Peregrinação, de João Botelho e O Corsário dos Sete Mares, de Deana Barroqueiro
Fui ver o filme Peregrinação, de João Botelho, não só por gostar do trabalho do realizador, mas, sobretudo, com a curiosidade de ver como teria ele adaptado ao cinema a complexa obra de Fernão Mendes Pinto, a fim de o cotejar também com o meu próprio romance, O Corsário dos Sete Mares – Fernão Mendes Pinto. João Botelho criou o guião a partir de textos da Peregrinação – a obra-prima deste anti-herói do século XVI, adaptada por Aquilino Ribeiro –, dos poemas de Fausto e do meu romance, o que muito me lisonjeou. Gostei da adaptação que ele fez dos episódios do meu livro, em particular, nas cenas com personagens femininas, que não existem na Peregrinaçãode Fernão Mendes Pinto e que eu criei, a fim de fazer a minha narrativa mais realista, atribuindo ao “herói” algumas paixões, humanizando-o.Os que leram O Corsário dos Sete Mares encontrarão no filme a minha personagem Meng, a amante chinesa, na cena do banho, com a bacia de água perfumada de flores; e a filha do «monteo», o capitão chinês que vai levar Pinto e os companheiros para a Muralha da China, a moça que toca e canta um belo poema, que ensina Pinto a ler mandarim e a conhecer os usos da terra. E também a violação da “noiva roubada”, por Pinto, que o realizador faz cometer a António Faria, o seu alter ego, no filme; as cenas das prostitutas e a da Senhora adúltera, assassinada pelo marido, que também não fazem parte da Peregrinação, mas que os meus leitores reconhecerão do meu “Corsário dos Sete Mares”. O narrador do filme é, tal como na sua obra, o próprio Fernão Mendes Pinto, sendo o enredo tecido por vários episódios das suas viagens nos mares e reinos da Arábia, Samatra, China e Japão, excluindo muitos outros onde a sua acção deixou profundas marcas, como Burma e Sião. Uma opção compreensível, atendendo à escassez de meios para dar corpo às fabulosas narrativas de Pinto, o qual é retratado no filme de forma um tanto redutora, apenas como um miserável e esfarrapado pirata, mesmo nos episódios em que vai como embaixador a Samatra ou como rico comerciante ao Japão.O passado e o presente do aventureiro entrelaçam-se, pontuados pela fabulosa música de Fausto. Gostei da adaptação de Botelho, embora sinta que o realizador poderia ter-se aventurado mais, indo um pouco mais longe.
E rogo aos meus leitores que, se forem ver o filme, me digam as suas impressões.
E rogo aos meus leitores que, se forem ver o filme, me digam as suas impressões.
Published on November 17, 2017 12:53
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