Controlled Bleeding

Texto extraído do livro Novos Fragmentos – Tony Dornbusch, o sétimo volume da Biblioteca de Saint Paul, uma colecção coordenada por Clarice MacLaren para as Edições Redshift.
"O portaló assenta pesadamente sobre o cais de desembarque e as bestas proletárias, previamente condicionadas nesse sentido, dirigem-se para as suas respectivas câmaras de hemorragia controlada. Os supervisores encarregam-se de lhes introduzir no dorso as agulhas de vinte e cinco centímetros. As câmaras estão todas ligadas em rede, o sangue escorre todo na mesma direcção. A máquina suga o sangue com avidez precisa e mecânica. É insaciável, e nunca estará satisfeita. Os corpos enrugados como ameixas secas vão sendo amontoados uns em cima dos outros para posterior eliminação física. Nenhuma besta é incinerada sem antes parte do seu material genético ter sido salvaguardado para a futura produção de novas bestas. A máquina tem de ser perpetuamente alimentada, pelo que o número de bestas dadoras é sempre mantido e, quando possível, aumentado. A máquina nunca morre, e as bestas nunca chegam a velhas."
 •  0 comments  •  flag
Share on Twitter
Published on August 04, 2016 09:10
No comments have been added yet.