O quadro Luciano Huck

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Huck presidente?


O burburinho já pipoca na rede; está em primeiro entre os assuntos mais discutidos do Twitter.


Amigo de Aécio [com quem, diz, não conversa de política] e apadrinhado por ninguém menos que FHC, é um quadro sempre lembrado na categoria em que João Doria surfa: o não político da área da comunicação.


Ele tem 45 anos.


Sempre identificado como tucano, apesar de não se assumir.


Mas aí reside a contradição do sociólogo-presidente, que acabou de afirmar que o Brasil não precisa de gestores [numa referência à candidatura de Doria à presidência], mas de políticos.


Nas refeições da família em Alto de Pinheiros, política e economia sempre estiveram na pauta.


A mãe, urbanista, é casada há décadas com o economista Andrea Calabi, que trabalhou nas equipes econômicas do tucanato paulista e federal.


O conheci quando era empreendedor, dono de balada.


Ex-colega da mesma escola [Santa Cruz], passou a apresentar programas de TV, como eu nos anos 1990.


Começou com Adriana Galisteu.


Lançou Tiazinha e Feiticeira, que explodiram na Band. Foi para a Globo mais contido.


Engatinhava, aprendendo rápido com o amigo Paulo Lima e se inspirando num mestre, Serginho Groisman.


Numa entrevista para Eliane Trindade da Folha, merece destacar: não vive no mundo mágico e confortável da alienação do riquinho brasileiro.


Suas declarações surpreendem.


Há 17 anos na Rede Globo, com uma popularidade de astro do futebol e uma carteira de clientes [anunciantes] invejável, está sempre com um pé na candidatura à Presidente da República.


Tem 40 milhões de seguidores nas redes sociais e 18 milhões de pessoas o assistem na TV aberta todo os sábados no palco do Caldeirão.


Faz trabalho para procurar o que ele chama de “lideranças”.


Tem consciência do colapso político e crise ética que o país vive.


É otimista:


“Estamos vivendo um trauma moral e ético que se soubermos capitalizar para o bem, tenho convicção de que daqui a 10, 20, 30 anos vamos ter um país de fato diferente e mais justo… o Brasil precisa de renovação e tem uma classe política completamente desmoralizada, sem nenhum apelo popular, atração, charme. Se vou ser eu, não faço a menor ideia. Quero poder ajudar a identificar lideranças.”


Perguntado se foi às manifestações que dividiram o país, conta:


“Não fui pra rua. Tenho minha opinião pessoal… A mobilização não é contra A, B, C. O sistema todo entrou em colapso. Independentemente de partido, de ideologias. E a falência do sistema como um todo é uma oportunidade como poucas na história do Brasil. Vamos aproveitar que o castelo caiu e construí-lo direito, em outras bases. Bicho, vamos colocar a base da ética, da transparência. Independente de que partido você é, da cor da bandeira que você levanta. Todo mundo deveria querer usar as ferramentas políticas e o poder do Estado para melhorar a vida de todos.”


É da turma que diz que foi golpe ou não?


“O único jeito de arrumar esse país é se a gente conseguir fazer um pacto apartidário. Sem revanchismo, sem revolta. Se foi golpe ou se não foi golpe, não importa.”


Defende o voto distrital.


Defende Moro.


Produziu o filme do irmão, Fernando Grostein, Quebrando o Tabu, que defende a descriminalização da maconha.


Diz, como FHC, que participa do filme com os ex-presidentes americanos Bill Clinton e Jimmy Carter, que a guerra contra as drogas não funcionou, que não é um problema de polícia, mas de saúde pública.


A sorte está lançada.


 

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Published on March 30, 2017 08:22
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Marcelo Rubens Paiva
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