O nó da política e o descaso com o vice
É dada a largada. Este final de semana será decisivo para o futuro do país: o das convenções partidárias.
Nelas, aposta-se na trifeta: costuras de alianças para a eleição das mais incertas, depois de um impeachment traumático (para uns, questionável) e um governo inquestionavelmente impopular.
Ciro Gomes, do PDT, entrou em parafuso com a notícia de que o PSB fechou com o PT.
Chamou de golpe e um “grosseiro equívoco”.
Ontem, num acordão, os partidos rifaram nomes certos para os governos de Pernambuco e Minas.
Hoje, PT e PSB entraram em parafuso com a irreverente decisão de Marília Arraes, candidata do PT ao governo de Pernambuco, e Márcio Lacerda, candidato do PSB ao governo de Minas, de continuarem candidatos.
O motim de bases regionais desafia a liderança dos partidos.
Demonstra fraqueza de comando e rachas internos.
A queda de braços será emocionante. E bélica. Ambos estão indignados. Ao visto, não foram consultados.
Lembra a rebelião regional de Paulo Maluf contra a indicação nacional do seu partido, o PDS (antiga Arena), para a eleição indireta à presidência de 1985. Venceu a regional, que perdeu de Tancredo.
Ciro, sem o PT e o centrão, o “blocão”, isola-se.
Está sem vice.
Há quatro dias, o PSB oferecia o ex-prefeito de Curitiba, Luciano Ducci, para vice da chapa do PDT. Tudo mudou.
A escolha do vice deveria ser mais cuidadosa, debatida e planejada.
Um suicídio em 1954, uma renúncia em 1961, uma morte antes de tomar posse em 1985, e dois impeachments, em 1992 e 2016, provam que a periculosidade do cargo de presidente é grande.
Na Nova República, três vices nos governaram: Sarney, Itamar e Temer.
Média alta de um por década.
Marina Silva conseguiu um vice de respeito, Eduardo Jorge, que agrega forças ambientalistas. Enfim, Rede e PV se uniram.
O vice de Alckmin, ou melhor, a vice, polêmica senadora Ana Amélia, vem do centrão, a colcha de retalhos que sustentou os últimos governos.
Tem um histórico mais conservador e desagregador do que o tucano.
O PT segue sua lógica peculiar: Lula encabeça a chave, com Haddad de vice.
Para Lula ser impedido de concorrer, e Haddad ser o candidato pejorativamente chamado de “poste”.
A estratégia de transferência de votos que é uma aposta no escuro.
Aposta de Lula.
Tem gente do PT que defende um placê com a candidata do PCdoB, a carismática Manoela D’Avila, para vice.
A Reuters diz que sim.
Uma mulher, num universo de maioria de eleitoras mulheres e indecisas. Mas ela quer?
Bolsonaro não se decide entre um general de pijama e uma professora de direito.
O MDB, chamado de “tóxico” por cientistas políticos, como sempre, sai com um candidato fraquíssimo, Henrique Meirelles, para martelar os pregos do moribundo e decepcionante Governo Temer.
Como sempre, o MDB, ex-PMDB, sela o pior cavalo.
Barbada: a única certeza dessa eleição é que não dará MDB, como sempre.
Partido que, com certeza, apoiará o vencedor.
Façam suas apostas.
ATUALIZAÇÃO: A Reuters acaba de afirmar que Manoela será vice e Lula. O centro se digladia. As esquerdas se unem.
ATUALIZAÇÃO DA ATUALIZAÇÃO: Manchete do portal
Com aval de Lula, PT assume risco e adia escolha de vice
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