Só não perdemos a vergonha
O meteoro resistiu. Mas e o resto?
O que se perdeu?
Queimou o fóssil de 12 mil anos de Luzia?
A primeira edição de Os Lusíadas, de 1572?
E a primeira edição da Arte da Gramática da Língua Portuguesa, do Padre José de Anchieta de 1595, foi salva?
E Rerum per octennium…Brasília, de Baerle (1647), com 55 pranchas a cores desenhadas por Frans Post?
E o exemplar completo da famosa Encyclopédie Française?
O primeiro jornal impresso do mundo, de 1601, perdemos?
O documento de assinatura da Lei Áurea?
Perderam-se Os Murais de Pompeia?
Múmias e o Sarcófago de Sha Amum Em Su, um dos únicos no mundo que nunca foram abertos?
Acervo de botânica Bertha Lutz?
Estão lá ainda os diários da Princesa Isabel?
E o trono do rei Adandozan, do reino africano de Daomé?
Sobrevive o prédio em que foi assinada a independência do Brasil e suas duas bibliotecas?
O pergaminho do século 11, com manuscritos em grego sobre os quatro Evangelhos, o exemplar mais antigo da Biblioteca Nacional e da América Latina?
E a Bíblia de Mogúncia, de 1462, primeira obra impressa a conter informações como data, lugar de impressão e os nomes dos impressores, os alemães Johann Fust e Peter Schoffer, ex-sócios de Gutemberg?
Perdemos a Crônica de Nuremberg, de 1493, considerado o livro mais ilustrado do século 15, com mapas xilogravados tidos como os mais antigos em livro impresso?
E a Bíblia Poliglota de Antuérpia, de 1569?
O maior dinossauro brasileiro já montado com peças quase todas originais, o dinoprata, foi-se?
E Angaturama Limai, maior carnívoro brasileiro?
A ossada da enorme baleia azul?
Fósseis de plantas já extintas?
Tudo se perdeu?
Só não se perdeu a vergonha de como tratamos nossa história, nosso passado, nossos museus.
De como estamos mal cuidados, mal administrados, em maus lençóis.
Nesse ponto, a Monarquia dava de dez a zero.
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