a ver
o facebook me relembra que quatro anos atrás comentei o seguinte, numa postagem lá:
ontem, a título de curiosidade, eu perguntava qual a primeira coisa que vinha à mente dos amiguinhos ao verem o nome de gustavo barroso. sim, como bem lembraram Danilo Nogueira, Éder Silveira, Thiago Alves e outros mais, gustavo barroso foi um dos principais nomes do integralismo, lá com suas divergências com plínio salgado por ser, mais do que fascista, um convicto e militante antissemita e filonazista.
foi, como bem lembrou a Amelina de Aquino, o primeiro diretor do museu histórico nacional; muito culto, autor prolífico, foi também dicionarista, como mencionou o Braulio Tavares. e foi também fundador e dono da civilização brasileira, depois vendida para a nacional, mantendo ligações com a editora, mesmo quando já era de ênio silveira, até sua morte.
depois de vender a civilização para a nacional, ele teve uma pequena editora por alguns anos, a agência minerva. mas bem antes disso já tinha sido tradutor da h. garnier por alguns anos, infelizmente sem assinar suas traduções para a casa, exceto nossa primeira tradução do fausto de goethe, que fez em 1913, mas que, devido à guerra, só saiu em 1920, com os devidos créditos em seu nome.ando rastreando a fortuna histórica d'"a mulher de trinta anos" de balzac no brasil.
ela saiu inicialmente pela h. garnier em 1914, bem na época em que barroso andava trabalhando para a editora, e foi reeditada em 1922 pela agora livraria garnier. gustavo barroso funda a civilização brasileira em 1929 e exatamente o mesmíssimo texto de balzac reaparece lá em 1931. entre 1914 e 1929, a h. garnier já tinha sofrido várias vicissitudes, estava devagar-quase-parando, e não duvido nem um pouco que gustavo barroso pudesse ter-se sentido suficientemente à vontade para levar consigo sua tradução (e tradução em termos: na verdade, um copidesque de uma tradução portuguesa anterior).
depois que a civilização foi vendida para a nacional (em 1932), mantendo o nome como selo editorial da c.e.n, sai outra edição d'"a mulher de trinta anos", em 1937, a mesma que vinha lá desde 1914.é por isso que estou bem achando que aquela edição lá de 1914 fora preparada pelo gustavo barroso - pois, do contrário, como explicar que trafegasse com tanta lepidez e lampeirice da garnier para a civilização? e - note-se - sempre anônima.
acho sempre muito interessantes essas coisas. mas ainda tenho de pesquisar mais e melhor, para ver até que ponto vai essa hipótese.
Published on October 19, 2019 16:15
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