À conversa com a poetisa Mafalda Pascoal
Ainda se tem muito a errónea ideia de que já não se escreve poesia. Que faz parte de uma realidade que já não é actual. A verdade é que todos os dias somos surpreendidos por novos autores que tentam transmitir o seu próprio sentimento a quem queira ceder um pouco do seu tempo a ler. Sim, a ler o que escrevem com a alma e o coração.
Se esse é o aspecto positivo de se escrever poesia, abrir as portas da nossa alma, certamente que o menos positivo é o facto de a maior parte destes novos autores nunca chegar a ser devidamente conhecido.
Por todos os motivos que possam estar relacionados com essa enorme falha considerei importante dar o momento há tanto merecido a uma dessas poetisas que também é cronista no nosso jornal.
E nada melhor do que a própria para falar de si.
MBC – Quem é a Mafalda Pascoal?MP - A Mafalda é uma pessoa nascida e criada no campo. A partir dos 10 anos de idade passei a ser educada somente pela minha mãe. MÃE esta de uma coragem e ao mesmo tempo de uma fragilidade impressionantes. Ter que trabalhar sempre de cara alegre não deixando transparecer o desgosto descomunal em que se encontrava ao ser abandonada pela grande paixão da sua vida. Sozinha criou dois filhos...e assim fui crescendo...educada a respeitar os outros, a viver honestamente, a dar valor a tudo o que tinha, a viver com humildade, mas ao mesmo tempo com a certeza de que nada nem ninguém é superior a nós.
MBC – O que te motiva para escrever?MP - Uma necessidade premente de agarrar num lápis, num papel pequeno e escrever...assim simplesmente.
MBC – Sentes que os teus poemas são excertos dos teus sentimentos, pedaços da tua alma ou algo mais?MP - Sim, é isso tudo, mas também dos meus sentimentos, da minha alma...e de todos os que me rodeiam. Sei que em algum momento da nossa vida, já todos nos sentimos iguais ao nosso semelhante.
MBC – Escreveste este teu primeiro livro e paraste. Sei que tens muito mais escondido literalmente no fundo da gaveta. Por esse motivo, para quando o “Momentos II”? Ou tens algum trunfo escondido na manga?MP - (riso) Não, não tenho nenhum trunfo escondido a não ser o que está no fundo da gaveta. O "Momentos II" sairá assim que for possível :)
MBC – O que pensas da divulgação de novos autores em Portugal?MP - Presentemente existem muito mais oportunidades para as pessoas mostrarem o que escrevem. O meu livro foi lançado em 2011 porque foi quando começou a haver mais facilidades de edição. Tenho coisas escritas com 30 anos, se estas oportunidades existissem há mais tempo, já teria mais do que 1 livro editado.
MBC – Para além da escrita quais são as tuas outras paixões?MP - Adoro ler, pintar, observar tudo e todos, analisar comportamentos, gosto de ajudar as pessoas a crescerem espiritualmente, fazer com que se sintam bem dentro delas próprias. Gosto de fazer trabalhos manuais, por exemplo o croche ajuda-me a relaxar :)
MBC – Qual é o teu lema de vida?MP - Ensinar aos outros o que aprendi ao longo dos anos e sentir que isso de alguma forma os irá acrescentar positivamente.
MBC – Gostarias de nos deixar aqui um poema teu que te descreva?MP - Sim. "Escrever"!“Pudera eu ter O infinito nas minhas mãosSaber do que é feito O teu serO meu serTer a certeza do que é a certezaSaber decifrar o alémEu quero escreverPor tudo e por nadaPorque a escreverVou vivendo e sonhandoEnquanto eu escreverCorro atrás do meu sonhoQualquer papelÉ meu confessionárioUma palavra Uma ideiaUma fraseNo papel toma corpoEu vou escreverAté onde puderAté onde chegarEscrever o que vai na "ialma"Que não consigo decifrarSó se eu escreverEscrever infinitamenteQue eu sei, mesmo assimNunca chegarei ao fimPor isso vou escreverEnquanto me deixaremEu vou escrever, escrever, escreverE coisas novas sempre virãoPorque nunca chegaremosAo fim da questãoQuem somos?!O que somos?!Para onde vamos?!Eu sempre vou escreverEscrever, escrever, escrever...”
MBC – Que mensagem gostarias de deixar para quem começa agora neste vasto e povoado mundo da escrita?
MP - Que não desistam, escrevam sempre, porque mais tarde ou mais cedo, tudo seguirá o seu caminho...até porque é sempre bom fazer do papel nosso confessionário :)
In Jornal Nova Gazeta, 20 Setembro 2017
Se esse é o aspecto positivo de se escrever poesia, abrir as portas da nossa alma, certamente que o menos positivo é o facto de a maior parte destes novos autores nunca chegar a ser devidamente conhecido.
Por todos os motivos que possam estar relacionados com essa enorme falha considerei importante dar o momento há tanto merecido a uma dessas poetisas que também é cronista no nosso jornal.
E nada melhor do que a própria para falar de si.
MBC – Quem é a Mafalda Pascoal?MP - A Mafalda é uma pessoa nascida e criada no campo. A partir dos 10 anos de idade passei a ser educada somente pela minha mãe. MÃE esta de uma coragem e ao mesmo tempo de uma fragilidade impressionantes. Ter que trabalhar sempre de cara alegre não deixando transparecer o desgosto descomunal em que se encontrava ao ser abandonada pela grande paixão da sua vida. Sozinha criou dois filhos...e assim fui crescendo...educada a respeitar os outros, a viver honestamente, a dar valor a tudo o que tinha, a viver com humildade, mas ao mesmo tempo com a certeza de que nada nem ninguém é superior a nós.
MBC – O que te motiva para escrever?MP - Uma necessidade premente de agarrar num lápis, num papel pequeno e escrever...assim simplesmente.
MBC – Sentes que os teus poemas são excertos dos teus sentimentos, pedaços da tua alma ou algo mais?MP - Sim, é isso tudo, mas também dos meus sentimentos, da minha alma...e de todos os que me rodeiam. Sei que em algum momento da nossa vida, já todos nos sentimos iguais ao nosso semelhante.
MBC – Escreveste este teu primeiro livro e paraste. Sei que tens muito mais escondido literalmente no fundo da gaveta. Por esse motivo, para quando o “Momentos II”? Ou tens algum trunfo escondido na manga?MP - (riso) Não, não tenho nenhum trunfo escondido a não ser o que está no fundo da gaveta. O "Momentos II" sairá assim que for possível :)
MBC – O que pensas da divulgação de novos autores em Portugal?MP - Presentemente existem muito mais oportunidades para as pessoas mostrarem o que escrevem. O meu livro foi lançado em 2011 porque foi quando começou a haver mais facilidades de edição. Tenho coisas escritas com 30 anos, se estas oportunidades existissem há mais tempo, já teria mais do que 1 livro editado.
MBC – Para além da escrita quais são as tuas outras paixões?MP - Adoro ler, pintar, observar tudo e todos, analisar comportamentos, gosto de ajudar as pessoas a crescerem espiritualmente, fazer com que se sintam bem dentro delas próprias. Gosto de fazer trabalhos manuais, por exemplo o croche ajuda-me a relaxar :)
MBC – Qual é o teu lema de vida?MP - Ensinar aos outros o que aprendi ao longo dos anos e sentir que isso de alguma forma os irá acrescentar positivamente.
MBC – Gostarias de nos deixar aqui um poema teu que te descreva?MP - Sim. "Escrever"!“Pudera eu ter O infinito nas minhas mãosSaber do que é feito O teu serO meu serTer a certeza do que é a certezaSaber decifrar o alémEu quero escreverPor tudo e por nadaPorque a escreverVou vivendo e sonhandoEnquanto eu escreverCorro atrás do meu sonhoQualquer papelÉ meu confessionárioUma palavra Uma ideiaUma fraseNo papel toma corpoEu vou escreverAté onde puderAté onde chegarEscrever o que vai na "ialma"Que não consigo decifrarSó se eu escreverEscrever infinitamenteQue eu sei, mesmo assimNunca chegarei ao fimPor isso vou escreverEnquanto me deixaremEu vou escrever, escrever, escreverE coisas novas sempre virãoPorque nunca chegaremosAo fim da questãoQuem somos?!O que somos?!Para onde vamos?!Eu sempre vou escreverEscrever, escrever, escrever...”
MBC – Que mensagem gostarias de deixar para quem começa agora neste vasto e povoado mundo da escrita?
MP - Que não desistam, escrevam sempre, porque mais tarde ou mais cedo, tudo seguirá o seu caminho...até porque é sempre bom fazer do papel nosso confessionário :)
In Jornal Nova Gazeta, 20 Setembro 2017
Published on September 20, 2017 02:00
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