ESTÓRIAS COM AS ESCOLAS - SÃO MARTINHO DO PORTO 6D
Em Outubro do ano passado combinei escrever contos de Halloween com alunos da escola de S. Martinho do Porto. Hoje, publico aqui mais uma sempre fascinada pela forma fantástica como com a ajuda da sua professora resolveram acabar o conto. O meu agradecimento a todos. Adorei!
DENTRO DO ESCURO
- Bom dia a todos. Como estamos a poucos dias do Halloween, pensei que podíamos aproveitar a aula de hoje para falar um pouco sobre o que é e como se celebra. Alguém tem alguma ideia?- Contamos histórias de terror!- Vimos filmes de terror!- Fantasmas!- Fadas!- Vampiros!- Bruxas más!- Criaturas lendárias!A professora levantou a mão para que se fizesse silêncio. Não foi fácil acabar com o burburinho que se gerara naquele momento. - Meninos então! Não se esqueçam que estão a decorrer aulas nas salas aqui ao lado.Assim que se fez silêncio, pode continuar.- Muito bem esta celebração tem um pouco de isso tudo mas é muito mais. E eu tenho andado a pensar nos últimos dias como poderemos tornar esse dia real. Por isso gostaria de vos desafiar a fazer uma pequena atividade.- Vamos ter que fazer uma redação? – a voz soava desanimadaSorriu-lhes- Não. Mas vão ter que contar aqui na sala de aula tudo o que sentiram.Olhavam uns para os outros muito curiosos. - Antes que me perguntem o que vamos fazer agradecia que se levantassem calmamente sem arrastar as cadeiras e que me seguissem.- Onde é que vamos professora?- É uma surpresa.Saíram da sala de aula e caminharam através dos corredores. Não sabiam para onde iam nem queriam saber.- Chegámos!A professora parou de repente em frente de uma porta fechada.- É aqui que quero fazer a experiência.- Mas aqui não é a sala onde arrumam as vassouras? - E o papel higiénico?- Que porcaria. - Deve estar cheio de aranhas.- E ratos.Já ninguém parecia muito entusiasmado com aquela aula.- Então meninos. Garanto-vos que não há nem ratos, nem aranhas, nem nada esquisito. Pelas caras não pareciam muito convencidos- O que é que esta sala tem a ver com o Halloween?- Tudo! Vou pedir-vos que entrem, se sentem no chão e fechem os olhos. Vão passar aí dentro esta próxima hora de aulas.- Estamos a ser castigados?- Castigados? Claro que não. Como vos disse é uma experiência. Vão ver que a melhor maneira de sentirem o verdadeiro espirito de Halloween será no escuro com os vossos amigos por perto.- Parece mais um castigo.- Mas não é. Agora entrem.- Mas professora, esta sala está às escuras, onde está a luz?- Não tem luz.Houve quem tremesse de medo, mas não querendo ficar mal à frente dos amigos lá foram entrando e sentando-se no chão.- Agora vou fechar a porta, mas fico aqui do lado de fora. Não se esqueçam de manter os olhos sempre fechados.- E o que devemos fazer aqui.- O que quiserem desde que não se levantem nem abram os olhos.- Então não podemos fazer grande coisa.- Pode ser que se surpreendam. Até já.Despedindo-se fechou a porta.O silêncio que se abateu sobre eles era aterrador, houve quem choramingasse, quem entreabrisse um olho para o voltar a fechar. Ouvia-se a respiração ofegante de alguns, as mãos suavam. Mas mantiveram-se sentados quietos como lhes tinha sido ordenado.- E agora o que fazemos.- Nada. - Temos que fazer alguma coisa.- E o que sugerem?- Eu tenho medo do escuro.- O escuro não mete medo a ninguém.- E o que se esconde lá dentro?- Não se esconde nada lá dentro.- Mas existem fantasmas.- Já viste algum?- Não!- Então é porque possivelmente também não existem.- Mas os vampiros existem e gostam do escuro.- Não esses gostam é de sangue e pescoços.- Não falem assim que eu tenho medo.- Isto não é uma cripta no castelo do Drácula por isso julgo que estamos a salvo.- Odeio bruxas e essas aqui até que se davam bem porque estamos rodeadas de vassouras.- Não te preocupes que as bruxas modernas voam em aspiradores.- Estúpido.Continuavam de olhos fechados e conversavam. Muitos deles conversavam pela primeira vez uns com os outros. Mas mais importante falavam sobre tudo o que os assustava e juntos conseguiam esquecer os seus medos. A hora passara muito rapidamente e ali estavam eles sentados no chão de olhos fechados a rir dos disparates que iam dizendo. Quando ouviram a porta abrir atrás deles e quando se voltaram gritaram pois quem os chamava…era uma criatura medonha. Muito alta e sem rosto, aquela sombra branca entrou e começou a vaguear pela sala às escuras, roçando–lhes o rosto e fazendo-os sentir arrepios. Ouviam-se gritos de aflição que eram abafados pela voz terrível daquele fantasma. -Não acredito! - sussurrou Joana - é um fantasma! Que medo!
-Professora, professora?!- gritavam eles muito apavorados agarrando-se uns aos outros. Naquele momento, o fantasma desapareceu e uma voz, que parecia distante, começou a ouvir-se assustadora, acompanhada por um riso arrepiante. Mais parecia o riso de uma bruxa! Decorridos alguns minutos, as luzes começaram a acender-se e a apagar. E então, alguém grita: -Ali! Na parede! É sangue?! Ai! Enquanto tentavam, desesperadamente, aproximarem –se da porta para fugir da sala, uma voz trocista, mas algo familiar falou: - Olá meninos! Com que então, caíram que nem uns patinhos! - exclamou radiante a professora saindo de um canto da sala perante as caras meio assustadas, meio pasmadas dos alunos. -Oh, professora! Então era você? Pregou-nos cá um susto! - exclamou o Cláudio respirando aliviado, mas ainda pasmado. - Na verdade, nada disto existiu – explicou a professora –o fantasma era um projetor, a voz sinistra era um gravador e o sangue…era simplesmente tinta vermelha. Entretanto, regressaram à sala de aula, rindo de si próprios e dos pavores que sentiram. Depois, aplaudiram a professora pois tinha conseguido assustá-los a sério. Afinal, era o Halloween!
DENTRO DO ESCURO
- Bom dia a todos. Como estamos a poucos dias do Halloween, pensei que podíamos aproveitar a aula de hoje para falar um pouco sobre o que é e como se celebra. Alguém tem alguma ideia?- Contamos histórias de terror!- Vimos filmes de terror!- Fantasmas!- Fadas!- Vampiros!- Bruxas más!- Criaturas lendárias!A professora levantou a mão para que se fizesse silêncio. Não foi fácil acabar com o burburinho que se gerara naquele momento. - Meninos então! Não se esqueçam que estão a decorrer aulas nas salas aqui ao lado.Assim que se fez silêncio, pode continuar.- Muito bem esta celebração tem um pouco de isso tudo mas é muito mais. E eu tenho andado a pensar nos últimos dias como poderemos tornar esse dia real. Por isso gostaria de vos desafiar a fazer uma pequena atividade.- Vamos ter que fazer uma redação? – a voz soava desanimadaSorriu-lhes- Não. Mas vão ter que contar aqui na sala de aula tudo o que sentiram.Olhavam uns para os outros muito curiosos. - Antes que me perguntem o que vamos fazer agradecia que se levantassem calmamente sem arrastar as cadeiras e que me seguissem.- Onde é que vamos professora?- É uma surpresa.Saíram da sala de aula e caminharam através dos corredores. Não sabiam para onde iam nem queriam saber.- Chegámos!A professora parou de repente em frente de uma porta fechada.- É aqui que quero fazer a experiência.- Mas aqui não é a sala onde arrumam as vassouras? - E o papel higiénico?- Que porcaria. - Deve estar cheio de aranhas.- E ratos.Já ninguém parecia muito entusiasmado com aquela aula.- Então meninos. Garanto-vos que não há nem ratos, nem aranhas, nem nada esquisito. Pelas caras não pareciam muito convencidos- O que é que esta sala tem a ver com o Halloween?- Tudo! Vou pedir-vos que entrem, se sentem no chão e fechem os olhos. Vão passar aí dentro esta próxima hora de aulas.- Estamos a ser castigados?- Castigados? Claro que não. Como vos disse é uma experiência. Vão ver que a melhor maneira de sentirem o verdadeiro espirito de Halloween será no escuro com os vossos amigos por perto.- Parece mais um castigo.- Mas não é. Agora entrem.- Mas professora, esta sala está às escuras, onde está a luz?- Não tem luz.Houve quem tremesse de medo, mas não querendo ficar mal à frente dos amigos lá foram entrando e sentando-se no chão.- Agora vou fechar a porta, mas fico aqui do lado de fora. Não se esqueçam de manter os olhos sempre fechados.- E o que devemos fazer aqui.- O que quiserem desde que não se levantem nem abram os olhos.- Então não podemos fazer grande coisa.- Pode ser que se surpreendam. Até já.Despedindo-se fechou a porta.O silêncio que se abateu sobre eles era aterrador, houve quem choramingasse, quem entreabrisse um olho para o voltar a fechar. Ouvia-se a respiração ofegante de alguns, as mãos suavam. Mas mantiveram-se sentados quietos como lhes tinha sido ordenado.- E agora o que fazemos.- Nada. - Temos que fazer alguma coisa.- E o que sugerem?- Eu tenho medo do escuro.- O escuro não mete medo a ninguém.- E o que se esconde lá dentro?- Não se esconde nada lá dentro.- Mas existem fantasmas.- Já viste algum?- Não!- Então é porque possivelmente também não existem.- Mas os vampiros existem e gostam do escuro.- Não esses gostam é de sangue e pescoços.- Não falem assim que eu tenho medo.- Isto não é uma cripta no castelo do Drácula por isso julgo que estamos a salvo.- Odeio bruxas e essas aqui até que se davam bem porque estamos rodeadas de vassouras.- Não te preocupes que as bruxas modernas voam em aspiradores.- Estúpido.Continuavam de olhos fechados e conversavam. Muitos deles conversavam pela primeira vez uns com os outros. Mas mais importante falavam sobre tudo o que os assustava e juntos conseguiam esquecer os seus medos. A hora passara muito rapidamente e ali estavam eles sentados no chão de olhos fechados a rir dos disparates que iam dizendo. Quando ouviram a porta abrir atrás deles e quando se voltaram gritaram pois quem os chamava…era uma criatura medonha. Muito alta e sem rosto, aquela sombra branca entrou e começou a vaguear pela sala às escuras, roçando–lhes o rosto e fazendo-os sentir arrepios. Ouviam-se gritos de aflição que eram abafados pela voz terrível daquele fantasma. -Não acredito! - sussurrou Joana - é um fantasma! Que medo!
-Professora, professora?!- gritavam eles muito apavorados agarrando-se uns aos outros. Naquele momento, o fantasma desapareceu e uma voz, que parecia distante, começou a ouvir-se assustadora, acompanhada por um riso arrepiante. Mais parecia o riso de uma bruxa! Decorridos alguns minutos, as luzes começaram a acender-se e a apagar. E então, alguém grita: -Ali! Na parede! É sangue?! Ai! Enquanto tentavam, desesperadamente, aproximarem –se da porta para fugir da sala, uma voz trocista, mas algo familiar falou: - Olá meninos! Com que então, caíram que nem uns patinhos! - exclamou radiante a professora saindo de um canto da sala perante as caras meio assustadas, meio pasmadas dos alunos. -Oh, professora! Então era você? Pregou-nos cá um susto! - exclamou o Cláudio respirando aliviado, mas ainda pasmado. - Na verdade, nada disto existiu – explicou a professora –o fantasma era um projetor, a voz sinistra era um gravador e o sangue…era simplesmente tinta vermelha. Entretanto, regressaram à sala de aula, rindo de si próprios e dos pavores que sentiram. Depois, aplaudiram a professora pois tinha conseguido assustá-los a sério. Afinal, era o Halloween!
Published on June 04, 2017 07:00
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