrante.- E tu jovem guerreiro, conheci o teu pai. Corre-te sangue feroz nas veias - caminhava à volta deles - Sabes como te proteger sidhe.- Não temos muito tempo até que venham à minha procura por isso diga-me o que pretende de mim.- Preciso que transmitas às anciãs do vosso Clã que os Tuatha pretendem ajudar-vos na vossa demanda.Maria começava a ficar zonza, aquela Fada não parava de se movimentar, reparou que a respiração de Sergiu também acelerara apesar de não se ter mexido. - Em troca de…?- Numa troca justa, o Colar de Brisingamen.- Mas, nós não o temos!- Ainda não, mas quando o encontrarem entregam-mo.- Mas não podemos! Devemos colocá-lo na segurança de Yggdrasil.- Sidhe! - o tom da sua voz arrefecera o ar - pensa na minha proposta e discute-a com as anciãs. Eu posso ajudar-vos, proteger-vos dos ataques das Sombras, principalmente agora que ganham força.- Vou transmitir-lhes a sua proposta. Porque deseja tanto o Colar?Danu continuava a movimentar-se, Sergiu alerta mantinha a proximidade de Maria, utilizando o seu corpo como uma barreira entre as duas.- Só tens de saber que em troca dele têm a minha ajuda. - a voz melodiosa de Danu arrepiava-a.- E como lhe transmito a nossa resposta? - Fala para o vento que eu ouço.- E se a resposta não for do seu agrado?Os olhos de Danu faiscavam, como se nem considerasse tal hipótese. Quando voltou a falar foi no mesmo tom calmo, apesar de Maria sentir o seu rancor em cada palavra.- Nesse caso sidhe, as coisas mudam drasticamente.- É uma ameaça?- Chamemos-lhe um aviso. O ar gelara e assim como chegara, Danu desaparecera. Quando sentiu que o perigo se afastara Sergiu saiu detrás dela, encarando-a, sisudo.- Não lho podes entregar.- Eu sei! Obrigada pela tua ajuda. - Não tens de me agradecer Maria, é para isto que aqui estou e acredita que é uma honra proteger-te.Apertou-lhe o braço emocionada com as suas palavras.- Vamos, antes que o teu marido nos veja e julgue que temos um caso. – Sergiu sorriu-lhe divertido caminhando ao seu lado.- Era só o que nos faltava. - reparou que a mantinha sempre na luz controlando as Sombras – Explica-me como consegues manter-te seguro. Por esta altura já sabem quem és. Danu sabia!- O meu quarto está protegido. Só lá entra quem for convidado e eu não convido ninguém.- E o Pedro?- Estes feitiços só se aplicam a seres sobrenaturais.- Então quer dizer que os meus pais também não vão necessitar de permissão?- Não! Mas vais ter de os manter dentro de casa antes do pôr-do-sol. A noite é sempre a pior altura e se as Sombras os apanham...- Matam-nos!Sergiu anuiu com a cabeça.- Não deve ser muito difícil, a minha mãe não gosta de sair à noite.- Quatro dias passam num instante.- Tens razão.Chegaram à entrada principal do campus. Sergiu fez-lhe uma discreta vénia afastando-se, seria estranho se os vissem a conversar com aquela familiaridade. Ia satisfeito por ter conseguido mostrar a Maria que podia confiar nele.
Naquela tarde depois de tomar banho e mudar de roupa, ligou novamente a Freya, colocando-a ao corrente da sua conversa com a Fada mestra. Aproveitando para a informar da visita dos pais. Freya aconselhou-a a parar, respirar fundo e ter calma. Tudo se resolveria, estariam todos protegidos. Maria decidiu para bem da sua sanidade mental, seguir o seu conselho. Naquele dia combinara com Lochan começar os treinos, não falharia. Comeu uma tosta mista e bebeu um copo de leite. Eoghan estava na sala a ler um livro, avisou-o que ia para a cave ter com o irmão. Sorria-lhe agradecido enquanto a via afastar-se. Lochan já a esperava, afastara o sofá e a mesa criando um espaço aberto. Começou por lhe mostrar as mais diversas armas, explicando a forma correcta de as manejar. Não a deixava descansar, exigindo sempre mais. Sabia que o fazia com a melhor das intenções, afinal ocupava o lugar que sempre lhe pertencera. Sentia a responsabilidade e não se negava a fazer nada do que lhe pedisse dando o seu melhor. Quando abandonou a cave sentia dores em todos os músculos, mesmo nos que desconhecia ter. Rezando para não se cruzar com ninguém, principalmente com Fionn. Arrastou-se pela escadaria e corredor, tinha a sensação de ter sido espezinhada por uma multidão em fúria. Tomou um banho quente e deitou-se, tentando retemperar forças, tinha de descer para ajudar a preparar o jantar. Acabou por cair num sono profundo. Quando acordou não sabia que horas eram. Sentia fome, mas foi com esforço que saiu da cama deixando-se rolar, caiu de joelhos no chão arrastando-se até à casa de banho. Ainda bem que estava sozinha.
Published on April 03, 2020 02:00
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